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Rival do Corinthians, Novorizontino cortou lucro de empresários na base

Novorizontino briga por classificação no Campeonato Paulista - William Lima/Divulgação
Novorizontino briga por classificação no Campeonato Paulista Imagem: William Lima/Divulgação

Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

09/04/2016 06h00

Ser dono de 100% dos direitos econômicos de todos os jogadores da própria divisão de base é um objetivo considerado impossível nos grandes clubes brasileiros. Para o Novorizontino, que enfrentará o Corinthians no domingo, isso já se trata de uma realidade.

"Eliminamos pessoas que entravam no meio do caminho", resume Genílson da Rocha Santos, presidente do Novorizontino, a respeito dos empresários. 

Se no Corinthians essa é uma crítica recorrente à diretoria, que se habituou a ceder grandes porcentagens de algumas de suas principais promessas, no Novorizontino dizer não à cessão de direitos virou aposta para o futuro. Refundado em 2010 em função de dívidas, subiu três divisões e volta à Itaquera na luta por classificação às finais do Campeonato Paulista. A atual equipe, dirigida pelo ex-centroavante corintiano Guilherme, é recheada de veteranos. Mas, segundo Genílson, é uma situação temporária. 

Em 2015, quando ainda pertencia à Série A-2, o Novorizontino ficou entre os 16 melhores do Paulista nas categorias Sub-15 e Sub-17. As campanhas vieram pouco depois de o clube tomar uma decisão drástica nas divisões de base. A partir dali, todos os jogadores seriam 100% do clube. Sem empresários, sem investidores, sem equipes parceiras. No ano passado, o Corinthians só tinha, em média, 30% de seus jovens. 

Para pôr a ideia em prática, o Novorizontino alterou o sistema de captação de jogadores, um processo no qual normalmente os empresários parceiros costumam participar. "Entendemos que a qualidade cairia um pouco. Hoje, damos prioridades aos jogadores da região, para que tenham maior vida social com a família. Às vezes você precisa buscar mais longe, então nós temos alguns garotos do Nordeste", explica o presidente.

No Corinthians, jogadores jovens de diferentes origens e trajetórias habitualmente foram fatiados nos últimos anos. Malcom, vendido ao Bordeaux e que chegou ao Parque São Jorge com 11 anos, tinha 70% de direitos ligados a empresários. Guilherme Arana, captado aos 8 anos, teve 60% repassados a parceiros. Já Marciel, emprestado ao Cruzeiro e que chegou já nos juniores, é 50% corintiano. A exceção fica por conta de Maycon, revelação de 2016 e que é 80% corintiano. 

Para o Novorizontino, vice-campeão paulista de 1991 sob o antigo registro, antes de ser refundado, o desafio para o futuro será encontrar mais um Márcio Santos, zagueiro tetracampeão mundial e revelado naquela campanha. Nesta temporada, apesar da política dos 100%, o planejamento foi outro. "Conquistamos acessos muito rapidamente e priorizamos colocar o time em uma divisão interessante, mas fomos estruturando a base, melhorando as condições e fazendo o possível para o clube se sustentar", promete Genílson. 

Atualmente, o clube que jogará na Arena Corinthians domingo não tem uma equipe Sub-20 estabelecida. Utiliza, neste momento, praticamente todas as suas promessas nas equipes mais jovens, mas sabe que será preciso criar a categoria júnior para completar a transição desses garotos. "Em 2018, queremos ter o elenco já com boa parte deles. Por isso, já temos também o selo de clube formador da CBF".