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Libertadores - 2019

Liga dos Campeões é mais ofensiva e menos violenta do que Libertadores

O confronto entre Grêmio e Santa Fé teve 79 faltas nos dois jogos, recorde nas oitavas - AFP PHOTO / Luis Acosta
O confronto entre Grêmio e Santa Fé teve 79 faltas nos dois jogos, recorde nas oitavas Imagem: AFP PHOTO / Luis Acosta

Rodrigo Mattos

Do UOL, em São Paulo

21/05/2013 06h00

A impressão geral de disparidade entre a qualidade de espetáculo da Liga dos Campeões e da Libertadores é confirmada pelos números das duas competições. O principal campeonato europeu é mais ofensivo e com melhor qualidade técnica do que seu similar sul-americano. A Libertadores ganha em violência do seu primo europeu. A conclusão é de comparação feita pelo UOL Esporte entre as estatísticas oficiais das duas competições.

Tanto a UEFA (Federação Europeia de Futebol) quanto a Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) mantêm acompanhamento detalhado dos itens técnicos de seus campeonatos. A reportagem comparou os números das 16 partidas eliminatórias da Libertadores e dos 12 da Liga dos Campeões, amostragem suficientemente grande para evitar distorções. Há ressalvas, claro, em relação a critérios de estatísticas relacionados aos passes dos atleta. 

Mas os números são claros ao demonstrar a superioridade do campeonato europeu, que terá sua final entre Bayern Munique e Borussia Dortmund. no sábado. A média de gols daquele torneio atingiu 3,1 por jogo, praticamente um gol a mais do que a média sul-americana, com 2,124. Essa exuberância pôde ser vista nas semifinais em que Bayern de Munique, Borussia Dortmund, Barcelona e Real Madrid protagonizaram quatro confrontos eletrizantes com um total de 14 gols.

Não é à toa. Os times europeus finalizaram mais a gol e com mais qualidades do que os sul-americanos. Em média, foram 24,4 arremates a gol por jogo na Liga dos Campeões. Desse total, 56% das conclusões foram acertadas, ou seja, na direção do gol.

A média da Libertadores de tentativas de gol foi menor, com 20,4 por partida. Mas apenas 33,7% das conclusões foram na direção entre as traves. Ou seja, dois terços das bolas foram para fora ou bateram na trave. Isso significa que apenas sete vezes por jogo, em média, houve chance real de gol por ser o arremate certeiro. Esse número é aproximadamente o dobro na competição europeia.

A análise de acertos de passes é mais complicada porque claramente há critérios diferentes para a estatística de cada competição. A média de passes por jogo da Liga dos Campeões, por exemplo, foi de 1.111 por jogo considerados os dois times, mais do que o dobro da Libertadores com sua média de 463 passes. Isso porque a UEFA considera como passe qualquer movimento de bola, inclusive chutões de goleiros.

Mas é possível analisar ao menos os índices de acertos de passes. E novamente os europeus levam vantagem. Nas eliminatórias, a Liga dos Campeões teve índice de acerto de 71%, contra 64,7% da Libertadores, cujas quartas de final serão retomadas nesta quarta-feira.

Há menos disparidade entre os times neste item na Europa. Na América do Sul, o Atlético-MG teve até 93% de acerto de passe no primeiro jogo contra o São Paulo, quando o zagueiro Lúcio foi expulso. Mas o peruano Real Garcilaso, que atingiu as quartas de final da competição, só acertou 49% de seus passes. Na Europa, os percentuais giram entre 60% e 83%, índice atingido pelo Barcelona justamente quando foi goleado pelo Bayern de Munique. 

Uma outa comparação reveladora é entre dois jogos isolados, a título de amostra. Contra o São Paulo, o Atlético-MG teve mais da metade dos seus passes dados por seus jogadores mais defensivos, laterais, zagueiros e o primeiro volante, excluído o goleiro. O mesmo ocorreu com o São Paulo. Já no o jogo entre Borussia e Malaga, pelas quartas de final, os defensores eram responsáveis por menos de 50% dos passes de seus times. 

Mais fácil é comparar a violência nas duas competições, pois a anotação de faltas é igual em todo mundo. A Libertadores teve um número de faltas levemente maior do que a Liga dos Campeões, com 30,9 contra 28,5. Fica claro que uma competição é mais violenta do que a outra, e com mais provocações e reclamações, pelo número de cartões.

Em 16 jogos, o campeonato sul-americano teve nove expulsos, uma média de 0,56 cartão vermelho por jogo. Em 12 partidas, houve apenas um jogador mandado mais cedo para o vestiário na Liga dos Campeões, uma média de 0,09 vermelho por partida.  Também houve um maior número de cartões amarelos na competição do hemisfério sul, com média de 6,6 por jogo. No campeonato do Norte, foram 5,2 amarelos por partida.

Sabe-se que o maior número de faltas e cartões significa menos bola rolando, já que o árbitro tem de parar mais a partida. Com o jogo mais corrido, os europeus tiveram que recorrer mais a substituições. Nas eliminatórias da Liga dos Campeões, apenas uma vez os dois times não fizeram todas as trocas a que tinham direito. Na Libertadores, isso ocorreu em quatro ocasiões.