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Gabigol quase sem jogar e apostas. Como Benfica virou fiasco na Champions

Rafael Marchante/Reuters
Imagem: Rafael Marchante/Reuters

Vanderson Pimentel

Do UOL, em São Paulo

06/12/2017 04h00

Seis partidas e nenhum ponto conquistado. O Benfica termina a Liga dos Campeões desta temporada com o pior resultado da história de um clube português no torneio. A política de gastar pouco para reforçar o elenco e a fraca atuação de contratações podem explicar o vexame português.

E essa política passa por dois nomes brasileiros. O atacante Gabigol termina a Liga dos Campeões com modestos 30 minutos em campo. Foi duas vezes a campo, não fez gol e sequer jogou mais de 20 minutos em uma partida. Douglas jogou um pouco mais, foram três partidas em campo. Mas a insatisfação da comissão técnica com ambos pode fazer com que eles deixem o clube já na janela de transferência em janeiro.

O sorteio da primeira fase parecia muito promissor ao campeão português na última temporada. Apesar do Manchester United, a equipe iria enfrentar Basel e CSKA pelo Grupo A do torneio. No entanto, as expectativas positivas se tornaram decepção logo na primeira rodada, quando os encarnados perderam para a equipe russa por 2 a 1 em casa.

Ao todo, o Benfica tomou 14 gols em seis jogos e conseguiu fazer apenas um, justamente no jogo de estreia, feito por Haris Seferovic, que chegou ao clube nesta temporada.

O jogador suíço pode ser considerado um dos símbolos da equipe nesta temporada. De passagens discretas por Fiorentina, Real Sociedad e Eintracht Frankfurt, o atacante acertou com o Benfica após seu contrato com o clube alemão terminar.

Investimento escasso

O desempenho no Benfica na janela de transferências ficou aquém do esperado até mesmo pelas atletas importantes que a equipe perdeu. Ao todo, o clube levantou 120,50 milhões de euros (R$ 462 milhões) só com as vendas de Ederson, Victor Lindelöf, Nélson Semedo e Konstantinos Mitroglou.

Para a vaga do goleiro brasileiro, que rumou para o Manchester City por 40 milhões de euros (R$ 153 milhões), o clube apostou na volta de Bruno Varela, que não conseguiu repetir os mesmos desempenhos do Vitória de Setúbal e da equipe sub-23 da seleção e em Mile Svilar, que foi a segunda contratação mais cara do clube na janela, por 2,5 milhões de euros (R$ 9 milhões). A revelação do Anderlecht de 18 anos ficou marcada pela falha no jogo contra o Manchester United, pela Liga dos Campeões, em sua estreia como jogador profissional.

Svilar - Carl Recine/Reuters - Carl Recine/Reuters
Imagem: Carl Recine/Reuters

Na defesa, o clube não contratou ninguém para a vaga de Lindelöf, que foi para o Manchester United por 35 milhões de euros (R$ 134 milhões). O técnico Rui Vitória optou por usar os experientes Luisão e Jardel como titulares. Mesmo sendo queridos pela torcida encarnada, os brasileiros não possuem a mesma agilidade do zagueiro sueco. Na derrota da última terça-feira, para o Basel, Jardel formou a zaga com Lisandro Lopez.

Muito se falou em substitutos para Nelson Semedo, mas o clube optou por apostar na contratação de Douglas, que chegou por empréstimo do Barcelona. O jogador, que até foi reserva do volante improvisado André Almeida, perdeu ainda mais espaço no time após o surgimento do jovem Rúben Dias, que vem se destacando na lateral direita do time português. O ex-São Paulo inclusive pode voltar ao time espanhol ainda em janeiro, seis meses antes do previsto pelo acordo entre Benfica e Barça.

Por mais que Jonas esteja em outra boa temporada, que o credencia a Bota de Ouro, o atacante ainda não teve um companheiro à altura após a saída de Mitroglou para o Olympique de Marselha. A falta de apoio ficou clara na Liga dos Campeões. Foram 287 minutos nas seis partidas e nenhum gol marcado no torneio europeu.

Mudanças no planejamento?

Apesar do vexame na Liga dos Campeões e do terceiro lugar no Campeonato Português, o Benfica deverá manter o técnico e sua linha de reforços baratos e apostas da base. O clube, que até agora mostrou interesse nos laterais Gino Peruzzi, do Boca Juniors, e Jose Luis Gómez, do Lanús, deve dar mais oportunidades a jovens como o atacante Diogo Gonçalves, o meia João Carvalho, o zagueiro croata Branimir Kalaica e o meia inglês Chris Willock.