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Ex-pobre, Atlético gastou R$ 200 mi a mais que o Real para renovar elenco

AFP PHOTO / John MACDOUGALL
Imagem: AFP PHOTO / John MACDOUGALL

João Henrique Marques

Do UOL, em Milão (ITA)

27/05/2016 06h00

Zona sul de Madri. Região basicamente da classe operária, de baixa renda e sede do Atlético. O clube de 1903 e que carregou a fama de primo pobre do rival durante anos ficou no passado. Agora é rico, pode rivalizar com o arquirrival Real Madrid e com investimentos que superaram o do adversário da final da Liga dos Campeões, sábado às 15h45 (de Brasília), no estádio San Siro.

Folha salarial e receita ainda estão aquém do Real, mas o que espanta são os investimentos recentes. Como os 48 milhões de euros (aproximadamente R$ 200 milhões) gastos a mais que o rival para reforçar o elenco nas duas últimas janelas de transferência – a do verão entre julho e agosto de 2015 e inverno entre janeiro e fevereiro de 2016.

A cifra com reforços para a temporada é espantosa. 177 milhões de euros (aproximadamente R$ 725 milhões). Jackson Martinez (37 milhões de euros), Vietto (20 milhões de euros), Filipe Luís (16 milhões de euros) e Carrasco (15 milhões de euros) encabeçam a lista. 

Aqui, a consideração importante é a de que o maior reforço, Jackson Martínez, foi vendido para o futebol chinês por 40 milhões cinco meses depois de chegar. Ou seja, o clube gerou lucro com o negócio visto por muitos torcedores como calamitoso pelo fato de que o atacante colombiano não caiu nas graças do treinador Diego Simeone.

O investimento maciço do Atlético contrasta com a política utilizada para a formação de outros elencos vencedores. Em 2008-2009, por exemplo, no elenco campeão da Copa da Uefa, oito eram reforços com custo total de 8 milhões de euros (cerca de 33 milhões). O meio-campo brasileiro Cleber Santana era considerado um dos principais e foi contratado a custo zero, já que o contrato com o Santos havia acabado de expirar.

A mudança

Diego Simeone, técnico do Atlético de Madri, reclama da arbitragem durante jogo contra o Barcelona - REUTER/Sergio Perez - REUTER/Sergio Perez
Imagem: REUTER/Sergio Perez

O novo poder aquisitivo foi ganhando corpo a medida que os valores pagos pelos direitos de transmissão foram crescendo ano a ano, e assim, diminuindo a enorme diferença para os melhores remunerados Barcelona e Real Madrid. Há três temporadas, o time era o quarto melhor pago – atrás ainda do Valência – e recebia 40 milhões de euros (cerca de R$ 165 milhões) por ano contra 150 milhões de euros (aproximadamente R$ 615 milhões) de Barça e Real. Para a próxima, o novo rico Atlético vai ganhar 100 milhões de euros (quase R$ 401 milhões) diante da mesma quantia paga a Real e Barça.

Soma-se a isso a grande gestão recente na venda de jogadores. Saídas como as de Arda Turan (Barcelona), Mario Mandzukic (Juventus), Guilherme Siqueira (Benfica), Raúl Jiménez (Benfica), Raúl Garcia (Athletic de Bilbao) e Mario Suárez (Fiorentina) geraram ao clube quase 100 milhões de euros (cerca de R$ 400 milhões).

Elenco rico

Antoine Griezmann comemora gol marcado pelo Atlético de Madri - MIGUEL RIOPA/AFP - MIGUEL RIOPA/AFP
Imagem: MIGUEL RIOPA/AFP

O Atlético de Madri tem elenco extremamente valorizado no mercado de acordo com números levantados pelo site “transfermarkt“, especializado em negócios do futebol. Os principais nomes são o do goleiro Oblak (25 milhões de euros), o zagueiro Godín (35 milhões de euros), o meio-campo Koke (50 milhões de euros) e o atacante Griezmman (60 milhões de euros).

De acordo com o jornal AS, a folha salarial do Atlético de Madrid gira em torno de 50 milhões de euros (cerca de R$ 202 milhões). Já a do rival Real Madrid é quase o dobro.