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Semi da Liga dos Campeões testa fase de Marcelo como protagonista do Real

Marcelo comemora o gol da vitória do Real sobre o Valencia - Pierre-Philippe Marcou/AFP Photo
Marcelo comemora o gol da vitória do Real sobre o Valencia Imagem: Pierre-Philippe Marcou/AFP Photo

Do UOL, em São Paulo

02/05/2017 04h00

O Real Madrid tinha acabado de vencer o Valencia por 2 a 1 no último sábado (29), resultado fundamental para manter sua condição favorável entre os postulantes ao título da atual temporada do Campeonato Espanhol. Ainda no campo do Santiago Bernabéu, na capital espanhola, a reação do colombiano James Rodríguez, 25, foi emblemática: o dono da camisa 10 dos merengues dirigiu-se ao lateral esquerdo Marcelo, 28, que havia anotado um dos gols na partida, passou os braços ao redor do brasileiro e o levantou numa demonstração pública de reverência.

Não foi a única declaração de status do titular da seleção de Tite. Em entrevista coletiva, o lateral direito Carvajal relatou nesta semana que os jogadores do Real Madrid criaram um grito para o brasileiro. Em tradução livre, o restante do elenco se acostumou a gritar "Que bom você é, Marcelo". Às 15h45 (de Brasília) desta terça-feira (02), quando o time merengue receberá o Atlético de Madri na abertura das semifinais da Liga dos Campeões da Uefa, será ele o protagonista dos donos da casa.

“Sabemos da importância que Marcelo tem para nosso time. É um jogador fundamental. Vive o melhor momento da carreira, mas é um atleta que não se prende ao passado; pensa sempre no presente, quer sempre mais e está sempre tentando ajudar o time. Isso demonstra o quanto é grande”, enalteceu o técnico do Real Madrid, Zinedine Zidane, em entrevista coletiva.

Mais elogiado que CR7

É difícil falar em protagonismo de Marcelo num time que tem estrelas como o português Cristiano Ronaldo, eleito pela Fifa o melhor do planeta na temporada passada, mas nenhum jogador merengue tem sido tão importante para a equipe na atual campanha. Foi assim no duelo contra o Bayern de Munique, nas quartas de final da Liga dos Campeões: o lusitano marcou três vezes na vitória merengue por 4 a 2 na partida de volta, mas o brasileiro foi o mais incensado pela imprensa espanhola. O lateral interceptou duas bolas que iam na direção das redes e ainda criou todo o lance que originou o terceiro gol.

Marcelo criou oito chances de gol no jogo decisivo contra o Bayern de Munique – os alemães haviam perdido por 2 a 1 a primeira perna da eliminatória, devolveram o placar em Madri e só caíram na prorrogação. Além disso, foram quatro interceptações e três passes bloqueados pelo lateral, que demonstrou compromisso defensivo extremamente superior a seu histórico.

“Foi uma partida extraordinária do brasileiro”, classificou o jornal “Sport”, de Barcelona, depois da partida. “Sua jogada no terceiro gol foi antológica. Uma obra de arte. Antes disso, tinha sido providencial ao tirar duas bolas de dentro do gol”, corroborou o diário madrileno “As”.

Marcelo contra o Valencia - Susana Vera/Reuters - Susana Vera/Reuters
Imagem: Susana Vera/Reuters

No Campeonato Espanhol, Marcelo também tem sido fundamental para o Real Madrid na atual temporada. O brasileiro já distribuiu nove assistências – o líder merengue no quesito é o alemão Toni Kroos, que tem 11, e o recordista do torneio é o uruguaio Luis Suárez, do Barcelona, com 12.

A vitória sobre o Valencia, aliás, representou um recorde para o brasileiro. Marcelo acumula agora 212 triunfos em 290 partidas com o Real Madrid no Campeonato Espanhol. Com isso, superou Roberto Carlos (211 resultados positivos em 370 apresentações) e passou a ser o brasileiro com mais placares favoráveis pelos merengues na liga nacional.

“Precisávamos mostrar que tínhamos alma no fim do jogo e fizemos isso”, declarou o brasileiro após o jogo contra o Valencia. A questão anímica é justamente um dos principais motivos para o lateral ser considerado protagonista: é ele um dos responsáveis por manter em alta o emocional de uma equipe que anotou pelo menos 20% de seus gols na atual temporada nos últimos dez minutos das partidas.

Liderança no grupo

Atualmente, Marcelo é o segundo na escala dos capitães do Real Madrid. É ele que usa a braçadeira quando Sergio Ramos, o dono da faixa, não pode atuar.

No dia 23 de abril, por exemplo, o brasileiro deu uma importante demonstração de liderança. O Real Madrid tinha acabado de perder por 3 a 2 para o Barcelona, no Santiago Bernabéu, em partida válida pelo Campeonato Espanhol. O brasileiro tinha tido chance de parar Sergi Roberto no lance que originou o gol da vitória dos catalães, mas evitou fazer a falta. Depois do jogo, assumiu responsabilidade por isso.

Todos esses elementos fazem parte de um novo momento para Marcelo. Egresso do futsal e revelado nas categorias de base do Fluminense, o jogador chegou ao Real Madrid em 2007. Sempre foi tido como um lateral de muito talento, mas também acumulou polêmicas extracampo e críticas pela falta de compromisso defensivo.

Na seleção, por exemplo, Marcelo chegou a ter problemas com os técnicos Dunga e Mano Menezes. Tinha perdido espaço na equipe nacional até a ascensão de Tite, que o recolocou entre os titulares. O retorno do ala coincidiu com o grande momento do Brasil, que engatou uma série positiva nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018 e já assegurou vaga no torneio.

Marcelo deixou o Santiago Bernabéu no sábado com uma camiseta estampada com uma foto de Tony Montana, personagem de Al Pacino no filme “Scarface”. Além da imagem, a peça tinha a inscrição “Who do I trust? Me” (“Em quem eu confio? Em mim”, em tradução livre). No Real Madrid, contudo, a atual temporada mostra que ele não é o único.