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De "soninho" a arbitragem. Renato cria rotina pós-tropeços do Grêmio no ano

Grêmio tem 56% de aproveitamento no ano, mas está fora da final do Gauchão - Jorge Adorno/Reuters
Grêmio tem 56% de aproveitamento no ano, mas está fora da final do Gauchão Imagem: Jorge Adorno/Reuters

Do UOL, em Porto Alegre

04/05/2017 04h00

O Grêmio tem uma rotina neste começo de 2017. Quando vence, a análise do jogo avança e até esmiúça detalhes da atuação. Quando perde, Renato puxa a fila e tergiversa. De janeiro até agora, o treinador já usou um repertório grande de argumentos para gols sofridos, empates e derrotas. A lista engloba expressões como ‘nana neném’, ‘demos mole’ e ‘soninho’.

Veja os gols de Deportes Iquique 2 x 1 Grêmio

Internamente, a postura do treinador gera visões opostas. Parte da diretoria enxerga as manifestações como um jeito de proteger o elenco e blindar o próprio Renato. Outra ala vê limitações e erros nas escolhas do técnico.

O fato é que Renato, em nenhum momento do ano, foi direto ao analisar jornadas ruins ou abaixo do esperado. Depois da derrota do Grêmio de virada para Deportes Iquique-CHI por 2 a 1, ele culpou a arbitragem do argentino German Delfino – que marcou um pênalti no primeiro tempo e atribuiu falta de Pedro Rocha na entrada da área, que virou gol e definiu o placar.

“A minha equipe foi muito bem. O problema é que quando a equipe não consegue o resultado, está tudo errado. Minha equipe está muito bem, terminou o Gauchão em alto nível. E meu time vem muito bem na Libertadores, está tudo certo. Hoje sofreu a primeira derrota por erros de arbitragem. Vamos seguir assim. Não vou mudar nada nos treinos, no time”, disse Renato.

No Gauchão, o Grêmio já havia proporcionado momentos para Renato tergiversar. Após perder para o São Paulo-RS, em Rio Grande, o treinador reclamou do gramado ruim do estádio Aldo Dapuzzo. Na Arena, contra o Novo Hamburgo, na ida da semifinal, o técnico começou a citar desatenção. Na esteira da expressão ‘deu mole’, o treinador saiu de seu padrão e declarou: “Quase 90% da equipe não esteve em um bom dia”.

Na segunda partida da semifinal, porém, Renato voltou a se justificar após a eliminação nos pênaltis. E de forma genérica, com um novo ‘deu mole’. Foi uma definição diferente daquela adotada pela diretoria, que não tratou a queda no Gauchão de forma tão tranquila assim. Logo após o jogo, os dirigentes falaram em frustração. O comandante só foi usar o termo dias depois.

O auge, contudo, foi no primeiro jogo contra o Iquique. Depois de abrir 3 a 0, o Grêmio terminou a partida na Arena levando pressão e segurando a vitória por 3 a 2. Na entrevista coletiva, Renato Gaúcho repetiu cinco vezes a expressão ‘nana neném’.

“O problema foi o nana neném. Só isso. Dormiram, acordaram e viram o que estava acontecendo", disparou Renato. "Foi o que falei a eles no vestiário. Dormimos, não vou cansar de repetir esse nana neném”, afirmou. “No segundo tempo deu aquele soninho, como deu no Gre-Nal e quase que a gente deixou escapar um resultado importante. Não se preocupem, o puxãozinho de orelha já foi dado”, disse ainda.

Semanas antes, o treinador determinou regime de concentração antecipada antes dos jogos. A programação, que sempre reunia os atletas na véspera das partidas em Porto Alegre, começou a convocar o elenco dois dias antes de a bola rolar. À época, Renato afirmou que ‘a carne é fraca’, mas não citou problemas extracampo do elenco.

A decisão incomodou alguns atletas, que se sentiram expostos pela alusão a exageros na vida particular. Para outros, o fato de Renato não citar nenhum caso específico foi bom.

Dono de 56,5% de aproveitamento na temporada, o Grêmio só volta a campo em 14 de maio. Até a estreia no Campeonato Brasileiro, diante do Botafogo, o Tricolor terá tempo para encontrar soluções e debater, com mais ou menos detalhes, as oscilações do time até aqui.