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James Rodriguez: de craque da Copa a terceiro reserva do Real em dois anos

Alberto Saiz / AP
Imagem: Alberto Saiz / AP

Do UOL, em São Paulo

07/12/2016 06h00

Em 2014, a Colômbia chegou às quartas de final da Copa do Mundo graças a James Rodriguez. Com a camisa 10 amarela, o meia encantou torcedores e especialistas que assistiram ao mundial com um futebol objetivo de passes rápidos e chutes precisos. Ele foi um dos craques da Copa e, por causa do que fez nos gramados brasileiros, acabou contratado pelo Real Madrid.

Pouco mais de dois anos passaram e aquele brilho se apagou. James só foi titular do Real cinco vezes na atual temporada – em 22 partidas do Real. Só uma vez ficou em campo por 90 minutos. Gols, só um, em uma vitória por 2 a 0 contra o Espanyol (em que acabou substituído antes dos 20 minutos do segundo tempo). O que aconteceu?

Zidane quer meias mais defensivos

A resposta mais fácil é olhar para o que o técnico Zinedine Zidane busca em seus meio-campistas. Olhe o trio titular: Casemiro é um cão de guarda e a dupla Kroos e Modric tem importante função defensiva. Os números mostram que eles contribuem muito para a proteção ao goleiro do Real.

Todos têm, em média, mais de 1,8 roubadas de bola por partida. A média de James (no Espanhol e na Liga dos Campeões) é de 1 por jogo, a pior desde que chegou à Espanha. Em interceptações, também. O colombiano não conseguiu nenhuma em jogos do Espanhol. Casemiro corta quatro passes por jogo. Modric, dois.

Terceiro reserva no meio-campo

Os mesmos números explicam, também, porque Isco, outro meio-campista talentoso do Real Madrid, também não tem jogado. O espanhol, porém, é um pouco mais efetivo defensivamente que o colombiano. Isco, por exemplo, tem média de 1,6 roubadas de bola e 0,5 interceptações por jogo. O que explica porque foi Isco, e não James, o escolhido para entrar em campo contra o Barcelona, por exemplo, já que Zidane segue sem contar com Kroos, em recuperação de uma fratura no pé direito.

O clássico, aliás, mostrou qual é a atual ordem de preferência de Zidane no meio-campo. Os titulares foram Modric, o também croata Kovacic (que também é melhor em estatísticas defensivas do que James) e Isco. No segundo tempo, entraram Casemiro, que está de volta após sofrer uma fratura na perna, e o espanhol Mariano. Indicação de que o colombiano, hoje, é apenas a sexta opção para o meio do técnico francês.

Para a partida desta quarta-feira, contra o Borussia Dortmund, às 17h45, pela Liga dos Campeões, o colombiano deve seguir no banco. O time já está classificado, mas ainda luta pela primeira posição no grupo – os alemães têm dois pontos a mais atualmente. Zidane não levou para o jogo Kovacic, o que deve indicar um meio-campo formado por Casemiro, Modric e Isco.

No ataque, aposta é nos jogadores da base

Uma alternativa seria buscar uma vaga no ataque. Mas, novamente, Zidane não parece muito inclinado a isso. Mesmo com a lesão de Bale, que operou o tornozelo, o escolhido para fazer o lado direito do campo foi Lucas Vasquez. Outro jogador das categorias de base do Real, Asensio, também já foi usado na função.

A situação é tão ruim que até na Colômbia o camisa 10 já é criticado. Após a derrota para a Argentina pelas eliminatórias, a imprensa do seu país disse que o jogador “teve um ano perdido” (El Tiempo) e está mais “ansioso, impreciso e mais dedicado a brigar do que jogar” (El Espectador). O El Colombiano até questionou se ele ainda merece ser titular da seleção.

R.Carlos: “precisa de carinho”

Com isso, todos têm uma teoria sobre o que acontece. Faustino Asprilla, ídolo do futebol colombiano (e ex-jogador do Palmeiras), por exemplo, culpou a amizade com Cristiano Ronaldo, já que James teria “incorporado os mesmos gestos” do português, principalmente quando não recebe a bola.

Roberto Carlos não foi tão crítico: “O que ele precisa é de um pouco de carinho. Eu já precisei da mesma coisa. Ele é um fenômeno, mas precisa de mais confiança”, disse o ex-lateral do Real e da seleção brasileira. Até Lionel Messi deu seu pitaco: para ele, o melhor para o colombiano seria sair do Real para jogar mais vezes.

Juventus, Manchester e Chelsea se interessam

O próprio Zidane nega problemas. Apesar de admitir que a situação de James é “um problema”, ele não fala do colombiano como carta fora dos planos. “Ele é jogador do Real Madrid e é um jogador importante. É claro que não vem jogando muito, mas conto com ele”, afirmou o ex-meia em coletiva.

A declaração, porém, não deve evitar que o ex-meia de Monaco e Porto se torne um dos jogadores mais buscados do mercado de inverno no futebol europeu. Manchester United e Chelsea, por exemplo tem interesse nele. Assim como Juventus. Para os interessados, essa temporada no banco deve significar economia: segundo site especializado TransferMarket, a cotação do colombiano caiu no último ano, com seu valor estimado descendo de 80 milhões de euros no início do ano para os 70 milhões atuais.