Topo

"Fantasma de Levir" no Atlético-PR aumenta pressão do Santos em decisão

Levir Culpi encara pressão contra o ATlético-PR por título nacional perdido em 2004 - Ale Cabral/AGIF
Levir Culpi encara pressão contra o ATlético-PR por título nacional perdido em 2004 Imagem: Ale Cabral/AGIF

Napoleão de Almeida e Samir Carvalho

Do UOL, em Curitiba (PR) e Santos (SP)

05/07/2017 04h00

Quando Atlético Paranaense e Santos começarem a rolar a bola nesta quarta-feira (04), às 19h15, na Vila Capanema, em Curitiba, um filme passará na cabeça do técnico Levir Culpi. Nascido em Curitiba, ele viveu momentos distintos com o Furacão. Revelado no Coritiba, “astro” da Sele-Boca – um time caríssimo montado pelo antigo Colorado nos anos 80 – Levir tem com o Atlético uma história mal resolvida no fim, mas com muitos detalhes no meio.

Hoje pressionado no Santos pelos três jogos sem vitória, Levir viveu em sua própria terra a dor da perda de um título nacional “no piloto automático” (nas palavras dele), para – curiosamente – o próprio Peixe. Era 2004 e o Furacão impressionava com Jadson, Fernandinho, Dagoberto, Dênis Marques e Washington. Só o Santos de Robinho e Ricardinho fazia frente àquele Furacão, numa perseguição implacável, rodada a rodada. Levir se aproximava da maior glória do futebol nacional trabalhando depois de muito tempo em sua Curitiba. 

Levir conduziu o sonho atleticano do bicampeonato nacional, mas a imagem que ficou foi a de frustração para os rubro-negros. Mario Celso Petraglia, hoje presidente do Conselho Deliberativo do Atlético, se tornou um desafeto. Perguntado sobre Levir 13 anos depois, não toca mais no tema: “Sem comentários, sem comentários sobre este assunto. Eu só falo de assuntos construtivos. Você entendeu?” Em 2005, ainda com a ferida aberta, Petraglia foi duro em uma entrevista coletiva concedida em maio daquele ano.

Os times se enfrentariam pelas quartas de final da Libertadores. O clima era de revanche para o Santos, mas Levir já estava no Cruzeiro. Petraglia então disse: “No dia do jogo contra o Grêmio, em Erechim, o Levir pressionou toda a diretoria para falar comigo. Eu não queria atendê-lo porque não achava que o momento era oportuno. Pressionado, fui e sentei. Não deveria ter sentado. E me penitencio. Depois, deveria tê-lo demitido. Não tive a coragem suficiente de fazê-lo. Me arrependo amargamente.”

Petraglia seguiu, à época, na coletiva registrada em 2005: “Horas antes do jogo, ele exigiu a renovação de contrato aos preços de sua oferta tida pelo Cruzeiro. Quando ele falou em cifras, eu falei: 'meu caro, vai à vida, o Atlético não tem estrutura pra pagar isso'. A cara dele, a motivação dele, o ambiente de lá para cá foi terrível". O empate com o Grêmio e a posterior derrota para o Vasco permitiram ao Santos ultrapassar o Atlético na classificação. Robinho voltou a jogar, com o fim do sequestro da mãe, e o Peixe levantaria a taça.

Os times se reencontrariam na Libertadores. O Atlético venceria os dois duelos com o Santos pela Libertadores, 3 a 2 em Curitiba e 2 a 0 em Santos. O time seria vice-campeão, perdendo para o São Paulo. Levir iria fazer carreira no Japão por seis anos, depois de Cruzeiro, São Caetano e Atlético-MG, retornando apenas em 2014 para o mesmo Galo que deixara. Quando perguntado se voltaria a trabalhar na cidade natal, foi enfático: “Acho que já completei meu ciclo em Curitiba”. Agora, só mesmo como adversário.

Questionado sobre a sua relação com o Atlético-PR e a perda do título nacional em 2004, Levir Culpi se mostrou incomodado. “É uma colocação desagradável (pergunta sobre o assunto), sou de Curitiba. Foi a segunda melhor campanha da história do Atlético. Tenho muito amigos em Curitiba. É inconveniente jogar lá porque temos negócios, restaurantes. Os cornetas vão dar palpite, é ruim, chato, só isso. Mas nós curitibanos, segundo o Diogo Portugal, o grande comediante, detestamos o fracasso. E detestamos também o sucesso. Esse é o problema de Curitiba”, disse Levir.

Para o duelo contra o Atlético-PR, Levir já definiu a equipe santista. O treinador segue sem contar com Ricardo Oliveira e Zeca, que se recuperam de lesões. Com isso, Jean Mota e Kayke continuam na equipe titular. Outra baixa é o meia Vitor Bueno, que sofreu lesão no ligamento cruzado anterior do joelho direito e só deve voltar aos gramados em 2018. 

Ficha Técnica
Atlético-PR x Santos
 
Data: 05/07/2017
Horário: 19h15 (de Brasília)
Local: Estádio Vila Capanema, em Curitiba-PR
Árbitro: Roberto Tomar (Chile)
Auxiliares: Marcelo Barraza e Claudio Rios (ambos do Chile)
 
Atlético-PR: Weverton; Jonathan, Paulo André, Thiago Heleno e Sidcley; Otávio, Matheus Rossetto e Lucho González (Carlos Alberto); Pablo, Nikão e Ederson (Grafite).
Técnico: Eduardo Baptista.
 
Santos: Vanderlei, Victor Ferraz, Lucas Veríssimo, David Braz e Jean Mota; Renato, Thiago Maia e Lucas Lima; Bruno Henrique, Kayke e Copete.
Técnico: Levir Culpi.