Topo

Torcida cogita voltar a pé de Itaquera, e São Paulo pede alteração no metrô

Ataíde Gil Guerreiro, diretor do São Paulo, ainda espera alteração no horário de funcionamento do metrô - Gabo Morales/Folhapress
Ataíde Gil Guerreiro, diretor do São Paulo, ainda espera alteração no horário de funcionamento do metrô Imagem: Gabo Morales/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

16/02/2015 22h07

O clássico entre Corinthians e São Paulo, na próxima quarta-feira (18), em Itaquera, ainda nem começou. No entanto, o pós-jogo já é uma enorme preocupação para a diretoria tricolor. O time do Morumbi recebeu uma carga de 1.500 ingressos para o duelo que abrirá a fase de grupos da Copa Libertadores, mas ainda não conseguiu das autoridades paulistas um esquema adequado de transporte para a saída dos torcedores. A Independente, principal organizada da equipe, cogita percorrer a pé uma distância de cerca de 12 quilômetros entre o estádio e a estação Tatuapé do Metrô.

A própria Independente tentou contato com a Secretaria de Transportes do Estado de São Paulo, mas ainda não teve resposta. A organizada se recusa a fretar ônibus para deslocar torcedores – segundo o jornal “Lance!”, essa postura tem a ver com o alto preço que as companhias têm pedido por causa do temor de depredação dos veículos. Preocupada, a diretoria do São Paulo também tem pressionado autoridades.

“Amanhã [terça-feira] é véspera do jogo, eu sei, mas você sabe como as coisas acontecem neste país, né? Estamos tentando, e tudo que nos falta é que uma autoridade dê uma ordem para que o metrô funcione um pouco além do horário normal”, disse Ataíde Gil Guerreiro, diretor de futebol do São Paulo, em entrevista ao canal fechado “Fox Sports”.

O horário de fechamento da estação Itaquera do metrô é 0h19. No entanto, o Governo do Estado de São Paulo anunciou no ano passado uma ampliação na jornada de trabalho em dias de jogos que começam às 22h na capital paulista – as estações próximas a estádios passaram a operar até 0h30.

O problema é que esse horário não será suficiente para a torcida do São Paulo na quarta-feira (18). O jogo válido pela Libertadores terá esquema de segurança de clássico, e os torcedores tricolores serão mantidos no estádio pela PM (Polícia Militar) até que os corintianos tenham deixado o local. Como o metrô estará fechado, a solução encontrada pela Independente foi andar até a estação Tatuapé, que tem um terminal de ônibus.

“Quando começou essa polêmica, nós pedimos ao meu amigo [Fernando] Haddad, da prefeitura, uma extensão no Metrô. Até sair toda a torcida do Corinthians, que é enorme, a torcida do São Paulo vai ficar totalmente perdida. Aí disseram para oferecermos ônibus para a torcida. Poxa, uma hora vêm pedir que você apoie a torcida organizada. Na outra, dizem que você não pode fazer nada por eles. O que a gente deve fazer, afinal?”, questionou Gil Guerreiro. A operação do metrô é uma atribuição do Governo de São Paulo, e não da prefeitura.

“As coisas seriam muito mais simples se não tivesse obrigatoriedade do horário das 22 horas, que infelizmente os meus amigos dirigentes não têm coragem de enfrentar. Se o jogo fosse às 21h30, no máximo…”, completou o dirigente tricolor.

O discurso de Gil Guerreiro corrobora o que já havia sido dito por Carlos Miguel Aidar, presidente do São Paulo. Em conversa com o portal “Lancenet”, o mandatário tricolor também mostrou preocupação com a situação do deslocamento da torcida após o clássico.

“Falei com a Secretaria de Segurança, procuradores, com o secretário-adjunto, mas não consegui sensibilizá-lo. Não consegui falar com a Secretaria de Transportes. Eles [autoridades] estão irredutíveis. Ouvi deles que a solução era muito simples: ‘Fala pra irem [os torcedores] de ônibus, que damos cobertura’. Aí eu falei: ‘Mas você paga o ônibus? São 70 ônibus’. Se a gente paga, dizem que estamos do lado das organizadas. Se não paga, querem que dê onibus para o torcedor. Aí não temos o que fazer”, disse Aidar. “Tem gente que vai chegar às 5h em casa por causa disso. Pode ter bomba, pode ter morte, risco de emboscada, pode ter tudo numa situação dessas. O poder público não se empenha. Essas atitudes só fomentam a rivalidade, violência”, completou.