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Libertadores - 2019

Greve nacional histórica e falta de ingressos aumentam a tensão da final entre Boca e Corinthians

Cartaz de divulgação da manifestação desta quarta em Buenos Aires - Reprodução
Cartaz de divulgação da manifestação desta quarta em Buenos Aires Imagem: Reprodução

Vinícius Segalla

Do UOL, em Buenos Aires (ARG)

27/06/2012 06h30

Uma partida de futebol tão importante quanto uma final de Copa Libertadores da América costuma ser um evento tão majestoso, sensível e singular a ponto de ser o foco maior de preocupação e trabalho das autoridades públicas de segurança da cidade em que ele ocorre, seja aonde for. A partida entre Boca Juniors e Corinthians em Buenos Aires nesta quarta-feira, porém, fugirá à regra.

  • Muro pichado em Buenos Aires com o chamamento para a manifestação desta quarta; capital argentina recebe movimento nacional

Isso porque a capital argentina será o destino final, nessa mesma quarta, de milhares de trabalhadores de todo o país vizinho, que marcharão até a "capital de la Nación" em protesto contra os impostos recolhidos diretamente na fonte dos assalariados da federação.

As trilhas (que são percorridas majoritariamente de ônibus, mas também a pé, em táxis e em carros particulares), partiram de todas as províncias da Argentina com destino à capital. Elas deverão se encontrar na região central de Buenos Aires, para engrossar a massa portenha que ocupará os arredores da Casa Rosada (sede do governo argentino) às 15h, quando o presidente do sindicato local dos caminhoreiros, secretário-geral da maior central indical argentina e líder político ascendente Hugo Moyano fará seu discurso apoteótico.

Espera-se que mais de 50 mil manifestantes se reúnam no protesto, que será a primeira mobilização de massa organizada pelos sindicatos que enfrentará a presidente Cristina Kirchner (teoricamente uma política de esquerda) desde que subiu ao cargo, em 2007.

BLOGUEIROS COMENTAM A DECISÃO

Juca Kfouri
"Libertadores: a decisão será no jogo número 13". Leia mais
Ricardo Perrone
"Esquema ilegal promete colocar corintiano na Bombonera sem ingresso". Leia mais
Luiz Ceará
"O Boca não assusta mais, palavra de Zenon" Leia mais

Em Buenos Aires, com exceção dos torcedores assíduos do Boca, o "Paro Nacional" desta quarta é o assunto que que mais instiga os cidadãos. Os líderes do movimento garantem que contam com o apoio da maioria dos sindicatos, de todos os setores da economia, e que haverá uma greve geral com forca de parar o país nesta quarta. Há esquemas especiais de segurança e de controle do trânsito em toda Buenos Aires. A capital federal está em alerta.

Para o Corinthians e para os milhares de corintianos de vieram à Argentina, as causas da manifestação desta quarta pouco importam. O que é importante são as consequências. O tradicional ponto de encontro de torcedores brasileiros em Buenos Aires em dias de jogos da Libertadores, a região do Obelisco na avenida Nove de Julho, deverá estar tomada por manifestantes no fim da tarde desta quarta. Na previsão dos argentinos mais pessimistas, a área estará tomada por confusão e, quem sabe, confrontos violentos entre manifestantes e policiais.

O cenário torna-se mais instável ainda pela falta de ingressos para a partida entre Boca Juniors e Corinthians. Desde a última segunda-feira, já não há mais ingressos para o jogo, que será disputado na Bombonera, estádio do Boca, que tem capacidade para mais de 57 mil pessoas. Torcedores de Boca e Corinthians deverão se concentrar nas imediações da arena, frustrados por não conseguirem assistir ao vivo à partida. A polícia de Buenos Aires estará atenta, mas com sua atenção dividida entre o jogo e a greve nacional argentina que acontecerá no mesmo dia.

De uma forma ou de outra, todos os ingredientes fazem com que o embate da noite desta quarta-feira se torne mais emocionante e específico. Quem viver, verá.