Greve nacional histórica e falta de ingressos aumentam a tensão da final entre Boca e Corinthians
Uma partida de futebol tão importante quanto uma final de Copa Libertadores da América costuma ser um evento tão majestoso, sensível e singular a ponto de ser o foco maior de preocupação e trabalho das autoridades públicas de segurança da cidade em que ele ocorre, seja aonde for. A partida entre Boca Juniors e Corinthians em Buenos Aires nesta quarta-feira, porém, fugirá à regra.
Muro pichado em Buenos Aires com o chamamento para a manifestação desta quarta; capital argentina recebe movimento nacional
Isso porque a capital argentina será o destino final, nessa mesma quarta, de milhares de trabalhadores de todo o país vizinho, que marcharão até a "capital de la Nación" em protesto contra os impostos recolhidos diretamente na fonte dos assalariados da federação.
As trilhas (que são percorridas majoritariamente de ônibus, mas também a pé, em táxis e em carros particulares), partiram de todas as províncias da Argentina com destino à capital. Elas deverão se encontrar na região central de Buenos Aires, para engrossar a massa portenha que ocupará os arredores da Casa Rosada (sede do governo argentino) às 15h, quando o presidente do sindicato local dos caminhoreiros, secretário-geral da maior central indical argentina e líder político ascendente Hugo Moyano fará seu discurso apoteótico.
Espera-se que mais de 50 mil manifestantes se reúnam no protesto, que será a primeira mobilização de massa organizada pelos sindicatos que enfrentará a presidente Cristina Kirchner (teoricamente uma política de esquerda) desde que subiu ao cargo, em 2007.
Em Buenos Aires, com exceção dos torcedores assíduos do Boca, o "Paro Nacional" desta quarta é o assunto que que mais instiga os cidadãos. Os líderes do movimento garantem que contam com o apoio da maioria dos sindicatos, de todos os setores da economia, e que haverá uma greve geral com forca de parar o país nesta quarta. Há esquemas especiais de segurança e de controle do trânsito em toda Buenos Aires. A capital federal está em alerta.
Para o Corinthians e para os milhares de corintianos de vieram à Argentina, as causas da manifestação desta quarta pouco importam. O que é importante são as consequências. O tradicional ponto de encontro de torcedores brasileiros em Buenos Aires em dias de jogos da Libertadores, a região do Obelisco na avenida Nove de Julho, deverá estar tomada por manifestantes no fim da tarde desta quarta. Na previsão dos argentinos mais pessimistas, a área estará tomada por confusão e, quem sabe, confrontos violentos entre manifestantes e policiais.
O cenário torna-se mais instável ainda pela falta de ingressos para a partida entre Boca Juniors e Corinthians. Desde a última segunda-feira, já não há mais ingressos para o jogo, que será disputado na Bombonera, estádio do Boca, que tem capacidade para mais de 57 mil pessoas. Torcedores de Boca e Corinthians deverão se concentrar nas imediações da arena, frustrados por não conseguirem assistir ao vivo à partida. A polícia de Buenos Aires estará atenta, mas com sua atenção dividida entre o jogo e a greve nacional argentina que acontecerá no mesmo dia.
De uma forma ou de outra, todos os ingredientes fazem com que o embate da noite desta quarta-feira se torne mais emocionante e específico. Quem viver, verá.
Seja o primeiro a comentar
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.