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Ele é o 2º brasileiro que mais jogou Champions e tem Ibra como melhor amigo

Marcello De Vico e Vanderlei Lima

Do UOL, em Santos e São Paulo

12/05/2016 06h00

Exceção feita a Roberto Carlos, nenhum outro brasileiro jogou mais Champions League que o lateral esquerdo Maxwell. São 93 jogos entre as passagens por Ajax, Inter de Milão, Barcelona e PSG, seu atual clube. O número surpreende até o próprio jogador, que admitiu em entrevista ao UOL Esporte que ainda não tinha se dado conta da marca que havia alcançado na carreira.

“Eu não sabia, não tinha nem noção. É uma surpresa agradável estar na relação desses jogadores que jogaram e representaram o Brasil na Liga dos Campeões. Não muda muito a minha humildade em saber que tem jogadores com muito mais expressão, com muito mais carreira do que eu, mas fico lisonjeado de participar de uma competição tão prestigiada assim várias vezes. Fico feliz, eu devo ter disputado 13 Ligas dos Campeões”, diz o lateral, que ainda está a distantes 35 jogos do companheiro de posição Roberto Carlos, que soma 128 partidas.

Na Europa desde 2001, quando deixou a base do Cruzeiro para defender o time principal do Ajax, da Holanda, Maxwell teve a oportunidade de atuar ao lado dos melhores jogadores do mundo e ser treinado por técnicos como Jose Mourinho – na Inter de Milão – e Josep Guardiola – no Barcelona. A experiência no clube catalão, aliás, é destacada pelo lateral.

“O grupo era espetacular, e para mim foi uma grande experiência, ser treinado pelo Guardiola, uma lição de futebol. E jogar com aqueles jogadores daquela época foi mágico, realmente estava todo mundo no auge da carreira e para mim foi uma lição de futebol”, recorda Maxwell, que ficou por duas temporadas e meia no Barça – período em que faturou sua única Champions.

“Eu saí por uma série de razões, porque é difícil você sair do Barcelona... Eu estava muito feliz com a família em Barcelona, mas por um momento esportivo eu decidi sair. Foi logo depois do jogo contra o Santos no Mundial de Clubes, final de 2011. Eu fui conversar com o Leonardo [na época diretor de futebol do PSG] e, e em janeiro de 2012, quando a gente voltou de férias, eu praticamente já tinha acertado tudo. Eu aceitei o projeto do clube e achei que era o momento de sair”, justifica o lateral, que já está há mais de quatro anos no Paris Saint-Germain.

Amizade com Ibra

Foi no PSG, inclusive, que Maxwell jogou (e ainda joga) com quem considera o melhor parceiro de toda carreira, tanto dentro como fora de campo: Zlatan Ibrahimovic. E a parceria dos dois não acontece apenas agora, no clube francês. Maxwell começou a jogar ao lado de Ibra já no Ajax. Depois, ainda ‘encontrou’ o atacante na Inter de Milão e no Barcelona – e agora no PSG.

“Uma das coisas que eu mais vou guardar é o bom relacionamento que eu tive com todos os atletas que joguei. Tenho grandes amigos, mas lógico que, pelo fato de eu ter chegado jovem no Ajax, junto com o Ibra, e termos jogado praticamente 11 temporadas juntos em diferentes clubes, a gente teve uma proximidade muito grande. Então com certeza o Ibra é o meu melhor amigo no futebol”, diz Maxwell, que ainda aponta a principal qualidade de Ibra como pessoa.

“A lealdade. Quando o cara gosta de você, ele faz tudo pra te ajudar. É um cara que está sempre contigo independente das situações. Eu sei que ele torce por mim da mesma maneira que eu torço pra ele... lealdade neste sentido”, acrescenta o lateral.

Geralmente coadjuvante nos times que passou, Maxwell foi pouco lembrado na seleção brasileira ao longo da carreira. Até chegou a fazer parte do grupo que disputou a Copa do Mundo no Brasil, sob o comando de Felipão. Mas foi reserva em quase todas as partidas (Marcelo era o titular) e só entrou em campo na disputa do terceiro lugar, contra a Holanda.

E segundo o próprio lateral, hoje com 34 anos, pode-se dizer que seu ciclo na seleção brasileiro já acabou. “Eu sou consciente que na minha idade, já não tem como voltar, mas me considero uma grande benção... Eu ter ido na Copa no Brasil, ter feito parte do grupo com o Felipão, que foi um cara que tenho que agradecer muito, que bancou a minha convocação praticamente no finalzinho... Eu fiz parte deste grupo que foi fantástico na Copa, então eu não me considero nem pouco e nem muito aproveitado. Sou feliz pelo o que eu vivi na seleção”, diz o lateral, que garante não ligar para o fato de ser menos badalado que outros jogadores brasileiros.

“Eu me sinto um abençoado, somente abençoado. Eu saí muito jovem do Brasil, sou consciente de que isso tira este conhecimento das pessoas... Joguei pouco na seleção, então isso também foi um fator para que as pessoas não me conheçam muito. Mas de maneira alguma eu me sinto esquecido, desprestigiado, isso faz parte do futebol e me sinto realmente abençoado, ainda mais depois de saber destes números [da Champions]”, acrescenta.

Aposentadoria está mais perto

Com a carreira perto do fim, Maxwell pretende jogar por mais uma ou duas temporadas. Pelo menos é o que projeta o lateral, que ainda não sabe por qual clube jogará em 2016/17.

“Eu pretendo jogar mais um ou dois anos. Existe a possibilidade de eu ficar aqui, e existem algumas outras possibilidades. Estou num momento de reflexão pra definir o que é melhor, não tenho fechado nada para nenhum lugar. Na França só seria o PSG, e se não for aqui eu não fecho porta nenhuma. Quero jogar mais uma ou duas temporadas, aí acho que já está na hora de parar”, diz Maxwell, que tem contrato com o PSG apenas até junho deste ano.

“Esses dois anos que eu tenho serão os últimos independente de ser na Europa ou no Brasil. Vai depender de algumas situações que eu tenho que definir, mas pode ser no Brasil. Independente do que eu for assinar a partir de junho, será meu último contrato, com certeza. Jogar no Cruzeiro seria um prazer, eu voltar aonde eu fui formado, onde eu tive uma história bacana. Mas como profissional eu tenho que esperar o que vai aparecer de oferta”, completa.

Brasileiros com mais jogos na Champions League

1. Roberto Carlos – 128
2. Maxwell – 93
3. Daniel Alves – 91
4. Kaká – 88
5. Lúcio – 85
6. Rivaldo – 78
7. Dida – 76
8. Élber – 73
9. Alex – 68
10. Gilberto Silva – 67
10. Fernandinho – 67