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Como corintiano que chegou de graça passou à frente de Cristian no Paulista

Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians
Imagem: Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians

Dassler Marques e Diego Salgado

Do UOL, em São Paulo

03/05/2017 04h00

Principal marcador do meio-campo do Corinthians, o volante Gabriel evitava o terceiro cartão amarelo já havia cinco partidas até ser advertido contra a Ponte Preta, no domingo. Pendurado, chegou um instante depois no combate ao meia Clayson e, de uma vez só, abreviou sua elogiada trajetória no Campeonato Paulista e deu um prêmio a um companheiro de elenco.

Já escalado por Fábio Carille para a vaga aberta na finalíssima do próximo domingo, Paulo Roberto tem a chance de sair na foto do título, afinal o Corinthians vai a campo com vantagem de 3 a 0 no placar agregado. Anunciado na primeira semana da temporada, passou à frente daquele que seria, naturalmente, o jogador a concorrer por esse momento. 

Com histórico vitorioso no Parque São Jorge, o experiente Cristian foi excluído do Campeonato Paulista e afastado do grupo enquanto Paulo Roberto, silenciosamente, conquistou seu espaço dentro dos planos de Fábio Carille. Basicamente, por trilhar caminho, adotar posturas e fazer escolhas completamente diferentes daquele que foi um dos protagonistas na conquista do Estadual 2009. 

Na trajetória até a decisão do Paulistão, venceu pela simplicidade

Adquirido sem custos e com um dos menores salários do elenco, Paulo Roberto teve o aval de Carille, que já havia dado sinais em 2016 de que a confiança no futebol de Cristian não era grande. Ainda que tenha sido reserva no Sport e no Bahia, seus últimos clubes, Paulo estava na memória do treinador por três passagens: pelo Audax, em 2009, no Guarani, em 2010, e principalmente pelo Figueirense, entre 2013 e 2015. Por lá, além de vencer dois Catarinenses, se destacou no Brasileirão retrasado. 

Com investimentos direcionados para Gabriel [custou R$ 7 milhões], um alto salário para Cristian [R$ 420 mil mensais] e sem conseguir acordo por Rithelly, o Corinthians buscou o reserva dele no Sport. De graça, Paulo cumpriu as expectativas até aqui: entendeu rapidamente o funcionamento da posição de primeiro volante, se mostrou um jogador de muita doação nos trabalhos e, acima de tudo, com espírito de grupo. Aos 30 anos e na melhor oportunidade da carreira, não cria problemas em função do banco de reserva.  

No meio desse processo, comissão e diretoria deram sinais de que confiavam no volante escolhido em janeiro. Cristian perdeu espaço justamente por seguir caminho oposto: pressionado pelo custo de seu contrato, não conseguiu um bom futebol, tampouco a intensidade esperada para a posição. O banco não foi bem aceito por ele, que reagiu com rispidez ao ser excluído da lista do Paulistão e acabou afastado. Há seis semanas, trabalha em horários diferentes do grupo. 

Já no último domingo, Carille reforçou com dois gestos que não tem inseguranças com relação ao volante que será titular na Arena Corinthians. Com Gabriel amarelado, antecipou a participação de Paulo Roberto nas finais com a troca aos 6min do segundo tempo no Moisés Lucarelli. Já presente, ele contribuiu para o placar ser ampliado mais duas vezes e, na entrevista coletiva logo seguinte, foi confirmado pelo treinador: "joga o Paulo", disse. 

Rejeição inicial chateou Paulo Roberto, agora com a oportunidade de redenção

Paulo Roberto jogou 39 minutos na final do domingo passado em Campinas - Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians - Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians
Paulo Roberto jogou 39 minutos na final do domingo passado em Campinas
Imagem: Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians

Anunciado quando a torcida aguardava Rithelly e ainda não tinha Gabriel confirmado, Paulo foi um reforço que deixou torcedores irritados em um primeiro momento. Ele próprio, em recente entrevista ao UOL Esporte, falou com transparência sobre o tema. 

"Eu já esperava que seria um dos jogadores rejeitados, digamos, mas não esperava tanto. Vim de bons campeonatos brasileiros pelo Figueirense, Atlético-PR. Isso me pegou de surpresa, você fica chateado, sim. Não quer ser criticado. Isso era complicado porque no dia da contratação eu estava em casa, acompanhava na internet e só do meu lado a minha esposa, minha mãe e meu pai, todos acompanhando, e a gente fica um pouco triste. Algumas pessoas não te conhecem, não acompanham sua trajetória, mas entendo tudo isso", declarou. 

Elogiado depois de duas partidas feitas com a camisa do Corinthians, justamente ambas contra a Ponte Preta no Moisés Lucarelli, Paulo Roberto tem oportunidade de ouro de cravar seu nome na história do clube com a presença em uma finalíssima. Em um momento especial da vida, em que a esposa corintiana está grávida pela segunda vez, simboliza uma equipe que dá sinais de que pode ir longe na base da discrição. Do treinador ao novo titular.