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Zidane gera crise com CR7 para não repetir erro que quase lhe custou a Liga

Do UOL, em São Paulo

27/09/2016 06h00

O Real Madrid entre em campo nesta terça (27), contra o Borussia Dortmund (às 15h45), com suas duas maiores estrelas em rota de colisão. Cristiano Ronaldo saiu xingando Zinedine Zidane após ser substituído e o técnico teve de se explicar. O time lidera o Espanhol e é o atual campeão da Liga dos Campeões, mas um bate-boca entre o técnico e sua maior estrela dão ares de crise ao clube. Nenhuma novidade para o francês, que tenta não repetir o erro que quase lhe custou um título na temporada passada. 

A briga entre os dois ocorreu no último sábado. Cristiano Ronaldo foi substituído quando o time vencia o Las Palmas, viu o empate rival do banco de reservas e atacou o técnico Zinedine Zidane: “Por que eu? Faço tudo para fazer 2 a 1 e tomo no c...”, disse o atacante, segundo a leitura labial do canal espanhol Deportes Cuatro.

O bate-boca teria se estendido ao vestiário, de acordo com o diário Sport. Zidane teve de se explicar na última segunda, na coletiva de imprensa que antecedeu o confronto com o Borussia Dortmund, pela Liga dos Campeões. “Não é só Cristiano que fica assim. Quando saem de campo todos ficam nervosos. Estou tranquilo. Não sou tonto e ele é inteligente”, disse Zidane.

O francês soou tranquilo, quase como se a crise fosse calculada. No ano passado, Cristiano Ronaldo deu dois sustos na comissão técnica do Real Madrid. Um incômodo na coxa o tirou de três jogos, incluindo a partida de ida da semifinal da Liga contra o Manchester City. Depois, dores no joelho esquerdo fizeram o craque atuar na final contra o Atlético de Madri longe do 100%. A conquista da Liga, vale sempre lembrar, veio só nos pênaltis, no sufoco, com um CR7 apagado.

“Às vezes, me arrependo de não ter substituído Cristiano antes para que isso não aconteça. Ele precisa disso [ser poupado] de vez em quando. Para um treinador, quando você tem Cristiano, é necessário não terminar uma partida ou não jogar, mas é um jogador que quer jogar sempre e dar seu máximo. Vamos ver quando o recuperamos”, disse Zidane à época.

Aos 31 anos, Cristiano Ronaldo não é mais a fortaleza física que foi um dia. Não custa nada lembrar que ele perdeu a final da Eurocopa e o começo da temporada europeia com uma lesão no joelho esquerdo. Poupar ou não o português pode, na visão de Zidane, fazer a diferença para o Real no fim da temporada. A lição vem dos principais rivais.

Há dois anos, o Barcelona foi campeão da Europa com as principais estrelas em pé de guerra com Luis Enrique. Em sua temporada de estreia, o técnico espanhol estabeleceu um rodízio que mandou seguidas vezes o trio Messi, Neymar e Suárez para o banco de reservas. Como CR7, os sul-americanos fizeram bico e chegaram a bater boca com o chefe. Só que a medida deu resultado.

Naquele ano, o Barcelona chegou à semifinal da Liga dos Campeões com seus astros mais “frescos” que os demais. Um levantamento do UOL Esporte à época mostrou que só três jogadores do time catalão (Messi, Rakitic e Neymar) passavam de 40 jogos na temporada, contra sete do Real (Casillas, Bale, Benzema, Marcelo, Isco, Cristiano Ronaldo e Kroos), quatro do Bayern (Gotze, Neuer, Muller e Lewandowski) e quatro da Juventus (Chiellini, Lichsteiner, Pereyra e Tevez).

O detalhe? Àquela altura, o Barcelona havia jogado mais que todos os rivais diretos – 50 jogos, contra 48, 44 e 46 partidas, respectivamente. O resultado foi um domínio absoluto e o título da Liga, com o reconhecimento à tática adotada por Luis Enrique.