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Boca solta e problema para comer: os detalhes da 'lesão de MMA' de Bolaños

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

07/03/2016 06h00

Foi perto dos 10 minutos do primeiro tempo do clássico Gre-Nal. Miller Bolaños fazia sua segunda partida pelo Grêmio. Um lançamento pelo lado direito mostrou-se possível de ser alcançado. Mas entre ele e a bola havia o lateral direito William, do Inter. Que não apenas protegeu a esfera, que foi para tiro de meta, usou o cotovelo e acertou a mandíbula do equatoriano. Quebrada em dois lugares. A fratura poderia ser fatal, segundo a direção do Grêmio. E é mais comum em lutas do que no futebol. 

"É algo raro no futebol. Sim, mais comum em lutas", disse o médico Márcio Dornelles questionado sobre os dois locais em que a face de Miller foi fraturada. "Está muito inchado, foi um trauma grande. Será bastante dolorosa, a recuperação", completou.
 
As fraturas ocorreram na altura do queixo e mais para a direita do rosto do atleta de 25 anos, que suportou a dor surpreendendo a todos e só saiu no intervalo. "Foi muito guerreiro", comentou o médico. A adrenalina do clássico reduziu a dor, mas não o suficiente. 
 
Bolaños por pouco não perdeu três dentes. Chegou aos vestiários no intervalo do jogo já com a face deformada. A boca estava 'solta', com inchaço crescendo a cada minuto e relatando dor. 
 
A cirurgia está marcada para quarta-feira, mas dependerá da melhora no quadro. Há muito sangue acumulado. O jogador seguirá internado até lá. E depois da cirurgia enfrentará muita dificuldade para se alimentar. 
 
"Ficará fragilizado no local. Terá alguma dificuldade para comer logo em seguida da operação", comentou Dornelles. "É algo bem delicado", completou. 
 
Irritados, os diretores do Grêmio não pouparam adjetivos para definir. E o diretor executivo de futebol gremista, relatando conversa com os médicos, deu o diagnóstico mais duro. "Se fosse 10 centímetros mais alto, Bolaños poderia ter morrido no campo. É só falar com os médicos", sublinha. "E foi por querer", definiu. 
 
Segundo os médicos do Tricolor, é como se Bolaños tivesse sido acertado por pancadas em uma luta. E sem proteção. E potencializado pelo uso do cotovelo, não permitido em muitas artes marciais. 
 
Investimento mais alto do Grêmio na atual janela de transferências, Miller foi o gringo mais caro que chegou agora. Custou, com auxílio de um investidor, R$ 19,4 milhões aos cofres gaúchos. E jogou pouco mais de 90 minutos somados dois duelos. 
 
Com contrato de três anos, porém, ele tem retorno projetado ainda para a primeira fase da Libertadores. Perderá, contudo, os próximos seis jogos, sendo dois pela competição continental.