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Recordista de títulos da Liga, ex-Real Madrid tem tempo mítico na correria

Kopa, Rial, Di Stéfano, Puskas e Gento (da esq. pra dir.): o esquadrão do Real - AFP
Kopa, Rial, Di Stéfano, Puskas e Gento (da esq. pra dir.): o esquadrão do Real Imagem: AFP

Do UOL, em São Paulo

11/05/2016 06h00

Diziam na sua época que ele poderia ter tido muito sucesso no atletismo. Desde pequeno, era o mais veloz da turma. Mas Francisco Gento gostava mesmo era de futebol, para sorte do Real Madrid. Hoje um senhor de 82 anos, o ex-atacante pode se gabar de ser o maior vencedor da história da Liga dos Campeões. São seis títulos no currículo, feito que ninguém conseguiu alcançar até hoje.

Alcançá-lo, inclusive, não é para qualquer um. Toda a agilidade que o creditava a ser um velocista de alto nível virou trunfo no gramado. Gento jogava pela esquerda e infernizava os marcadores com sua agilidade.

Os jornais espanhóis relatam que ele era capaz de percorrer 100 metros em menos de 11 segundos. Detalhe: usando uma chuteira dos anos 1950. Para efeito de comparação, o recorde espanhol dos 100m rasos é 10s14, de Ángel García, obtido em 2008. Seu apelido só poderia ser uma alusão a essa virtude: “Ventania do Mar Cantábrico”, referência ao mar que banha o norte da Espanha, sua terra natal.

Gento ganhou o primeiro título europeu aos 22 anos. Foram cinco conquistas seguidas pelo Real Madrid, entre 1956 e 1960. O sexto troféu, quando era capitão do time merengue, chegou em 1966. Ele fazia parte da equipe que muitos consideram até hoje a melhor geração da história do Real Madrid, ao lado de nomes como Di Stéfano, Puskas, Kopa e Rial.

Suas especialidades eram correr e dar assistências. No fim dos jogos, era comum o time acioná-lo com ainda maior frequência, já que Gento se cansava menos que os demais e sempre tinha uma energia extra nos últimos minutos. O espanhol defendeu seu país em duas Copas, em 1962 e 1966.

Mas ele fez história mesmo foi no Real Madrid. Além das lendárias seis taças do torneio que deu origem à Liga dos Campeões, Gento ganhou ainda 12 títulos do Campeonato Espanhol. Até ser ultrapassado por Xavi ano ano passado, ele era o jogador mais vitorioso do país com 23 conquistas (Xavi foi a 24).

“Eu me sinto um privilegiado por ter aprendido com os melhores e por ter ensinado quem chegou depois”, resume Gento, presidente de honra do Real Madrid. E depois de dar tantos troféus ao clube no campo, recentemente ele o fez de novo: doou mais de 1.600 peças que retratam sua história no time ao museu oficial do Real. Algo para poucos.