Topo

'Homem da casa' desde os 9 anos, herói do Grêmio não se assusta com pressão

Lincoln comemora gol "salvador" do Grêmio contra o San Lorenzo - Lucas Uebel/Divulgação/Grêmio
Lincoln comemora gol 'salvador' do Grêmio contra o San Lorenzo Imagem: Lucas Uebel/Divulgação/Grêmio

Do UOL, em Porto Alegre

16/03/2016 08h49

"Desde os 9 anos sou eu quem sustento minha casa, minha família. Me considero o homem da casa". Assim o jovem Lincoln, de 17 anos, abriu sua entrevista após fazer o gol do empate entre Grêmio e San Lorenzo, pela Libertadores, nesta terça-feira (15). Segundo ele, quem encara responsabilidades desde tão cedo não se assusta com milhares de torcedores rivais nas arquibancadas do estádio Nuevo Gasometro. E não se assustou. Aos 44 minutos, com o 'pé ruim', ele manteve o Tricolor vivo na competição. 

A história de Lincoln é singular. Seu talento no futebol foi visto desde muito cedo. Nas escolinhas do Grêmio, recebia antes mesmo de se tornar jogador. Já tinha empresário mesmo sem poder assinar qualquer contrato. Era o responsável por sustentar sua família. 
 
O grande salto veio aos 14, quando sua casa foi visitada por funcionários do grupo DIS. A rua humilde no bairro Lomba do Pinheiro, em Porto Alegre, jamais havia recebido carros tão imponentes. Deles desceram homens engravatados com uma maleta. A proposta para aceitar assinar contrato com o fundo de investimentos estava ali: R$ 400 mil em cédulas e mais um salário que seguiria crescendo junto ao desempenho. Antes mesmo de ter qualquer contrato profissional. 
 
"Me considero o homem da casa desde esta época. Sempre fui eu quem resolveu e cuidou das minhas coisas e da minha família", explicou. 
 
E com esta confiança, ele anteviu a jogada que salvou o Grêmio aos 44 minutos do segundo tempo de uma partida muito ruim. Um lance confuso, talvez o último que pudesse dar em algo. A rebatida na área caiu no pé direito, e o canhoto mandou para as redes. 
 
"Não tem que ter medo de arriscar. Seja os mais jovens ou os mais velhos. Não tem diferença nenhuma. O Roger sempre manda entrar na área. Eu entrei. Consegui estar na hora certa e no lugar certo. Fui feliz e isso foi muito importante", disse. 
 
Não bastasse a responsabilidade pessoal, o peso de ser pedido pelos torcedores como titular da criação de jogadas do Grêmio, os jornais europeus colocando-o como um dos jogadores mais promissores do mundo, mais um passo na vida do menino se avizinha: ele será pai pela primeira vez. Outra pressão que ele encara com naturalidade. 
 
"Ser pai dá a mesma responsabilidade com 17 anos ou com 50. Não vai mudar nada. É uma alegria e uma responsabilidade muito grande", disse. "Tem apenas dois meses, não sabemos se é menino ou menina", completou. 
 
E o pequeno já ganhou dois gols em comemoração. O último eles pode ser fundamental no avanço do Grêmio às oitavas de final da Libertadores deste ano.