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Desacreditado por todos, herói do Santos quase deixou o clube neste ano

Vladimir comemora defesa de pênalti cobrado pelo atacante Rafael Marques, do Palmeiras - Danilo Verpa/Folhapress
Vladimir comemora defesa de pênalti cobrado pelo atacante Rafael Marques, do Palmeiras Imagem: Danilo Verpa/Folhapress

Samir Carvalho

Do UOL, em Santos (SP)

04/05/2015 12h00

“Pude me tornar tetracampeão paulista pelo Santos, estou aqui graças aos meus companheiros. Só tem uma explicação, é Deus. Trabalhamos muito, teve muita desconfiança em mim e em todo o elenco”. O goleiro Vladimir, herói do Santos na conquista do título paulista de 2015, tem motivos para desabafar. Isso porque ele teve que superar a desconfiança de dirigentes, conselheiros e até torcedores, antes de ser exaltado na tarde do último domingo, na Vila Belmiro.

O camisa 12 ficou marcado, principalmente, na fatídica goleada de 8 a 0 sofrida pela equipe santista para o Barcelona, da Espanha, em amistoso em 2013.

Na ocasião, ele entrou no segundo tempo no lugar de Aranha e tomou mais quatro gols, já que a primeira etapa terminou com o placar de 4 a 0 para os espanhóis. Bastaram mais algumas falhas no ano seguinte para que o goleiro despertasse, de vez, a desconfiança da torcida.

.Nesta temporada, Vladimir pensou em deixar o Santos pela primeira vez após o clube anunciar a contratação de Vanderlei, que virou titular absoluto assim que chegou ao clube paulista. O herói santista sabia que só um milagre ou uma fatalidade o traria de volta ao gol titular. E aconteceu.

Vanderlei sofreu uma fratura no rosto e foi submetido a uma cirurgia, que o afastou do futebol, no mínimo, até o fim deste mês. Vladimir ganhou uma nova oportunidade e assumiu o gol no clássico contra o Corinthians, na Arena Corinthians. Nas redes sociais, existiam santistas que temiam por uma goleada por causa da presença de Vlad, como é conhecido no clube, no gol.

“Já pensei de tudo. Nenhum jogador gosta de ficar na reserva. Tem que mostrar insatisfação, mas mostrar e buscar”, disse Vladimir na ocasião.

O camisa 12, inclusive, era conhecido na cidade de Santos como "goleiro de treino", devido a fama de brilhar nos treinamentos no CT Rei Pelé e, principalmente, por não repetir o desempenho em jogos.

No entanto, Vladimir brilhou no clássico e foi comparado pela torcida santista e também pelo técnico Tite, com o goleiro Rodolfo Rodriguez, arqueiro uruguaio consagrado por uma sequência de cinco defesas, em 1984, na Vila Belmiro.

A comparação foi feita porque Vladimir parou Guerrero em uma sequência digna de ir para seu DVD de melhores defesas, com duas espalmadas à queima roupa sensacionais, uma delas de cabeça e a outra com chute dentro da pequena área. Depois, o peruano ainda tentou mais duas vezes pela esquerda e também parou no arqueiro.

O jogo contra o Corinthians foi um divisor de águas na carreira de Vladimir. Ele entrou em campo pressionado na ocasião. O seu desempenho no clássico determinaria se o Santos contrataria um substituto para Vanderlei ou não. O presidente Modesto Roma chegou a negociar com Felipe, ex-Flamengo.

Depois do jogo contra o Corinthians, Vladimir ainda brilhou na semifinal contra o São Paulo e nos dois jogos finais contra o Palmeiras. Neste domingo, além de uma espetacular defesa em chute de Zé Roberto de fora da área, o goleiro pegou o pênalti de Rafael Marques na decisão e se tornou um dos protagonistas do título paulista do Santos.

Vladimir já brilhava nos treinamentos quando Rafael foi promovido a titular do Santos em 2010. No entanto, o novo titular do gol santista se lesionou quando o então técnico Dorival Júnior queria colocá-lo no time na vaga de Felipe. Com isso, Rafael ficou com a vaga e só largou quando assinou sua transferência para o Napoli, da Itália.