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Goleador 'gordinho' do NH já encarou Real e joga com chuteira 'de presente'

João Paulo, atacante do Novo Hamburgo, comemora gol marcado contra o Inter - Divulgação/ECNH
João Paulo, atacante do Novo Hamburgo, comemora gol marcado contra o Inter Imagem: Divulgação/ECNH

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

06/05/2017 04h00

Em um mundo de glamour e badalação, é difícil de se ver uma história como a do centroavante João Paulo, do Novo Hamburgo. Com uma chuteira já gasta e sem condições de comprar outra, o jogador ganhou de presente de um ex-colega o novo par, que deu sorte porque ele marcou contra o Inter em jogo de ida da final. O corpulento artilheiro do time da região metropolitana já passou por uma série de clubes, e encarou gigantes do futebol.

A carreira de João Paulo é longa. Carioca, ele começou no Rio Grande do Sul e cedo foi para Europa. Defendeu o Breescot, da Bélgica. Durou um ano e retornou ao Brasil, novamente ao interior gaúcho. Jogou no Juventude, no Glória, e partiu novamente para o velho continente. Vestiu as cores do Belenenses, em Portugal, onde viveu uma experiência ímpar.

Por lá, em 2007 e 2008, esteve em campo no troféu Teresa Herrera. No estádio Riazor, encarou o Real Madrid na primeira fase da competição amistosa. Enfrentou Robinho (autor do gol da vitória merengue no jogo), Pepe, Sergio Ramos, Casillas, Raul, entre outros craques da época.

Sua equipe acabou em terceiro lugar, após perder para o Real e ganhar na disputa seguinte do Atalanta, da Itália, por 2 a 1. Ele não fez gols no torneio.

Em 2009, saiu do Belenenses e novamente encarou uma série de trocas entre times pequenos. Jogou no interior do Rio Grande do Sul, de São Paulo, passou pelo futebol paranaense, praticamente seis meses em cada time. Até 2015, quando se firmou no Ypiranga. Foi importante na equipe que conseguiu subir para terceira divisão brasileira. Fez seis gols em 13 jogos no primeiro ano, mais 17 em 37 partidas no segundo. E os bons números o levaram ao Novo Hamburgo.

Em anos anteriores ele não parecia ter a mesma forma que hoje. Ganhou idade, experiência e também alguns quilos a mais. Hoje mais 'cheinho', usa da força física e do peso para proteger a bola enquanto os rápidos pontas do Novo Hamburgo avançam. É o pivô de João Paulo a principal saída para o contra-ataque letal da equipe anilada.

Chuteira de presente

Autor de seis gols no Estadual, João Paulo vivia jejum. Ficou cinco partidas sem marcar. Até que um presente pode ter mudado tudo.

Com chuteiras já gastas e sem conseguir comprar outras - sem patrocínio de material esportivo que ceda tal material ou algo do tipo - o centroavante estretou contra o Internacional um presente. Foi um ex-colega de categorias de base que mandou para João Paulo o par em tons de verde e amarelo utilizado na decisão. E o primeiro gol do jogo foi dele.

"Carré, obrigado pela chuteira, irmão, deu sorte. Fizemos a base junto. Obrigadão pelo presente, deu sorte, irmão", disse utilizando as câmeras da RBS TV (afiliada da Globo) que transmitiam o jogo para todo Estado para agradecer.

A simplicidade de João Paulo é a cara do Novo Hamburgo. O clube tem folha de pagamento de R$ 150 mil mensais, se espelha no Leicester e trava um duelo de 'Davi contra Golias' com o Inter na final do Gaúcho.

A decisão acontecerá neste domingo às 16h (de Brasília) em Caxias do Sul. Com empate em 2 a 2 no duelo de ida e sem saldo qualificado na final, quem vencer leva a taça. Empate fará o campeão ser conhecido nos pênaltis.