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Música de rapper Projota inspira Vasco antes do duelo com o Racing

Bruno Braz

Do UOL, no Rio de Janeiro

26/04/2018 04h00

“Já fui vaiado, humilhado, atacado, xingado, ameaçado, nunca amedrontado. Aplaudido, reverenciado, homenageado, premiado pelos homens, por Deus abençoado...”. Os versos da música “Moleque de Vila”, do rapper brasileiro Projota, há tempos têm servido de inspiração para atletas no país. No Vasco, não é diferente. No vestiário antes das partidas o hit é obrigatório e mais uma vez servirá para mexer com o brio dos jogadores, desta vez contra o Racing (ARG), nesta quinta-feira, às 21h30, no decisivo duelo pela quarta rodada do Grupo 5 da Copa Libertadores.

A canção é praticamente uma autobiografia do cantor paulista, que assim como a maioria dos boleiros do Brasil cresceu enfrentando dificuldades e conseguiu vencer na vida.

O responsável por executá-la nos dias de jogos é o lateral esquerdo Fabrício. Segundo os companheiros, ele é o “DJ” do elenco e sempre a coloca na playlist do som portátil que toca a pleno vapor enquanto os jogadores vestem seus uniformes e se aquecem para entrar em campo.

Um dos maiores fãs da música, Thiago Galhardo revela que ela serve de inspiração para o grupo cruzmaltino.

“A letra dessa música é bem legal. A gente sempre ouve antes dos jogos, sempre está tocando. É uma música que eu levo para mim, pela letra que é, pelo fato do cara (Projota) ter vencido, então serve de motivação para você vencer também. Ouvi-la antes de entrar em campo sempre dá um algo a mais”, declarou ao UOL Esporte o meia, que costuma ser um dos mais empolgados com a canção.

A mensagem de superação do hit já ajudou até mesmo o Brasil a obter uma medalha de ouro nos Jogos Paraolímpicos de 2016, no Rio. Na ocasião, o jovem Daniel Martins, então com 20 anos, venceu os 400 metros na classe T20 (deficiência intelectual) e, de quebra, bateu o recorde mundial.

Após a prova, o atleta revelou que a música que ouviu e o inspirou antes de correr foi justamente “Moleque de Vila”.

Ao UOL Esporte, Projota ressaltou que a ideia era transmitir uma mensagem ao “cidadão comum”, mas que acabou também atingindo os esportistas.

“Na real eu faço para o cidadão comum. Acaba vindo de tabela a oportunidade de inspirar nossos atletas. Faço para o trabalhador, para o cara que vai para a faculdade, para o cara que está na correria para arranjar um novo emprego... Conseguir inspirar atletas como ele é algo fantástico e muito gratificante”, disse o rapper na ocasião.

E é justamente o espírito de superação que terá de entrar em campo nesta quinta-feira contra os argentinos. Com apenas um ponto no Grupo 5, o Vasco é o lanterna e somente uma vitória interessa para manter viva a esperança de se classificar para as oitavas de final da competição. Na sequência, o Cruzmaltino pega o Cruzeiro também em casa e fecha a participação diante da Universidad de Chile, fora de casa. 

VASCO X RACING
Local:
São Januário, Rio de Janeiro (RJ)
Hora: 21h30 (horário de Brasília)
Árbitro: Diego Haro (PER)
Auxiliares: Raul López Cruz (PER) e Jesus Sanchez (PER)

Vasco
Martín Silva, Yago Pikachu, Werley, Paulão e Henrique; Desábato, Wellington, Thiago Galhardo, Wagner e Rildo; Andrés Rios
Técnico: Zé Ricardo

Racing
Musso, Saravia, Donatti, Sigalli e Soto; Domínguez, Zaracho, Solari e Centurión; Lisandro López e Lautaro Martínez
Técnico: Eduardo Coudet

Veja a letra da música "Moleque de Vila":

"Eu falei que era
Uma questão de tempo
E tudo ia mudar e eu lutei
Vários me disseram que
Eu nunca ia chegar, duvidei
Lembra da ladeira, meu
Toda sexta-feira
Meu melhor amigo é Deus
E o segundo melhor sou eu

Eu tanto quis, tanto fiz, tanto fui feliz
Eu canto Xis, canto Péricles, canto Elis
Torcedor do Santos
Desse pão e seco eu também quis

Não sei, feliz, mas geral merece não ser infeliz

Prosperei com suor do meu trabalho
Me guardei, lutei sem buscar atalho e
Sem pisar em ninguém,
Sem roubar também,
Então sei
Que hoje o meu nome é foda,
E meu sobrenome é pra caralho.

Deus olhou pra mim, disse assim
Escuta, neguin
Pegue este caderno e escreve em cada folha até o fim
Eu disse: Senhor sou tão tímido!
Sinto mó pavor
Só subir no palco
A perna congelou

Mas Rodei o Brasil
Cd na mochila foi 50 mil
Mão em mão
Na rodoviária passando mó frio
Quem viu, viu
Curitiba, meu tesouro, foi estouro
25 mil, tio, Dvd de ouro

Triunfo bombou, Leandro estourou, Michel prosperou
Dei valor, só trabalhador, homens de valor
Minha cor não me atrapalhou, só me abençoou
Quem falou que era moda, hoje felizmente se calou.

Vai, vai lá
Não tenha medo do pior
Eu sei que tudo vai mudar
Você vai transformar
O mundo ao seu redor
Mas não vacila
muleque de vila, muleque de vila
muleque de vila, não vacila
muleque de vila, muleque de vila, muleque de vila

Já fui vaiado
Já fui humilhado
Já fui atacado
Fui xingado, ameaçado
Nunca amedrontado
Aplaudido, reverenciado
Homenageado
Premiado pelos homens
Por Deus abençoado

Avisa o Rony que hoje é nós
Não tem show, tô sem voz
Se o Danilo não colar
Vou buscar de cross
Se o Marques chegar
Grita o Magrão
Liga, mó função
Tem churrasco, sem fiasco
Tira espinha do salão

Já cantei com Mano Brow
Com Eddie Rock, com Helião
Com D2, Com Mv
Dei um abraço no Chorão
Aprendi fazer freestyle no busão
Hoje é o mesmo freestyle
Só que a gente faz no fundo do avião

E hoje eu acordei chorando
Porque eu me peguei pensando
Será que lá de cima
Minha véia segue me olhando
Será que se me olhando ela ainda está me escutando
Será que me escutando
Ela ainda tá se orgulhando

Hoje tanto faz
Putaria tá demais
Mas ninguém se liga mais
Mas ninguém respeita os pais

Mas pra mim tanto faz
Porque ainda tem Racionais
Pra quem quer um diferente
Tem Oriente e Haikaiss
Raps nacionais
Rostos diferentes, mesmos ideais
Salve Sabota
E todo rap sem lorota
Os manos gosta de ir no twitter xingar o Projota
Mas trai a mulher e não abraça a mãe, faz uma cota

Desde dos 16 tô aqui
Outra vez vou sorrir
Vou cantar, vou seguir
Vou tentar, conseguir
Se quer falar mal, fala daí
Mas meu público grita tão alto
Que já nem consigo te ouvir

Olha lá o outdoor com o meu nome
Me emocionar não me faz ser menos Homem
Se o diabo amassa o pão, você morre ou você come?
Eu não morri e nem comi, eu fiz amizade com a fome

Vai, vai lá
Não tenha medo do pior
Eu sei que tudo vai mudar
Você vai transformar
O mundo ao seu redor
Mas não vacila
muleque de vila, muleque de vila
muleque de vila, não vacila
muleque de vila, muleque de vila, muleque de vila"