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Libertadores - 2019

Justiça acata denúncia contra Sheik e Diguinho por contrabando e lavagem de dinheiro

Bruno Thadeu

Do UOL, em São Paulo

29/02/2012 08h47

O juiz Gustavo Pontes Mazzocchi, da 3ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, acatou a denúncia do Ministério Público Federal contra Emerson Sheik e Diguinho, do Corinthians e do Fluminense, respectivamente. A decisão transforma os jogadores oficialmente em réus de um processo em que são acusados de lavagem de dinheiro e contrabando. Com isso, ambos podem perder alguns jogos da Copa Libertadores.

"Ainda precisamos conferir a denúncia. Não recebemos. Mas o Emerson é um trabalhador registrado e não há razão para impedimento de exercer a profissão. Não sei por que foi levantado isso [possibilidade de não atuar em jogos no exterior]", informou ao UOL Esporte o advogado de Emerson Sheik, Ricardo Cerqueira.

Emerson e Diguinho são acusados de terem comprado automóveis importados de forma ilícita. Um longo relatório do MPF, que partiu de uma investigação de uma tentativa de assassinato de um bicheiro, concluiu que ambos participaram de um esquema que, entre outras coisas, subfaturou impostos dos veículos.

A decisão de Mazzocchi de acatar a denúncia não representa nenhuma espécie de condenação de Emerson e Diguinho. O problema é que, na condição de réus em caráter oficial, ambos terão de pedir uma permissão especial à Justiça para deixarem o país.

Caso a decisão não saia, eles podem até perder jogos importantes da Copa Libertadores. O Fluminense de Diguinho, por exemplo, encara o Boca Juniors fora, em La Bombonera.

O UOL Esporte teve acesso ao documento do MPF. No texto, o órgão diz que Emerson não soube explicar por que vendeu um carro ao ex-companheiro de Fluminense por R$ 315 mil, enquanto a nota fiscal registrou a transação no valor de R$ 200 mil. A implicação de ambos no crime de lavagem de dinheiro teria acontecido por conta de um veículo da marca BMW. 

Sheik comprou um BMW X6, cor branca, por R$ 200 mil (R$ 160 mil e mais R$ 40 mil em IPI) em 29 de outubro de 2010, da Rio Bello. Quase dois meses depois, o atacante negociou seu veículo para a mesma Rio Bello e pelo mesmo preço (mas sem o IPI).

No mesmo dia em que Sheik se desfez do veículo, Diguinho efetuou a compra do BMW X6 pelo mesmo valor. Vinte dias depois, o volante do Flu revendeu o veículo para a mesma Rio Bello. Horas depois, Diguinho recomprou o automóvel da Rio Bello.

“O modus operandi evidencia lavagem de dinheiro, pela criação artificial de uma cadeia de compra e venda que distancia o destinatário do automóvel da importação ilegal”, relata o MP.

A Justiça vai ouvir a apresentação de defesa dos advogados dos acusados em até dez dias. Se quiser, pode julgá-los inocentes e encerrar o processo. Em caso contrário, a ação penal prosseguiria, com testemunhas de ambos os lados e depoimentos das testemunhas. 

Caso sejam condenados, Emerson e Diguinho podem pegar até 14 anos de prisão. O advogado do atacante do Corinthians, no entanto, nega qualquer tipo de problema. "Está havendo uma inversão. A concessionária é quem deveria ser procurada, não o consumidor. Se a concessionária adquiriu o veículo de maneira ilícita, ela tem que ser investigada. O Emerson agiu de boa-fé. Ele foi o lesado", disse Ricardo Cerqueira, que defende Emerson no processo.