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Oscar Roberto Godói

VAR está apitando os jogos no lugar do árbitro. É falta de personalidade?

Bruno Henrique é expulso pelo Flamengo contra o Fluminense pela semifinal da Taça Rio - Thiago Ribeiro/AGIF
Bruno Henrique é expulso pelo Flamengo contra o Fluminense pela semifinal da Taça Rio Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF

29/03/2019 13h19

O VAR é um recurso eletrônico que deve ser utilizado pelo árbitro para esclarecer dúvidas e corrigir erros interpretativos ou exatos. Porém, o árbitro do campo não pode deixar que o jogo seja apitado pelos operadores do equipamento. E é o que estamos vendo nos diversos campeonatos regionais onde a tecnologia está sendo usada.

Seria por orientação de quem comanda as arbitragens das Federações ou falta de personalidade de quem está com o apito ou a bandeira em campo? Árbitros e assistentes estão vendo as infrações e não marcam, não assumem o risco, optam pelo mais cômodo e ficam aguardando as orientações dos operadores do VAR.

Quem tem que olhar as imagens no vídeo é o árbitro do campo, o único que viu ou deduziu e interpretou a cena real de uma maneira que ninguém enxergou. Só ele estava naquela posição, naquele local. Vai até ao monitor e utiliza as imagens para confirmar ou modificar a interpretação inicial, sem ser influenciado por quem está assistindo o jogo só pela TV.

Tivemos erros grosseiros nos jogos que definiram os semifinalistas do Paulistão por omissão do árbitro de campo, despertando dúvidas: foi incompetência ou obediência? O Palmeiras reclamou dos critérios na utilização do VAR em Novo Horizonte e no jogo da volta, mesmo não precisando, foi beneficiado. O Santos teve um pênalti a seu favor no jogo contra o Red Bull Brasil, escandalosamente ignorado pelos árbitros. O time com a melhor campanha poderia ser o Santos e não o Palmeiras.

O clássico histórico Fla x Flu foi apitado eletronicamente. O árbitro Marcelo de Lima Henrique decidia inicialmente uma coisa e depois modificava drasticamente a interpretação seguindo orientações ou analisando as imagens de lances fáceis de serem apitados corretamente.

Não precisava de televisão para marcar a falta de Matheus Ferraz em Rodrigo Caio. Ele estava bem posicionado e viu. Se entendeu inicialmente que foi legal, não deveria ter anulado o gol que o Flu marcou, fazendo 1 a 0.

Também viu a agressão de Bruno Henrique em Gilberto, como o jogador do Flamengo já estava com amarelo, optou em marcar somente a falta. Precisou ser alertado pelos integrantes do VAR para ter a coragem de mostrar o cartão vermelho.

Carregando consigo um caminhão de erros favoráveis ao Flamengo ao longo de sua interminável carreira, Marcelo de Lima Henrique cometeu mais um ao dar apenas tiro de meta na jogada em que Everaldo foi derrubado por Léo Duarte dentro da área. Mais uma vez o VAR corrigiu o erro grosseiro do árbitro e o pênalti foi marcado.

Como o VAR pode modificar radicalmente a interpretação inicial? Incompetência ou obediência de quem está com o apito na boca ou com a bandeira na mão?

Oscar Roberto Godói