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Titular na final, Camacho passou por drama familiar e busca força no filho

Camacho entrou em campo oito vezes após a tragédia familiar - Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians
Camacho entrou em campo oito vezes após a tragédia familiar Imagem: Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians

Diego Salgado

Do UOL, em São Paulo

06/05/2017 11h00

Um alento diante de tanta dor. O possível título paulista representará muito para o volante Camacho, que passou por drama familiar em fevereiro após a morte do pai em um trágico acidente de elevador. Neste domingo, o jogador terá a chance de ser campeão paulista como titular do Corinthians diante da Ponte Preta em Itaquera. Aos 27 anos, o atleta foi o escolhido para substituir o meia Rodriguinho, suspenso da partida decisiva.

Diante da dor, a participação de Camacho só foi possível graças ao filho pequeno, que completou um ano na última semana. Em foto postada no Instagram, o jogador ressaltou a importância da presença do menino e pediu que ele "continue dando a força que ele precisa para seguir em frente" - a esposa de Camacho está grávida de sete meses (dessa vez, uma menina).

No elenco do Corinthians, Camacho encontrou mais afagos. Logo após a morte de Anízio, o apoio irrestrito foi mostrado antes do clássico Corinthians e Palmeiras, em Itaquera. Misturados, os atletas das duas equipes mostraram uma faixa com a frase "Força, Camacho'.

Mas foi na figura do atacante Bruno Paulo que Camacho sentiu-se mais abraçado durante as horas de trabalho no Corinthians. A dupla se conhece desde a infância, pois jogaram juntos nas categorias de base do Flamengo. Segundo pessoas próximas aos atletas, Bruno Paulo era, inclusive, tratado como um filho por Anízio.

Superação após a tragédia

O acidente ocorrido no elevador da residência da família, no Rio de Janeiro, ainda feriu a mãe de Camacho, Rita, que precisou passar por um procedimento cirúrgico no tornozelo. O irmão Leonardo, que é paraplégico, teve ferimentos leves - o elevador foi instalado justamente para facilitar a locomoção dele, atingido por uma bala após uma briga em uma boate de Nova Iguaçu.

Camacho - Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians - Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians
Aos poucos, Camacho volta a sorrir
Imagem: Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians

Três dias depois da morte do pai, Camacho se pronunciou sobre o assunto, mais uma vez por meio das redes sociais. Na legenda de uma foto, o jogador do Corinthians deu mostras de como era a relação entre pai e filho.

"Eu não desejo isso a ninguém. Se eu pudesse, trocaria absolutamente tudo para não estar vivendo o que estou agora. A sensação de impotência e você olhar para frente e perder o seu norte é devassadora. Eu nunca vou superar a ausência do meu pai. Meu herói", escreveu o volante.

"O pai dele era muito emotivo, sempre junto ao filho. Sem cobranças, ele nunca cobrou resultado e performance, pedia apenas para ele ser participativo. O pai e a mãe sempre acompanharam de perto, como torcedores", afirmou o técnico Anthoni Santoro, que trabalhou com Camacho em todas as categorias de base do Flamengo.

Retorno aos campos

Depois da tragédia, Camacho foi liberado dos treinamentos por alguns dias, assim como Bruno Paulo. Ambos acompanharam o enterro no Rio de Janeiro. A volta aos campos se deu 30 dias depois - o volante foi titular na derrota por 1 a 0 para a Ferroviária em Araraquara.

Às vésperas de ser titular em uma partida tão importante, Camacho está preparado e fala pouco sobre o assunto. "Ele está equilibrado diante de tudo o que aconteceu. É uma dor absurda", disse Anthoni.