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Contra Atlético de Madri, Leicester quer provar que posse de bola é detalhe

Darren Staples/Reuters
Imagem: Darren Staples/Reuters

João Henrique Marques

Do UOL, em Barcelona

12/04/2017 09h03

O contra-ataque do Leicester já ganhou fama. Foi o resgate do clássico time inglês em velocidade pelos lados do campo e com perigosas bolas aéreas. Só que para chegar às quartas de final da Liga dos Campeões, a retranca foi levada ao extremo. A posse de bola atingiu a incrível marca negativa de apenas 23 minutos por jogo e o time obteve a inédita classificação para o mata-mata do torneio.

O tempo com a bola nos pés é a pior marca da atual Liga dos Campeões. Nesta quarta-feira, no Vicente Calderón, diante do Atlético de Madri, não é nenhum segredo que o Leicester vai se defender.

"Eu construí o Leicester pensando no Atlético de Madri do Simeone. Um time de pressão alta e forte defesa. Não consigo jogar contra grandes de outra forma e isso acabou virando um padrão”, explicou Claudio Ranieri, ex-treinador do Leicester, mentor do esquema que levou o Leicester ao título do Campeonato Inglês na temporada passada.

Ranieri foi demitido após uma sequência de resultados ruins na atual temporada. A especulação da mídia inglesa era de insatisfação dos jogadores com o esquema tático. No entanto, o atual técnico, Craig Shakespeare, não só manteve o esquema tático, como intensificou o jogo de contra-ataque.

Na campanha do título de Ranieri, o Leicester teve média de 44% de posse de bola – a segunda mais baixa do campeonato, à frente apenas do Sunderland (42,5%). E teve o segundo pior índice de passes certos, com 70,5% (o Burnley teve 67,3%)

Na vitória por 2 a 0 contra o Sevilla, no duelo de volta das oitavas de final da Liga dos Campeões, na Inglaterra, o Leicester teve apenas 26% da posse de bola. Um gol em cobrança de falta na área, e outro de contra-ataque, deixaram claro: jogar sem a bola segue sendo a melhor opção.

“Eu só mantive um trabalho do Claudio (Ranieri). Nada mais do que isso. Só estamos nas quartas de final graças a ele”, comentou Craig Shakespeare após a histórica classificação.

Os 23 minutos de média de posse de bola do Leicester significam 40% nas partidas. Isso, pois os jogos do time também possuem a pior média de bola rolando, com pouco menos de 60 minutos. É de se imaginar, que além da retranca e dos contra-ataques, o Leicester abusa da artimanha da cera.

Outro exemplo de sucesso do Leicester de Craig Shakespeare foi dado recentemente na vitória por 3 a 1 contra o Liverpool, pelo Campeonato Inglês. O time teve apenas 30% da posse da bola no confronto.

O elenco também rechaça a acusação de corpo mole para derrubar Ranieri. "Não estamos com mais vontade, isso é especulação da mídia. O Craig (Shakespeare) me pediu para jogar ainda mais alto, colado nos defensores e usar minha velocidade pelos lados. Deu certo", comentou o atacante Vardy, autor de dois gols contra o Liverpool.

O Leicester que encara o Atlético de Madri conta no time titular com 10 jogadores que participaram da conquista do Campeonato Inglês. A formação 4-4-2 está mantida, mas a posse de bola está cada vez menor.