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Sem reforma no Monumental há 40 anos, River estuda construir novo estádio

Monumental de Nuñez recebeu Copa de 1978 e divide opiniões em Buenos Aires - Leandro Miranda/UOL
Monumental de Nuñez recebeu Copa de 1978 e divide opiniões em Buenos Aires Imagem: Leandro Miranda/UOL

Jeremias Wernek e Leandro Miranda

Do UOL, em Buenos Aires (Argentina)

23/10/2018 11h00

O Monumental de Nuñez é um dos vários pontos turísticos de Buenos Aires, casa da seleção argentina em jogos de eliminatórias para Copa do Mundo e lar do River Plate. Mas o gigante de concreto pode ser substituído por uma nova, moderna e diferente casa. Há duas semanas, o presidente do próprio River falou abertamente sobre erguer outro estádio com capacidade para até 90 mil pessoas e o tema passou a dividir opiniões.

Inaugurado em 1938, o estádio de Nuñez passou por grande reforma antes da Copa do Mundo de 1978 e depois disso tem recebido intervenções pontuais. A mais recente foi em janeiro, por exigência de órgãos de segurança, no setor chamado ‘Centenário’.

O UOL Esporte visitou o local antes da partida contra o Grêmio, nesta terça-feira (23), pela semifinal da Libertadores. O Monumental de Nuñez aparenta bom estado de conservação, com limpeza e sinais de manutenção. A preocupação entre os dirigentes é o prazo de vida útil: 10 anos, segundo publicou o jornal Clarín.

Fachada do estádio do River Plate aparenta boa conservação - Leandro Miranda/UOL - Leandro Miranda/UOL
Estádio tem recebido manutenção e pequenas intervenções, mas sem grandes reformas
Imagem: Leandro Miranda/UOL

“Eu também tenho nostalgia pelo Monumental, mas temos que avançar, é preciso crescer. Precisamos de um estádio para 85 mil, 90 mil pessoas. Esse é o momento de passar para um novo estádio a 500m ou 600m do atual. Eu creio que temos uma oportunidade enorme porque River pode fazer. Temos a capacidade econômica de fazer um novo estádio. Temos que terminar de falar com o governo da cidade de Buenos Aires, com o governo federal e conseguir essas terras que estão muito perto”, disse Rodolfo D’Onofrio, presidente do River Plate, durante evento para arrecadar fundos a projeto social mantido pelo clube.

Uma das áreas especuladas como novo endereço do River Plate é ao lado do terreno onde atualmente está situada a sede do clube. A área fica entre o estádio e Espaço de Memória e Direitos Humanos, um centro de repressão à ditadura com direito a museu e centro cultural. A zona é toda costeada  pela Avenida Leopoldo Lugones, que facilita o acesso.

Gonzalo Pity Martínez, do River Plate (Foto: CA River Plate) - River Plate - River Plate
River não tem como ampliar capacidade do estádio. Arquibancadas, hoje, acomodam 66 mil
Imagem: River Plate

“Não sou o dono da verdade e vamos submeter isso a discussão. Mas eu estou disposto a dar a cara por esse projeto por que é um passo decisivo para o River. Nem todos estão de acordo e vamos discutir na diretoria. Eu sei que muita gente não quer deixar o Monumental pela nostalgia, eu também tenho isso, mas na vida é preciso ir para frente e construir um novo estádio moderno para nos dar orgulho. Para os nostálgicos, digo que o nosso estádio vai seguir até que a gente termine de construir outro”, comentou D’Onofrio à Fox Sports.

Entre os conselheiros e figuras importantes da política do River, o tema divide opiniões por envolver investimento pesado dos cofres do clube e eventualmente pode afetar o desempenho do time. Mesmo sem nenhum projeto concreto apresentado, a oposição à gestão de Rodolfo D’Onofrio adotou discurso contra saída de Nuñez. Para outro segmento, as declarações recentes foram dadas para medir a reação popular com o tema. Em caso de apreço, o plano decola.

“Sou absolutamente contra a troca de estádio. Imaginem os romanos mudando o Coliseu ou os gregos fazendo isso com o Partenon: ridículo. O estádio do River Plate é, definitivamente, o melhor que há na Argentina e está em um lugar estratégico. Não existe lugar melhor. Além disso, neste prédio se realizam várias atividades além do futebol”, disse Leonardo Barujel, candidato derrotado por D’Onofrio nas eleições do ano passado.

A reforma do estádio, mantendo o clube no mesmo lugar, é apontada como difícil. Sem condições estruturais de receber novas arquibancadas, o estádio que tem nome oficial de Antonio Vespucio Liberti precisaria abrir mão da pista atlética para ganhar mais assentos. Em consequência, o gramado teria que ser rebaixado e aí vem uma outra limitação física: os lençóis freáticos do Rio da Prata estão próximos demais da superfície.

Marcelo Gallardo, ídolo do clube como jogador e treinador, evitou se posicionar sobre o tema. O elenco também se mantém longe do assunto. E enquanto o futuro não chega, Nuñez envolve mais um jogo decisivo em sua mística histórica.