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Nova sensação da "geração belga" foi moldado pelo futebol de rua

Carrasco, Atlético de Madri - Sergio Pérez/Reuters - Sergio Pérez/Reuters
Carrasco (direita) comemora gols: jogador já superou rendimento da temporada passada
Imagem: Sergio Pérez/Reuters

Do UOL, em São Paulo

02/11/2016 06h00

Durante a Copa do Mundo de 2014 no Brasil, virou clichê falar da “grande geração belga” que tomava de assalto o futebol europeu. Quando o desempenho nos gramados brasileiros não foi estelar, o termo virou piada entre os especialistas brasileiros. Nesta nova temporada, um novo destaque mostrou que é algo especial nos gramados da região de Bruxelas. 

Depois de Eden Hazard e Kevin de Bruyne (para não falar de Lukaku, Benteke, Witsel ou o batalhão de zagueiros atuando em alto nível na Europa...), é a vez de Yannick Carrasco, meia-atacante do Atlético de Madri. Filho de uma espanhola com um português, ele fez carreira nas categorias de base do Genk, de Bruxelas, antes de ser contratado pelo Monaco, da França.

No time do principado, foram 103 partidas, 20 gols e 24 assistências em três temporadas. Foi tão bem que chamou atenção do argentino Diego Simeone quando foi preciso buscar um substituto para Arda Turan, que trocou Madri por Barcelona em 2015. Carrasco parecia apto para a vaga, mas a adaptação foi longa.

Em seu ano de estreia, foram apenas cinco gols na Espanha, atuando em um time muito consciente na defesa, mas com poucas opções ofensivas. Nesta temporada, com a chegada de Gameiro, o belga e o francês Griezmann dividiram as marcações e as oportunidades de gol. O resultado? Griezmann tem oito gols e Gameiro, cinco. O belga marcou sete gols na temporada, cinco no Espanhol e dois na Liga dos Campeões – incluindo o da vitória sobre o Bayern de Munique. Além disso, ainda soma três assistências - foi dele o passe para o primeiro gol de Griezmann na vitória sobre o Rostov, na terça.

“Carrasco trabalha muito, treina como se quisesse mais do que os outros”, elogia Simeone. “O ponto positivo é que ele segue crescendo, melhorando seu nível. E o mais importante é que ele é muito ambicioso. Sabe onde quer chegar. Se não perder essa ambição, poderá ser muito grande”, completa o treinador.

Ambição que deve ter vindo da infância difícil na periferia de Bruxelas – ele cresceu na cidade de Vilvoorde, vizinha da capital e casa da maior colônia de espanhóis da Bélgica. Por lá, o futebol era escape para as família imigrantes e ele vivia jogando na rua ou nos parques da cidade – encarando sempre rivais mais velhos. Mesmo quando já fazia parte das categorias de base do Genk, clube que defendeu dos 11 aos 17 anos, ele aparecia nas quadras e encarava atletas amadores.

“Ele é um jogador de rua, mesmo. Ele jogava torneios amadores e muitos dos recursos que tem vieram do futebol de salão”, explica Luis Rodríguez del Teso, olheiro do Atlético de Madri, ao diário espanhol As.

Carrasco tem três irmãos e idolatra a mãe, Carmen, que nasceu na Espanha, morou toda a vida na Bélgica e foi elogiada pela beleza na chegada do filho a Madri. Sobre o pai o jogador não fala: ele abandonou a família quando Yannick tinha dois anos e os dois não se veem há 15 anos.

Com o sucesso no Atlético de Madrid, a seleção da Bélgica já se curvou ao jogador. Ele é titular do time desde a chegada do espanhol Roberto Martinez ao comando técnico. Só ele e Eden Hazard (Chelsea) foram titulares nos primeiros quatro jogos do treinador, com jogadores como Kevin de Bruyne (Manchester City), Dries  Mertens (Napoli) e Kevin Mirallas (Everton) disputando as outras vagas ofensivas do meio-campo belga.

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