Gobbi fala com ministros e diz que 12 presos na Bolívia são inocentes
Mário Gobbi, presidente do Corinthians, reuniu-se nesta quarta-feira com José Eduardo Cardozo e Antônio Patriota, ministros da Justiça e das Relações Exteriores, respectivamente e pediu, como se esperava, intervenção do Governo Federal na questão dos 12 torcedores que seguem presos em Oruro, na Bolívia. Oficialmente, o pleito era garantir aos detidos o direito à defesa, mas em comunicado oficial divulgado pela assessoria de imprensa, o cartola tratou os detidos como "inocentes".
"Vim aqui cumprir uma missão como cidadão. Não podemos achar justa a prisão de inocentes, sejam eles quem forem. E, no caso, são torcedores do Corinthians. Veja que não queremos a liberação de culpados. Pedimos o contrário, para que pessoas que não tenham envolvimento com o ocorrido não tenham negado o direito de liberdade", disse Mário Gobbi.
A declaração enviada à imprensa por e-mail difere da postura até então adotada pelo próprio Corinthians e também a do Governo Federal, que admite intervir na questão dos presos de Oruro para pedir direito de defesa e tratamento digno. "Respeitamos a soberania da Bolívia, mas cobramos o respeito aos direitos dos corintianos", disse Antônio Patriota, ministro das Relações Exteriores.
O chanceler brasileiro ainda se irritou quando jornalistas perguntaram o que, de fato, poderia ser feito pela liberdade dos corintianos. "Não vou negociar a liberdade de cidadãos brasileiros através da imprensa", disse ele.
Na breve entrevista coletiva que concedeu depois dos dois encontros, o presidente corintiano adotou um tom um pouco diferente. "Há cooperação entre os governos e devemos acreditar na Justiça daquele país, mas não posso deixar de falar que agora é que está sendo feita a produção das provas, mas antes prenderam os suspeitos. A ordem das coisas está invertida", disse Gobbi.
Os 12 torcedores estão detidos desde fevereiro e são acusados de terem participado da morte de Kevin Espada, de 14 anos, que foi atingido por uma sinalizador de navio atirado por corintianos que acompanhavam a partida entre San Jose e Corinthians, pela Libertadores. Neste período, eles reclamaram de maus tratos e da demora no andamento do processo, já que até agora eles seguem presos preventivamente, e não há previsão de reversão do quadro.
A alegação dos torcedores é que o real culpado pelo disparo é um jovem de 17 anos que se apresentou à Justiça brasileira dias depois do incidente. Os bolivianos, no entanto, reclamam que ele deveria tê-lo feito enquanto ainda estava no país e podia ser julgado pelo fato, além disso ainda suspeitam que pode se tratar de um "laranja" para livrar os corintianos que estão detidos, todos membros de organizadas.
De forma espontânea, já que a Bolívia não solicitou nenhum auxílio, os órgãos públicos têm colaborado com a investigação. Segundo o Ministério da Justiça, foram enviadas para o país vizinha a ficha dos 12 torcedores presos, seus registros profissionais e também o depoimento do menor que admitiu a culpa no incidente.
Além disso, a embaixada brasileira em La Paz estaria prestando auxílio ao grupo. Ainda segundo o Ministério da Justiça, os presos receberam mais de 20 visitas, receberam suporte legal e agora terão até um médico à disposição, já que vários deles relatam problemas de saúde e excessiva perda de peso durante a detenção.
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