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Manobra judicial do Corinthians falha e FPF mantém dérbi com torcida única

Clássico de domingo terá apenas torcedores do Palmeiras, apesar do esforço corintiano - Rodrigo Mattos/UOL
Clássico de domingo terá apenas torcedores do Palmeiras, apesar do esforço corintiano Imagem: Rodrigo Mattos/UOL

Gustavo Franceschini, Pedro Lopes e Ricardo Perrone

Do UOL, em São Paulo

06/02/2015 16h46

Irritado com a notícia de que o clássico com o Palmeiras aconteceria com torcida única, o Corinthians foi à Justiça. Em uma decisão em caráter de urgência, a 10ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo acolheu alguns argumentos do clube e retirou a possibilidade de qualque sanção do Ministério Público às partes. Com isso, a decisão sobre a realização do clássico voltaria às mãos da FPF. Consultado pelo UOL Esporte, o coronel Marcos Marinho, diretor da federação, manteve a postura de realizar o dérbi do próximo domingo só com palmeirenses no Allianz Parque.

O desenrolar dos fatos pode colocar um ponto final na discussão que se arrasta desde o início da semana, quando o Ministério Público recomendou que o clássico ocorresse sem visitantes no estádio. Sob a alegação de que há uma tensão exagerada entre as organizadas dos dois clubes, o órgão chegou a ameaçar FPF, Corinthians e Palmeiras de sanções legais caso não fosse atendido.

Com base no parecer do MP, a FPF se reuniu na última quinta e anunciou que cumpriria a orientação, com a qual o Palmeiras, dono do estádio, também concorda. Voz dissidente na discussão, o Corinthians se manifestou horas depois e foi à Justiça, pedindo a venda de ingressos para as duas torcidas ou a suspensão do confronto até que uma decisão definitiva pudesse ser tomada.

Em caráter de urgência, a juíza Luiza Rosas avaliou o caso nesta sexta. Na questão mais importante do processo, ela avaliou que não poderia suspender o jogo para não causar prejuízos ao campeonato e outros torcedores. Da mesma forma, não poderia decidir sobre a venda de ingressos para visitantes por se tratar de um evento privado.

Ela só acatou o pedido do Corinthians no que diz respeito ao Ministério Público. Segundo a juíza, o órgão não tem o poder de prever sanções a quem não cumprir suas recomendações. Rosas ainda observou que a orientação foi dada na véspera, sem a concordância das partes, o que tira o peso da medida. Na prática, a decisão jogou o caso de volta para as mãos da FPF, com a diferença de que agora a federação poderia avaliar sem a pressão do MP.

Nada disso, no entanto, deve mudar a visão da entidade. Em contato com a reportagem, o coronel Marcos Marinho, diretor da FPF, foi taxativo. "A gente mantém a decisão", disse o cartola, confirmando que o clássico contra o Palmeiras ocorrerá somente para torcedores alviverdes no Allianz Parque.

"Ligamos na federação e eles nos pediram para aguardar uma resposta. Ainda não nos falaram nada. Mas se disseram que vão manter a torcida única, então tudo bem, não podemos fazer nada, se essa é a vontade da federação. A decisão da juíza deixa a federação exposta, já que o MP não pode aplicar nenhuma sanção. A federação tem de explicar porque quer torcida única só nesse jogo. Ela não pode jogar a culpa em ninguém", disse Luiz Alberto Bussab, diretor jurídico do Corinthians.