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Libertadores faz Mattos ter trabalho avaliado com mais rigor no Palmeiras

Danilo Lavieri

Do UOL, em São Paulo

09/08/2017 04h00

Pela primeira vez desde que chegou ao Palmeiras, Alexandre Mattos vê seu trabalho ser analisado de uma maneira mais crítica por torcedores e conselheiros. O diretor executivo de futebol está entre as pessoas mais pressionadas no clube para que avance às quartas de final da Libertadores no jogo desta noite.

Ele sabe disso. Embora afirme publicamente que não se envolve em política, o dirigente tem conhecimento que é alvo constante de críticas por parte de diretores e conselheiros, entre eles a mais influente voz no clube: o ex-presidente Mustafá Contursi.

Na última terça, no treino da véspera da partida no Allianz, ele acompanhou ao treino ao lado do presidente, Maurício Galiotte, do 1º vice, Genaro Marino, e do presidente do Conselho Deliberativo, Seraphim del Grande.

No centro das reclamações contra seu trabalho está a ausência de peças estratégicas no time, como um lateral esquerdo e um reserva para Alejandro Guerra, por exemplo. Em coletiva recente, ele evitou comentar a equipe posição por posição, mas disse que não contrataria mais nesta temporada.

Para o lado, o clube tem Zé Roberto, Michel Bastos, Juninho e Egídio. Todos são contestados no momento, mas o último conseguiu a preferência de Cuca, que pede paciência e apoio com o atleta constantemente.

No meio-campo criativo, o clube conta com nomes como Raphael Veiga e Hyoran. Os dois, no entanto, são classificados pelo próprio treinador como apostas do clube para o futuro. Na cabeça dele, ainda precisam de mais tempo para se firmarem como peças importantes. Por isso, tem mudado o time e escalado três volantes ou, por vezes, coloca os alas ofensivos no centro, como é o caso de Dudu. O retorno de Moisés será essencial para o setor.

Além disso, Mustafá e seus correligionários entendem que Mattos não pode ter o tanto de autonomia que tem no futebol neste momento. Já até sugeriram a criação do cargo de diretor de futebol estatutário, ideia que foi prontamente rejeitada pelo presidente Maurício Galiotte.

O COF (Conselho de Orientação e Fiscalização), órgão que também é dominado por Mustafá, ensaia há tempos uma reclamação formal a Galiotte por causa do excesso de comissões pagas a empresários na gestão de Mattos. Só com Felipe Melo, por exemplo, foram gastos R$ 2,5 milhões.

Em contrapartida, Mattos conta com ótima relação com a Crefisa. Com elogios públicos feitos pela presidente, Leila Pereira, o dirigente tem liberdade para conversar diretamente com a patrocinadora e pedir por reforços. Mais de R$ 100 milhões já foram gastos neste ano em reforços.

O diretor ainda pode usar como escudo os títulos da Copa do Brasil de 2015 e o Brasileirão de 2016 conquistados sob o seu comando. Ele também repete constantemente que sua maior vitória foi ter retomado o orgulho do torcedor alviverde em acompanhar o seu time. Há três anos, lembra ele, o Palmeiras lutava contra o rebaixamento.

Apesar da pressão, Mattos tem prestígio com Galiotte e é bastante respeitado pelos atletas. Para o clube, é importante destacar que o ano de 2017 não precisa necessariamente ser considerado um fracasso caso a eliminação venha nesta quarta-feira.