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Elber desceu escada campeão, chegou como vice e viu redenção 2 anos depois

Elber foi ídolo no Bayern de Munique e campeão europeu pelo clube em 2001 - AFP PHOTO BONGARTS/SANDRA BEHNE
Elber foi ídolo no Bayern de Munique e campeão europeu pelo clube em 2001 Imagem: AFP PHOTO BONGARTS/SANDRA BEHNE

Marcello De Vico e Vanderlei Lima

Do UOL, em Santos e São Paulo

08/04/2016 06h00

Ídolo do Bayern de Munique, o ex-atacante Élber não esconde que o clube alemão foi o mais marcante de sua carreira, especialmente quando o assunto é Liga dos Campeões - antes chamada Copa dos Campões. Campeão do torneio em 2001, o jogador, que passou também por Milan e Lyon, recorda em entrevista ao UOL Esporte a emoção de conquistar a Champions dois anos depois de ter sofrido uma das maiores decepções da carreira: a perda do título para o Manchester United depois de estar vencendo a decisão por 1 a 0 até os 45min da etapa final.

Élber assistiu ao jogo das tribunas, já que tinha operado o joelho. Lá ficou até o fim do jogo, quando foi chamado pelo então presidente da Uefa, Lennart Johansson, para descer ao gramado. No caminho das tribunas até o campo, onde até então comemoraria seu primeiro título da Champions, Sheringham e Solskjaer marcaram a favor do United já nos acréscimos e estragaram o sonho de Élber: “desci da tribuna campeão e cheguei no campo vice”.

“Essa lembrança foi bem negativa mesmo. A gente estava ganhando a Copa dos Campeões até o minuto 90 do segundo tempo, estava 1 a 0 para gente. Aí, quando levantou a placa, o juiz careca, aquele italiano [Pierluigi Collina], deu mais dois minutos de acréscimos e o Manchester United fez dois gols, e eles acabaram conquistando a Liga dos Campeões em cima da gente no estádio do Barcelona. Foi uma sensação horrível”, recorda Élber.

“O presidente da Uefa na época, o sueco Lennart Johansson olhou para mim e para o Lizarazu [ex-jogador francês], que a gente estava na tribuna, eu com o joelho machucado, eu tinha operado o joelho, ligamento cruzado, e ele disse: ‘vamos descer porque vocês são os campeões’... E quando a gente estava descendo, saindo da tribuna para chegar ao campo, aí aconteceram os dois gols do Manchester. Eu nem vi os gols, fui ver muito tempo depois. Eu desci da tribuna campeão e cheguei no campo vice, foi exatamente isso”, acrescenta.

Dois anos depois, porém, veio a redenção do Bayern e de Élber, no momento mais marcante da Liga dos Campeões em sua carreira – ao lado do título perdido de 1999. Desta vez, o adversário era o Valencia, e Élber estava em campo. Depois de empate por 1 a 1 no tempo normal, ele foi substituído aos 10min do primeiro tempo da prorrogação. E do banco de reservas, viu o alemão Oliver Kahn brilhar e pegar três pênaltis para garantir o sonha título.

“Foi bem trágico, bem marcante porque da perda do título a gente se fortaleceu mais ainda. A gente viu que tinha condições de chegar de novo na final e viu que você nunca deve desistir numa partida de futebol. A mentalidade alemã já é essa, nunca desistir. Não é fácil você chegar numa final, e chegamos em 2000/2001 e acabamos conquistando. Então, quando chegou em 2001, a gente falou: ‘olha, agora a gente tem que ganhar’, porque tinha muitos jogadores lá como o Oliver Kahn, Stefan Effenberg, o Paulo Sérgio, eu... Então falamos: ‘pô agora é a hora, agora não dá para perder não’”, conta Élber.

“E na final contra o Valencia estávamos perdendo de 1 a 0, um pênalti marcado, o Mehmet Scholl perdeu um pênalti para gente, depois o Effenberg fez um de pênalti e empatou para gente e foi para o tudo ou nada nos pênaltis. E no final o Oliver Kahn acabou salvando a nossa pele, vamos dizer assim [risos]. Pegou três pênaltis do Valencia e a gente acabou saindo campeão. Foi um jogo bem disputado entre duas equipes que ninguém esperava, e o Bayern de Munique até então não era o que é o Bayern de Munique hoje. O Bayern de Munique não investia em jogadores caros, então eram mais jogadores alemães”, acrescenta o ex-atacante.

E mesmo após deixar o time em 2003, Élber e Bayern de Munique continuam ligados até hoje. Tanto é que ‘representar o clube bávaro’ está na lista de atividades citadas pelo atacante quando questionado ‘o que faz da vida hoje’.

“Quando o Bayern de Munique precisa eu o represento nos quatro cantos do mundo. E tenho as minhas coisas particulares... Eu trabalhei um tempo como comentarista na televisão alemã, quando eu vou pra lá fazer algo para o Bayern de Munique vou para a televisão e faço comentários da Liga dos Campeões, Campeonato Alemão e pronto. Mas não que é um trabalho fixo”, destaca Élber, que ao contrário de alguns jogadores garante não querer trabalhar como técnico de futebol no futuro. E muito menos como empresário.

“Treinador não. Se for representante de um clube ou um diretor esportivo até me agradaria, mas de treinador não. E representante de jogador muito menos. Eu vejo cada coisa que acontece, que já me foi proposto para fazer, levar jogador daqui pra lá, e é uma maracutaia... Eu falei: ‘não, não é o meu mundo não, eu não preciso disso não, graças a Deus’”, completa.