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Atlético-MG reencontra J. Wilstermann após 19 anos. Na primeira deu Galo

O zagueiro Alex Silva é o jogador do Jorge Wilstermann mais conhecido pelos brasileiros - Ronny Santos/Folhapress
O zagueiro Alex Silva é o jogador do Jorge Wilstermann mais conhecido pelos brasileiros Imagem: Ronny Santos/Folhapress

Enrico Bruno e Victor Martins

Do UOL, em Belo Horizonte

15/06/2017 08h00

Nessa quarta-feira a Conmebol sorteou os confrontos das oitavas de final da Copa Libertadores. Dono da melhor campanha na fase de grupos, o Atlético-MG vai enfrentar o Jorge Wilstermann, da Bolívia, que teve apenas o 15º melhor desempenho entre os 16 classificados para esta fase do torneio continental.

Enfrentar o Jorge Wilstermann por uma competição sul-americana não vai ser novidade para o Atlético. Há 19 anos, pela extinta Copa Conmebol, mineiros e bolivianos se enfrentaram pelas quartas de final. No primeiro jogo, em Belo Horizonte, no dia 5 de agosto de 1998, o Atlético venceu por 3 a 1, no Mineirão.

A volta, em Cochabamba, na Bolívia, menos de uma semana depois, no dia 11 de agosto, teve nova vitória do time brasileiro, por 1 a 0. Com o placar agregado de 4 a 1, o Atlético avançou à semifinal da Conmebol. Agora, 19 anos depois, os dois clubes vão se enfrentar pela principal competição de clubes da América do Sul pela primeira vez.

Em que pese o momento ruim do Atlético no Campeonato Brasileiro, a equipe alvinegra chega com favoritismo no confronto. Veja abaixo alguns detalhes do Jorge Wilstermann, adversário atleticano nas oitavas de final da Copa Libertadores.

Segunda pior campanha da fase de grupos

Thomaz Santos tem se destacado pelo Jorge Wilstermann - AFP PHOTO/AIZAR RALDES - AFP PHOTO/AIZAR RALDES
Jorge Wilstermann goleou o tradicional Peñarol por 6 a 2, na Bolívia
Imagem: AFP PHOTO/AIZAR RALDES

O sorteio colocou o Jorge Wilstermann no grupo 5, ao lado do Palmeiras, do Peñarol e do Atlético Tucumán. A equipe boliviana entrou como franca atiradora para enfrentar times do Brasil, do Uruguai e da Argentina, respectivamente. Mas fazendo valer a força como mandante, o Wilstermann conseguiu o que parecia bem improvável, pegou uma das vagas do grupo 5 nas oitavas da Libertadores.

Forte dentro de casa, mas frágil fora da Bolívia. Assim foi a campanha do Jorge Wilsterman, que somou nove pontos (três vitórias e três derrotas) e terminou a fase de grupos com desempenho melhor apenas do que o do Nacional, Uruguai, entre os 16 clubes classificados às oitavas. Foram 12 gols marcados e dez sofridos. Uma das três vitórias como mandante foi diante do Palmeiras e causou a demissão do técnico Eduardo Batista, substituído por Cuca.

Altitude ajuda, mas não incomoda tanto

Jogar em La Paz é um terror para os clubes brasileiros. Algumas vezes, a altitude de 3.600 metros causa mais temor do que as equipes da capital boliviana. Em Cochabamba, o Atlético também vai encontrar altitude, mas não como em La Paz. Na cidade do Jorge Wilstermann, a altitude é de 2.500 metros acima do nível do mar. Cochabamba e La Paz estão separadas por cerca de 370 quilômetros de estrada e aproximadamente 230 quilômetros em linha reta.

Mesmo com uma altitude muito menor do que em La Paz, é algo que com certeza vai fazer diferença no jogo de ida, que ainda não tem a data confirmada, mas vai acontecer na primeira semana de julho. Como comparação, a altitude em Belo Horizonte é de 850 metros. No entanto, jogar numa cidade 2.500 metros acima do nível do mar não é novidade para o Atlético. Nas edições de 2014 e 2015 o clube mineiro enfrentou o Santa Fe, em Bogotá, na Colômbia. A altitude na capital colombiana é de 2.600 metros. Nas duas idas até Bogotá o Atlético não foi derrotado, empate em 1 a 1, em 2014, e triunfo por 1 a 0 no ano seguinte.

Pensando na logística, o Atlético tem duas opções. Voo direto entre Belo Horizonte e Bolívia apenas fretando avião, como o clube já fez na fase de grupos, quando enfrentou o Sport Boys, no começo do maio. Caso contrário a delegação atleticana vai ter de seguir até outra cidade, provavelmente São Paulo, para fazer conexão até Cochabamba.

Ídolo da torcida trocou Wilstermann por São Paulo

Felipe Melo dá bronca em jogador do Jorge Wilstermann observado por Jean - Agência Palmeiras - Agência Palmeiras
Thomaz leva bronca de Felipe Melo, antes de trocar o Jorge Wilstermann pelo São Paulo
Imagem: Agência Palmeiras

Um dos jogadores mais queridos da torcida do Jorge Wilstermann era o brasileiro Thomaz, de 30 anos. O jogador ficou por quase três anos no clube boliviano, até chamar a atenção do São Paulo. Com uma boa proposta da equipe tricolor, Thomaz não teve dúvidas e deixou o clube mesmo com a Libertadores em andamento. Uma importante baixa na limitada equipe do técnico Roberto Mosquera.

Porém, outro brasileiro segue fazendo parte do elenco do Jorge Wilstermann. O zagueiro Alex Silva, que defendeu clubes como São Paulo, Cruzeiro e Flamengo, foi contratado no começo da temporada por causa da Libertadores. O defensor de 32 anos é um dos destaques do time boliviano nesta edição do torneio continental.

Bem na Libertadores, mal no campeonato local

Classificado às oitavas da Libertadores, o Jorge Wilstermann não vai muito bem no Campeonato Boliviano. São apenas 18 pontos conquistados em 18 partidas disputadas. São cinco vitórias, três empates e dez derrotas, com 19 gols marcados e 29 sofridos. Com um desempenho tão ruim na competição local, o Jorge Wilstermann ocupa apenas a 10ª colocação entre os 12 clubes que disputam a primeira divisão da Bolívia.

Neste domingo, às 16h local, o Jorge Wilstermann volta a campo pela competição, dentro de casa, contra o Oriente Petrolero, que ocupa a segunda colocação. Apesar do desempenho ruim na atual temporada, a equipe de Cochabamba tem 13 títulos nacionais e é o terceiro maior campeão da Bolívia, atrás apenas dos tradicionais Bolívar e The Strongest.

Confronto quase aconteceu na Libertadores de 1981

Se o Atlético participa da Libertadores pela nona vez, o Jorge Wilstermann já está na 17ª participação. No entanto, os dois clubes jamais se enfrentaram pela principal competição de clubes da América do Sul. Mas esse duelo quase aconteceu, em 1981. Naquele ano, o time boliviano foi semifinalista do torneio, o que é até o seu melhor desempenho até hoje.

Por um período, a semifinal da Libertadores foi disputada por grupos de três times. Jorge Wilstermann estava na mesma chave de Flamengo e Deportivo Cali. Apenas um ponto conquistado em quatro jogos e eliminação para o Flamengo, que posteriormente foi o campeão, ao bater o Cobreloa, do Chile, na decisão.

Mas antes de chegar à semifinal, o Flamengo enfrentou o Atlético num dos jogos mais polêmicos da história do clube mineiro. Com cinco expulsos pelo árbitro José Roberto Wright, o Atlético foi eliminado por não ter o mínimo de jogadores em campo. A atuação do juiz é contestada até hoje pela torcida atleticana.

E quem foi Jorge Wilstermann?

Nome de pessoa num clube de futebol. Afinal de contas, quem foi Jorge Wilstermann? Essa é a pergunta que muitos torcedores do Atlético vão se fazer nos próximos dias. A resposta está no Blog do Rafael Reis, que contou a origem do nome do clube boliviano antes do confronto com o Palmeiras, pela fase de grupos da Libertadores.

“Nascido em abril de 1910, Jorge Wilstermann Camacho era filho de um mecânico que se tornou o primeiro piloto comercial de aviões da história da Bolívia. Apesar de civil, ele se destacou durante a Guerra do Chaco, contra o Paraguai, quando cumpriu mais de 700 mil quilômetros de voo.

Uma tragédia fez com que Jorge fosse imortalizado. Em 1936, quando tinha apenas 25 anos, um acidente com o avião que ele pilotava rumo a Oruro provocou a morte de 13 pessoas. Entre elas, estava o piloto”, contou Rafael Reis em seu blog.