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Corinthians pressiona FPF e diz que não entrará em campo com torcida única

Gobbi ao lado de dirigentes da FPF na Copa São Paulo; Corinthians faz pressão política - Junior Lago/UOL
Gobbi ao lado de dirigentes da FPF na Copa São Paulo; Corinthians faz pressão política Imagem: Junior Lago/UOL

Do UOL, em São Paulo

06/02/2015 17h34

O Corinthians ameaçou não entrar em campo caso seus torcedores não possam entrar no Allianz Parque no próximo domingo, no clássico contra o Palmeiras. Em nota oficial, o clube do Parque São Jorge pressiona a FPF (Federação Paulista de Futebol) para abrir o estádio para os alvinegros, sob pena de boicotar o dérbi.

"O Presidente Mário Gobi Filho dará entrevista coletiva no final da tarde desta sexta-feira e, caso persista a discriminatória e casuísta decisão de não se vender ingressos para os torcedores corinthianos para a partida do próximo domingo, o Sport Club Corinthians Paulista, envergonhado com a forma com que o futebol foi tratado neste episódio, vem a público informar que não entrará em campo", disse o texto divulgado pelo clube do Parque São Jorge.

A decisão judicial da 10ª Vara da Fazenda Pública deixou a FPF (Federação Paulista de Futebol) livre para liberar, ou não, a presença de duas torcidas no clássico do próximo domingo, entre Palmeiras e Corinthians. À reportagem do UOL Esporte, o coronel Marcos Marinho, diretor da entidade, afirmou que vai manter o veto aos fãs alvinegros. O clube aposta, no entanto, que a pressão política pode fazer a diferença.

“Ligamos na federação e eles nos pediram para aguardar uma resposta. Ainda não nos falaram nada, mas se disseram que vão manter a torcida única então tudo bem. A decisão da juíza deixa a federação exposta, já que o MP não pode aplicar nenhuma sanção. A federação tem de explicar porque quer torcida única só nesse jogo. Ela não pode jogar a culpa em ninguém”, disse Luiz Alberto Bussab, diretor jurídico do Corinthians.

O presidente do clube, Mario Gobbi, revelou que também entrou em contato com o vice-presidente da FPF, Reinaldo Carneiro Bastos, e não obteve resposta.

"O descumprimento dessa recomendação, olha o que o MP diz, cabe medidas cíveis e criminais. O judiciário derrubou isso. Ainda assim, liguei para o vice da federação, 'agora não tem mais pena, o senhor quer rever a sua posição e dar ao Corinthians o que é de direito, os 5 %?'. Não tive resposta satisfatória", afirmou, em entrevista coletiva no CT Joaquim Grava.

A questão toda é uma queda de braço entre os envolvidos desde o começo da semana, quando o Ministério Público recomendou que o clássico fosse jogado com torcida única. Sob ameaça de sanções administrativas, a FPF acatou o pedido na última quinta-feira e revoltou o Corinthians, que foi à Justiça.

O clube pedia que a venda de ingressos para as duas torcidas ou a suspensão do jogo. A juíza não fez nenhuma das duas coisas, mas vetou qualquer possível sanção do Ministério Público por entender que o órgão não tem autoridade para tanto. Dessa forma, a FPF voltaria a ter autonomia para definir sobre os bilhetes sem a influência de ninguém, o que animou o Corinthians.

A ameaça de não entrar em campo atende aos anseios de uma parte da torcida que faz campanha na internet pelo boicote ao jogo. Um dos slogans é uma frase, atribuída ao ex-presidente Vicente Matheus, que diz que o “dia em que a Fiel não puder entrar no estádio, o time não entra em campo”.

A ideia do Corinthians é que a história se desenrole politicamente ao longo da tarde. Se no fim do dia, a FPF não recuar, o presidente Mário Gobbi promete dar uma entrevista coletiva no CT Joaquim Grava para anunciar o boicote ao clássico.

Leia a nota oficial do Corinthians na íntegra:

"Conforme adiantado na data de ontem, o Sport Club Corinthians Paulista informa que buscou o Poder Judiciário para a defesa de seus interesses e dos interesses de seus torcedores, em razão de recomendação ilegal emanada pelo Ministério Público do Estado de São Paulo.

A MM. Juíza de Direito da 10ª Vara da Fazenda Pública da Capital recebeu a ação do Corinthians e concedeu parcialmente a tutela antecipada pretendida pelo Clube, para excluir a possibilidade de sanção indevidamente imposta pelo Ministério Público na recomendação.

Afirmou textualmente, a ilustre magistrada, que não consta proibição para a aquisição de ingressos por parte dos torcedores do clube visitante.

Assim, não estando a venda de ingressos proibida para os torcedores corinthianos, a responsabilidade pela manutenção da injusta e arbitrária recomendação do Ministério Público passa a ser exclusivamente da Federação Paulista de Futebol.

Nesse sentido, o Corinthians fica no aguardo da remessa da carga de ingressos para seus torcedores, prática reiteradamente adotada nos clássicos disputados entre os quatro clubes grandes clubes do Estado.

O Presidente Mário Gobi Filho dará entrevista coletiva no final da tarde desta sexta-feira e, caso persista a discriminatória e casuísta decisão de não se vender ingressos para os torcedores corinthianos para a partida do próximo domingo, o Sport Club Corinthians Paulista, envergonhado com a forma com que o futebol foi tratado neste episódio, vem a público informar que não entrará em campo."