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Prefeito de Chapecó diz que partida contra Lanús será "o jogo do semestre"

Xinhua/Beto Barata/Presidencia de Brasil
Imagem: Xinhua/Beto Barata/Presidencia de Brasil

Daniel Fasolin

Colaboração para o UOL, em Chapecó (SC)

15/03/2017 12h16

Quase cinco meses após a tragédia que abateu Chapecó, a cidade catarinense convive com a ansiedade antes de receber o seu primeiro jogo na Copa Libertadores da América em sua história. O time recebe o Lanús, da Argentina, nesta quinta-feira, após ter estreado com vitória sobre o Zulia por 2 a 1, na Venezuela.

O prefeito Luciano Bulligon, que se tornou uma figura simbólica após a queda do avião da Chapecoense em Medellín em 29 de novembro do ano passado, disse ao UOL Esporte que a cidade deverá novamente ver cenas emocionantes, como as que marcaram os dias após a tragédia de 2016.

Para ele, a partida desta quinta-feira será, inclusive, o grande jogo mundial deste primeiro semestre. Veja abaixo os principais trechos da entrevista:

Preparação do time
Nós estamos sempre muito ligados na Chapecoense e nesse momento que a cidade vive. Percebo nas comunidades que visito a grande ansiedade do povo de Chapecó. Nós sempre tivemos um orgulho da Chapecoense e a vontade que o clube se consolidasse. No primeiro jogo da Série A, primeiro jogo internacional e agora o primeiro jogo da Libertadores.

Lado emocional do confronto
Amanhã (quinta-feira), teremos um evento muito ligado ao emocional. Conquistamos a vaga na Libertadores em uma Sul-Americana que iríamos decidir e a tragédia nos abateu. A tristeza começa a dar um espaço para a saudade e para homenagens. Essa carga vai para dentro de campo e para as arquibancadas amanhã. Será um momento histórico com um laço emocional fortíssimo ligado à tragédia.

Duelo com Lanús será afirmação
Esse jogo servirá também para ligar a cidade e é um momento de afirmação. A gente tem uma dúvida ainda. Será que a Chapecoense vai viver os momentos de glória que viveu. Estamos torcendo para que isso se concretize e faremos de tudo para ajudar nesse caminho difícil.

Lembranças do time de 2016
Lembramos das defesas do Danilo, das bolas na trave, dos gols do Bruno, das jogadas geniais do Cleber Santana e de todos que ajudavam naquele grupo. Tudo aconteceu aqui em nossa casa e isso torna tudo mais emocionante. Para quem gosta de futebol e da Chapecoense, a gente sente falta, principalmente em jogos como o de amanhã. Nós ainda vemos eles lá dentro. Mas hoje já começamos a nos familiarizar com o grupo que está aí. Eles começam a honrar a vida daqueles que foram.

Projeto para Arena Condá
Estamos pensando em colocar uma faixa na Arena com os dizeres: "Independente do resultado, aqui sempre contemplamos a vida". Essa foi uma ideia que surgiu que eu achei genial. Vamos tratar esse assunto com a Chapecoense para que possamos colocar essa frase na Arena. Se não para esse jogo, talvez no próximo. Mas é uma grande frase. Nós agregamos um outro valor ao futebol e não se trata somente dos resultados e sim da vida.

Participação na Recopa
Esse jogo será o jogo do primeiro semestre para muita gente. Com todo respeito ao jogo do Barcelona (6 a 1 contra o PSG), mas acho que esse será o jogo do mundo no primeiro semestre, por que não é simplesmente um jogo. Neste século esse foi o movimento de solidariedade muito latente. Não há como dizer que isso é só um jogo de futebol. Para eu entrar no Atanasio Girtadot (estádio onde o Atlético Nacional manda seus jogos), novamente não vai ser fácil, mas preciso fazer isso. Vamos encontrar nossos irmãos e o resultado é o que menos importa. Me emociono só de imaginar, quero voltar a Medellín para poder olhar para os lados.

Cidades-irmãs
Nossa Câmara aprovou aqui e lá em Medellín também foi aprovado. Estaremos juntos nesses jogos para tratar desse e de outros assuntos em comum. Teremos uma praça com o nome da cidade de Medellín, que futuramente iremos inaugurar. Nós consideramos o povo de Medellín como o povo Chapecoense. Vamos eternizar nossa relação, que infelizmente  veio após a tragédia.