Marcado por goleada histórica, técnico do Inter revê Gre-Nal em novo status
Os reflexos de um clássico Gre-Nal para profissionais do futebol podem ser drásticos. Insucessos amputam chances, vitórias catapultam novas oportunidades. Mas com o técnico do Inter foi o contrário. Marcado por uma goleada em sua primeira chance como treinador do principal, ele foi na contramão do imediatismo e tem nova chance diante do tradicional oponente, agora em novo status.
Foi em 9 de agosto de 2015. O Inter vivia momento turbulento, havia acabado de ser eliminado da Libertadores e a direção da época, capitaneada pelo então presidente Vitório Píffero, não confiava o suficiente no trabalho de Diego Aguirre. Demitiu o treinador uruguaio três dias antes do clássico pelo Campeonato Brasileiro, na Arena.
Caiu no colo de Odair Hellmann a primeira oportunidade de comandar o time. Interino, teve apenas dois trabalhos com o grupo, do qual era auxiliar, para estar no leme no jogo mais pesado possível. Não deu certo.
A alegação de 'criar uma nova atmosfera, um fato novo para o Gre-Nal' deu totalmente errado. Contra um Grêmio que mantinha-se unido desde o início do ano sob comando de Roger Machado, o Inter sofreu. Uma goleada por 5 a 0 poderia muito bem ter sepultado qualquer oportunidade futura para Odair, que em seguida cederia lugar a Argel Fucks.
Mas não. Ele voltou a ser auxiliar e ganhou respaldo. Se preparou ainda melhor, seguiu trabalho na seleção brasileira - onde conquistou a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016 - e aguardou sua vez.
Quando chamado novamente ao comando, entre a saída de Antonio Carlos Zago e a chegada de Guto Ferreira, montou um time altamente competitivo, que venceu o Palmeiras mas acabou eliminado da Copa do Brasil por conta do saldo qualificado, no ano passado. Depois do jogo, o presidente Marcelo Medeiros fez questão de sublinhar o quanto era importante recuperar o profissional, que havia sido vítima da circunstância naquele jogo. Assumiu o time sem qualquer possibilidade de implantar uma ideia, e ainda teve um Gre-Nal pela frente.
A imagem deixada naquele duelo serviu para a direção entender que ele poderia encerrar a temporada passada na demissão de Guto Ferreira. E o bom rendimento do time nos três jogos - que confirmaram o retorno à Série A - nos quais ele foi o treinador referendaram a efetivação neste ano.
"Um clássico tem importância para mim como para qualquer outro treinador ou profissional que veste essa camisa, que é muito grande e tem uma história muito linda. Qualquer pessoa que vista essa camisa tem uma importância. Eu sei disso. Com equilíbrio e responsabilidade, mas sei disso. Eu sempre busco a construção e o equilíbrio do time. Para que o torcedor goste de como o time joga, apoie, compre essa ideia. Eu me preocupo com isso. Apresentar um bom jogo, que o torcedor saia feliz e atinjamos o objetivo. O jogo vale três pontos, tem uma rivalidade a mais, mas tenho que dar importância a todos os jogos. Este tipo de jogo hoje com o Cruzeiro, com o São Paulo de Rio Grande, tem que valorizar todos para estar preparado para os grandes", disse Odair após o 0 a 0 com o Cruzeiro-RS, na quarta-feira.
Com o Inter em alta em 2018, líder do Estadual e classificado na Copa do Brasil, Odair encara novo status. Deixou de ser considerado apenas uma aposta, já venceu praticamente 100% da desconfiança por se tratar de seu primeiro trabalho como técnico principal de um grande clube. Neste ano, ele soma 13 jogos com sete vitórias, quatro empates e duas derrotas. Um aproveitamento de 64%.
Neste domingo encara seus principal 'fantasma' na carreira até agora. O clássico Gre-Nal está marcado para as 17h (de Brasília), no Beira-Rio, e fecha a primeira fase do Campeonato Gaúcho.
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