Atleticanos 'matam' serviço, resistem ao cansaço e fecham trânsito na Praça 7
Cerca de 500 torcedores, de acordo com estimativa da Polícia Militar de Minas Gerais, continuavam na Praça Sete, marco central da capital mineira, no meio da tarde desta quinta-feira e que se transformou no principal palco de comemoração da torcida atleticana após o inédito título da Libertadores, depois da vitória sobre o Olimpia, por 2 a 0, no tempo normal, e por 4 a 3 nas penalidades. Dessa forma, o principal cruzamento do centro da cidade está fechado ao trânsito.
Além de exaltar o feito do seu time, os atleticanos na Praça Sete não perdoaram os torcedores do Cruzeiro, incendiando a tradicional rivalidade, às vésperas do clássico pelo Brasileirão, domingo que vem. Cânticos provocativos rival eram ouvidos em alto e bom som: “Chora zero imundo, nós vamos ser campeão do mundo”, “um, dois, três... quatro, cinco mil... cadê os cruzeirenses ninguém sabe ninguém viu” e “Tira uma foto, nós vamos para Marrocos”, além das tradicionais músicas da torcida organizada.
Bruno Marques faltou à aula e ao trabalho para celebrar título com outros atleticanos na Praça 7
Os atleticanos não demonstram cansaço e nem a intenção de arredarem pé do local e prometem estender a festa até à noite. É o caso do monitor de qualidade, Bruno Marques, de 28 anos, que participou da festa durante a madrugada, foi para a casa às 4h, acordou e voltou para a comemoração, desde às 9h da manhã desta quinta.
O torcedor faltou a aula e ao serviço para vibrar com a conquista inédita do time atleticano. “Não farei nada hoje, é feriado”, disse. “Estamos esperando que o time venha aqui, com toda a delegação”, acrescentou. E esse parece ser a expectativa de outros aficionados, todos à espera dos ídolos e de poder ver a taça de perto.
O pintor Paulo Sérgio, de 28 anos, saiu de casa às 5h para trabalhar, viu a concentração dos atleticanos no centro da capital e decidiu ficar por lá mesmo. Cansado após mais de oito horas no local, ele garante que vai aguardar pelo time. “Estou esperando o Kalil vir trazer a taça, no corpo de bombeiro, com todos os jogadores, já que não tive a oportunidade de ir no estádio”, comentou o torcedor.
A mesma esperança tem o torcedor Romero Sampaio, de 25 anos, educador físico. Ele participou da festa na madrugada e, assim como os demais, faltou o serviço para vibrar com a torcida. Empolgado, o torcedor cantava todas as músicas e, segundo boatos que percorriam no local, aguardava a chegada da delegação atleticana para promover uma festa no período da noite, com cerveja liberada para o torcedor.
A esperança dos torcedores não será concretizada. Não há previsão do Atlético-MG realizar festa na Praça Sete. Além disso, os jogadores atleticanos estão de folga, nesta quinta-feira, o que inviabilizaria a reunião do grupo para ir à Praça Sete.
A ausência dos ídolos, no entanto, não diminui a euforia atleticana, como das amigas Arlene Aparecida, de 30 anos, Ana Cláudia, de 22 anos, e Lorena Stefani de 20 anos. Arlene, trocadora de ônibus, não se arrepende de ter faltado ao emprego. “Dei balão no serviço e estou feliz, eu quero é comemorar”, bradou a torcedora. As três garantiram que só vão embora quando os jogadores aparecem para compartilhar o momento de alegria.
Amigas atleticanas Arlene Aparecida, Lorena Stefani e Ana Claudia dizem não ter hora para encerrar comemoração do título da Libertadores na Praça Sete, no Centro de Belo Horizonte
Segundo a Polícia Militar, a concentração de torcedores vai durar enquanto os atleticanos tiverem disposição, já que o trânsito está interrompido e não há nenhum tipo de ocorrência relevante até o momento. No início da manhã, no entanto, houve confronto entre a Tropa de Choque e alguns torcedores durante tentativa de desocupação da Praça Sete, com uso inclusive de bombas de gás lacrimogênio.
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