Topo

Oscar Roberto Godói

Arbitragem não pode ser usada como válvula de escape pelo Boca Juniors

Wilmar Barrios, do Boca Juniors, é expulso pelo árbitro Andres Ismael Cunha Soca na final da Libertadores com o River Plate - Denis Doyle/Getty Images
Wilmar Barrios, do Boca Juniors, é expulso pelo árbitro Andres Ismael Cunha Soca na final da Libertadores com o River Plate Imagem: Denis Doyle/Getty Images

10/12/2018 15h21

Se o jogo final da Libertadores tivesse acontecido em Buenos Aires, no estádio Monumental de Nuñes, com vitória de virada do River, 3 a 1, em cima do Boca, teria terminado da maneira tranquila como ocorreu em Madrid, no Santiago Bernabéu? Acredito que não. A careta que Benedetto fez, após marcar o gol do Boca, provocando Muriel, jamais seria ignorada pelos jogadores do River.

Disciplinarmente, o jogo foi tão tranquilo para o árbitro uruguaio Andrés Cunha que, em nenhum momento, foi pressionado pelos atletas de maneira grosseira ou agressiva. Nem quando expulsou Barrios, no início da prorrogação, deixando o Boca com um jogador a menos. 

Certamente, a expulsão pelo segundo cartão amarelo ficaria sob suspeita se o jogo fosse no Monumental com a presença só de torcedores do River. Entendo que o árbitro foi muito rigoroso em punir Barrios. A disputa foi normal, sem violência ou maldade e, talvez, tenha pesado contra o meio-campista do Boca a quantidade de faltas que cometeu nos 90 minutos. Teria o árbitro esquecido que Barros já tinha sido advertido por agarrar acintosa e persistentemente? Pode ser.

Em outros lances considerados complicados o árbitro acertou. Poderia ter optado pelo escanteio para o River no lance em que Pratto disputou a bola com o goleiro Andrada. Após orientação dos responsáveis pelo VAR, decidiu pela falta do atacante no goleiro. Jogo perigoso de Pratto por ter erguido demasiadamente o pé ao tocar a bola. Uma decisão coletiva sensata, pois marcar pênalti de Andrada em Pratto seria um absurdo!

Outro lance que chamou a atenção foi o tiro livre indireto, dois lances, a favor do Boca dentro da área de defesa do River. Pela dificuldade que tem em manter a barreira de jogadores na distância correta, é comum o árbitro ignorar quando o defensor disputa a bola com o atacante usando a sola da chuteira de maneira desproporcional. 

Pela reação dos jogadores e dirigentes pós encerramento do jogo, a vitória do River por 3 a 1 foi merecida e os integrantes da arbitragem não podem ser usados como válvula de escape pelo Boca. Árbitro e auxiliares se comportaram bem. Se a última impressão é a que fica marcada, a final da Libertadores merece elogios extensivos a todos, mesmo com os jogadores do Boca demonstrando uma insatisfação muito grande com a medalha de prata. 

Lá como cá o que vale mesmo é o primeiro lugar.

Leia mais colunas do árbitro Oscar Roberto Godoi:

Oscar Roberto Godói