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Ramiro sai de 'pagador de contas' e vira coadjuvante de luxo no Grêmio

Grêmio tem apenas 10% dos direitos de Ramiro após operação em 2014 para pagar contas - Diego Vara/Reuters
Grêmio tem apenas 10% dos direitos de Ramiro após operação em 2014 para pagar contas Imagem: Diego Vara/Reuters

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

15/05/2018 04h00

Ramiro é aquele coadjuvante que tem pinta de protagonista. Em um time cheio de destaques individuais, como Marcelo Grohe, Geromel, Maicon, Arthur e Luan, o camisa 17 é titular absoluto graças a intensidade e polivalência. Volante, meia e lateral, ele passou de aposta de investimento simbólico a salvação das contas em uma temporada para lá de difícil. Agora, o status é bem diferente: um coadjuvante de luxo e quase indispensável.

Em entrevista ao UOL Esporte, Ramiro percorre a trajetória que o fez sair da condição de mero espectador para ator de um time já histórico.

"A gente construiu uma equipe com trabalho coletivo. Cada jogador agregando suas características e eu procuro ajudar. Procuro ser muito participativo e intenso", explica.

Aos 25 anos, Ramiro é também uma testemunha da transformação do Grêmio. Um dos líderes que os dias difíceis forjaram na Arena. No Gre-Nal 416, onde o Grêmio não conseguiu transformar o domínio em vitória, ele fez falta. É de Ramiro a missão de ajudar o meio-campo a apertar o adversário. É pela direita que ocorre a compensação de um lado esquerdo mais agudo há anos - primeiro com Pedro Rocha, depois Fernandinho e agora Everton.

"Eu jogo em uma função que não jogava e ali posso atacar e marcar. Tive que me adaptar, mas procuro dar equilíbrio ao meio-campo. Do outro lado, geralmente, vai alguém mais agudo e eu marco para ele ter mais tranquilidade lá do outro lado", conta Ramiro.

O incansável camisa 17 dos títulos em série lá atrás teve importância fora de campo. No início de 2014, em penúria financeira, o Grêmio vendeu 50% dos direitos econômicos de Bressan e Ramiro a um grupo de investidores. O dinheiro que entrou serviu para manter contas em dia. Compromissos que iam desde as contas básicas do clube ao salário do elenco.

"Quando a gente veio do Juventude, estávamos na quarta divisão e com certo nome por ter ido bem no time sub-20. Fomos muito bem em uma temporada com Copa SP e tudo mais. Ali foi onde o pessoal nos buscou e fomos comprados por um preço simbólico, algo bem baixo mesmo. Éramos apostas e um ano e meio depois o retorno foi bem acima das expectativas. Tanto com Alex (Telles, vendido ao Galatasaray) e quanto conosco (Bressan e Ramiro ficaram no Grêmio). Indiretamente a gente ajudou a pagar as contas mesmo", relembra.

A evolução no Grêmio saltou aos olhos a partir de 2016. Na campanha do penta da Copa do Brasil, Ramiro fez gol e acumulou boas atuações. A sequência como meia pela direita cobrou seu preço: rápida adaptação e com ajuda de tudo que for possível.

"É uma posição bem diferente para quem está acostumado a jogar de volante ou lateral. Como meia, o jogo é de costas para o gol. Muita gente não consegue fazer a função, mas eu tive de me adaptar", diz Ramiro. "Meus antigos DVD's, aqueles com melhores momentos, quem editava era eu. Sempre gostei de ver meus jogos, analisar o que eu fiz e não fiz. Agora ficou ainda melhor, né? Não é preciso olhar o jogo todo, o pessoal do CDD entrega as jogadas específicas. Eles dão tudo já pronto, mastigadinho, para ajudar. É um compacto que ajuda e eu gosto", complementa.

Nesta terça-feira (15) o Grêmio enfrenta o Monagas-VEN com time misto. Ramiro, suspenso no Gre-Nal, vai jogar e seguir a caminhada que o mantém como titular. A trajetória de quem saiu de aposta com valor simbólico a um dos líderes do grupo e motorzinho do meio-campo.

FICHA TÉCNICA
MONAGAS-VEN X GRÊMIO

Data e hora: 15/05/2018 (terça-feira), às 21h30 (Brasília)
Local: estádio Monumental, em Maturín (Venezuela)
Transmissão na TV: Fox Sports
Árbitro: Fernando Rapallini (ARG)
Auxiliares: Gustavo Rossi (ARG) e Cristian Navarro (ARG)

MONAGAS-VEN: Baroja; Romero, Trejo, Agnel Flores, Oscar González; Palacios, García, Suárez, Christian Flores, Luis González; Cádiz
Técnico: Johnny Ferreira

GRÊMIO: Marcelo Grohe; Madson, Geromel, Kannemann e Cortez; Jailson, Michel, Ramiro, Cícero e Alisson (Lima); Thonny Anderson
Técnico: Renato Gaúcho