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Cuca ganhou "braço de ferro" com Melo, mas Libertadores é a contrapartida

Cuca foi porta-voz do "caso Felipe Melo" e agora tem responsabilidade ainda maior - Ricardo Moreira/FotoArena/Estadão Conteúdo
Cuca foi porta-voz do "caso Felipe Melo" e agora tem responsabilidade ainda maior Imagem: Ricardo Moreira/FotoArena/Estadão Conteúdo

José Edgar de Matos e Ricardo Perrone

Do UOL, em São Paulo (SP)

31/07/2017 04h00

Cuca saiu fortalecido no “braço de ferro” contra Felipe Melo ao anunciar a liberação do volante para procurar um novo clube. Todavia, a responsabilidade sobre o treinador do Palmeiras subiu na mesma proporção, e o comandante agora possui uma pressão ainda maior em relação ao futuro do clube na Copa Libertadores da América, principal objetivo traçado por diretoria e, especialmente, patrocinadora.

Ao afastar dos planos uma das contratações mais badaladas do ano – e mais comemoradas pelo diretor de futebol Alexandre Mattos -, Cuca adquiriu para si uma contrapartida dentro do clube: a vaga às quartas de final da Copa Libertadores, agora tratada com mais peso para avaliação do trabalho.

Uma classificação contra o Barcelona, no próximo dia 9, surge como fundamental para sustentar a confiança da direção nas convicções da comissão técnica, devidamente prestigiada por Mauricio Galiotte e Alexandre Mattos, mesmo com a queda na Copa do Brasil. Os resultados recentes no Brasileiro – quatro jogos de invencibilidade – servem como defesa.

O técnico do Palmeiras assumiu o papel de porta-voz da crise com Felipe Melo. Embora tenha tratado a decisão como um consenso com o diretor de futebol Alexandre Mattos e o presidente Mauricio Galiotte, o treinador, no último sábado, falou sozinho sobre o problema com o volante, depois da vitória por 2 a 0 sobre o Avaí, no Allianz Parque.

A diretoria se silenciou. Galiotte e Mattos, que estiveram na atividade de sexta-feira diante dos olhos da imprensa – horas depois de Melo conversar com Cuca -, não se pronunciaram no último sábado. A dupla se reunira com o treinador antes de ir ao Allianz Parque para tratar o assunto Felipe Melo, mas optou por não abordar o assunto publicamente.

Cuca Dudu - Cesar Greco/Ag. Palmeiras - Cesar Greco/Ag. Palmeiras
Cuca conversa com Dudu no treino de sexta, dia da decisão do "caso Felipe Melo"
Imagem: Cesar Greco/Ag. Palmeiras

Felipe Melo assumiu uma liderança de vestiário quando chegou ao Palmeiras. A influência foi quase imediata sob o comando de Eduardo Baptista. Cuca, por outro lado, centraliza mais as relações. O comportamento do jogador, dono de uma personalidade forte, se distinguia do encontrado pela atual comissão técnica no ano passado, durante a campanha do título nacional.

Para amenizar a chance de um problema maior, com uma insatisfação latente do “Ousado”, Cuca tirou Felipe Melo dos planos de maneira precoce e até comentou publicamente sobre este receio de a crise tomar proporções destrutivas. Neste momento, com cinco jogos, o camisa 30 pode se transferir para outro grande clube da Série A.

“Natural que vá fazer, a gente entende que por tudo o que o Felipe significa, não tem o contentamento. Não foi afastado, apenas no que penso de equipe, ele não encaixa a titularidade dele. A princípio, isso é uma coisa que no futuro que poderia dar problema. Não se trata aqui de laranja podre ou outras coisas que falaram”, declarou.

O meio-campista retornou ao Brasil para assumir um papel de protagonista. Rapidamente, Melo conquistou a torcida com atuações tanto dentro quanto fora dos gramados. Um dos nomes mais comemorados no Allianz Parque, o “Ousado” obteve um peso semelhante ao de atletas como Fernando Prass e Dudu com menos de seis meses de Palmeiras.

O respaldo da diretoria e da torcida surgia como obstáculo para Cuca impor a própria ideia de jogo. Agora, ao assumir a responsabilidade pelo descarte a um dos grandes reforços para o time campeão brasileiro, o treinador aumenta a pressão sobre o próprio trabalho.

A própria relação profissional de Cuca e Alexandre Mattos passou por momentos de diferenças nas últimas semanas; especialmente sobre a questão dos reforços contratados pelo dirigente – ambos discutiram recentemente na Academia de Futebol; tal problemática é negada por pessoas ligadas ao clube. 

Alexandre Mattos Mauricio Galiotte - Cesar Greco/Ag. Palmeiras - Cesar Greco/Ag. Palmeiras
Alexandre Mattos e Mauricio Galiotte mantêm prestígio de Cuca, mas a Liberta vem aí
Imagem: Cesar Greco/Ag. Palmeiras

Além de Felipe Melo, outras apostas como Michel Bastos e Miguel Borja, nomes mais badalados pelo diretor, são preteridos pelo treinador. Michel foi uma aposta após deixar o São Paulo desprestigiado, enquanto Borja custou R$ 35 milhões e hoje é a terceira opção como referência no ataque.

Dentro da diretoria palmeirense, Cuca segue prestigiado, como citado acima. A recuperação recente no Campeonato Brasileiro – a equipe ocupa a quarta posição com 29 pontos -, porém, não ameniza a pressão ainda maior pela classificação para as quartas de final da Copa Libertadores.

A dificuldade na competição é grande. Derrotado por 1 a 0 na partida de ida contra o Barcelona-EQU, em Guayaquil, o Palmeiras precisa vencer por dois gols de diferença no próximo dia 9 para seguir de fase. Caso contrário, os questionamentos retornam (ainda mais fortes), principalmente para a comissão técnica.