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Com Gabriel Jesus, City coloca Brasil no plano de ações e elogia 3 clubes

Caio Carrieri

Colaboração para o UOL, em Manchester (Inglaterra)

16/10/2017 04h00

O interesse do Manchester City pelo Brasil vai além do investimento em Gabriel Jesus, Ederson, Fernandinho e Danilo, todos convocados na última lista de Tite. O país faz parte do planejamento do clube na estratégia de expansão global, informa ao UOL Esporte o diretor-executivo de relacionamento com torcedores dos clubes do City Football Group, Claudio Borges.

Aos 33 anos, sendo oito deles no lado azul de Manchester, o carioca lidera um dos departamentos da empresa que é braço esportivo do Abu Dhabi United Group, propriedade do bilionário xeque Mansour bin Zayed. Embora os árabes também detenham o New York City-EUA, o Melbourne City-AUS, o Girona-ESP, o Club Atlético Torque-URU, além de 20% das ações do Yokohama Marinos-JAP, o principal foco da equipe de Borges é o engajamento com aficionados do time inglês. Com 12 profissionais, o setor se dedica exclusivamente à relação com a torcida, tanto para compreender o comportamento de consumo de quem frequenta o Estádio Etihad quanto na elaboração de projetos a fim de atrair mais fãs para o City mundo afora.

Evento do Manchester United no Rio de Janeiro - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

O Brasil tem papel importante dentro desse plano. Por isso, o clube pretende retornar ao território brasileiro nesta temporada. Em março deste ano, o City atraiu mais de 200 pessoas a um evento em um bar em Copacabana (RJ) que contou com transmissão do jogo contra o Liverpool, a presença de Elano, ex-jogador da seleção e do clube, e a oficialização do primeiro grupo de torcedores do clube – The Citizens Brasil. São Paulo surge como provável local da próxima ativação de marketing.

Nesta entrevista a seguir, o diretor explica por que o Brasil é um foco comercial para o Manchester City, detalha a importância de Gabriel Jesus para explorar este mercado, além de elogiar Corinthians, Flamengo e Palmeiras pela evolução dos clubes nos últimos anos.

Estafe global do clube

"Temos entre 600 e 700 funcionários fixos, com escritório em Manchester, Cingapura, Abu Dhabi, Xangai, ao redor do mundo. Esse número cresce para mais de mil nos dias de jogo, que envolve muita gente na parte de organização, segurança."

O City entre as potências mundiais do futebol

"O City tem o benefício de ter começado a expandir a marca após os outros clubes. O Manchester United e o Liverpool, por exemplo, iniciaram o crescimento comercial internacional muito antes. No caso do City, aconteceu a partir 2008, quando foi comprado pelo xeque Mansour. Isso deu uma oportunidade para o City aprender com o que havia sido feito e ter uma nova postura de inovação. Em termos de torcida e apelo internacional, o City está atrás de clubes como United, Real Madrid e Barcelona. O que é fantástico é a velocidade com que o City diminui a diferença para esses clubes em termos comerciais, de torcida e de títulos."

Os pilares do planejamento para alcançar os gigantes

"A melhor estratégia de mercado é vencer. Ser campeão da Premier League e da Champions League gera novos torcedores, não dá para comparar com qualquer outra estratégia. O lado esportivo é fundamental. Em relação aos jogadores, contribui muito ter atletas com perfis internacionais, como Kevin De Bruyne, Agüero e Gabriel Jesus, nomes fundamentais para atrairmos torcedores na Ásia e no Brasil, mercados estratégicos do City. O diferencial do City é a estratégia digital, de conteúdo e das redes sociais. Não oferecemos um conteúdo genérico para todo mundo de uma vez, mas com foco local de acordo com cada país."

Nota da Redação: O City tem site em 13 idiomas diferentes, incluindo o Português. As redes sociais também são exclusivas de cada público e varia de acordo com a demanda.  Um bom exemplo é o engajamento com a China que acontece por meio do Weibo, plataforma mais popular no país.

O foco nos torcedores brasileiros

"O Brasil é um mercado estratégico para nós, porque aparece nas primeiras posições nas nossas redes sociais e visitas ao site. Então, é absolutamente estratégico para nós, que ainda temos o benefício de ter jogadores da seleção brasileira, um atrativo para os nossos torcedores."

A onda no Brasil de torcedores de times europeus

"É a realidade. Se você gosta de futebol, é natural acompanhar outros campeonatos, como o Inglês e até o dos Estados Unidos, que está em crescimento. Nesse processo, acontece de surgir maior afinidade com determinado time, por diversas razões: cor do uniforme, um jogador específico, uma partida a que você assistiu e gostou. Então queremos que os torcedores brasileiros escolham o City como segundo time. Não queremos que as pessoas do Brasil deixem de torcer para os clubes locais, mas que também acompanhem o City. Essa coexistência pode existir sem problema algum."

Os principais concorrentes no mercado brasileiro

"Por causa da história do clube, o Barcelona e o Real Madrid são muito grandes no Brasil. Isso está ligado a presença de jogadores brasileiros, como Ronaldo. O PSG agora passa por isso com o Neymar e outros brasileiros, mas nós também temos grandes atletas de seleção brasileira."

Gabriel Jesus como diferencial

"É inegável o apelo que ele tem no Brasil. Vemos isso nas redes sociais, sobretudo o crescimento de audiência no Facebook com origem no Brasil. Ele é um dos líderes em vendas de camisa. Não posso te dizer exatamente os números, mas o sucesso dele é grande.

A viabilidade de realizar uma pré-temporada no Brasil

"A decisão de pré-temporada se baseia em diversos fatores: onde o clube tenha interesse, onde a comissão técnica aprove as condições de estrutura e condições climáticas e, claro, a questão da torcida. Isso varia bastante, temos vários mercados estratégicos. Embora não tenhamos planos a curto prazo para realizarmos algo no Brasil, não é impossível. Tudo pode acontecer."

Os clubes brasileiros em destaque

"Sendo um profissional de marketing esportivo e nascido no Brasil, claro que tenho o interesse de entender o mercado. Acompanho no sentido de saber quais são as ativações dos clubes. O que tenho observado é que o mercado está sendo mais profissional, os clubes estão buscando pessoas capacitadas fora do esporte para a área administrativa. O movimento tem sido positivo nos últimos três anos. Clubes com grandes torcidas, como Corinthians, Flamengo e Palmeiras estão começando a montar uma estrutura diferente. Ainda tem muito caminho a ser percorrido, por conta da natureza dos clubes brasileiros, em que se mudam as administrações frequentemente."