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Mauricio Stycer

De "pistola" a "zoeiro", 7 provas que Galvão foi o maior brasileiro na Copa

Em noite de folga, Galvão mostra o agito em uma praça em Moscou, na Rússia - Reprodução
Em noite de folga, Galvão mostra o agito em uma praça em Moscou, na Rússia Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

11/07/2018 04h00

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Com três vitórias, um empate e uma derrota, o Brasil passou pela Copa da Rússia sem deixar uma marca maior. O mesmo não se pode dizer do homem que narrou esta epopeia. Ouvido, em média, em 80% das residências com a TV ligada nos jogos, Galvão Bueno foi a voz da seleção no Mundial e, diferentemente dos jogadores, fez a diferença.

Fiel ao seu estilo, o “vendedor de emoções” transformou cada jogo do Brasil numa aventura, com direito a momentos épicos e outros involuntariamente cômicos. Sempre furioso com os árbitros, o narrador lembrou o Canarinho Pistola e quase entrou em campo para assinalar pênaltis a favor do Brasil. Foi cirúrgico e "zoeiro" ao rir do “gesto artístico” de Neymar. E, de folga, dividiu com o público uma noitada "enlouquecida" em Moscou. 

Além das cinco partidas da seleção, Galvão também narrou a abertura da Copa, entre Rússia e Arábia Saudita, e a primeira semifinal, entre França e Bélgica. No domingo (15) será a voz da Globo na final. Abaixo, sete grandes momentos do narrador na Copa:

Mau presságio: No primeiro jogo da Copa, após Golovin marcar o quinto gol dos russos contra os sauditas, o narrador não resistiu e soltou um dos seus bordões clássicos, mas de triste memória: “Virou passeio”. Imediatamente, seus fãs no Twitter lembraram do 7 a 1 - e gelaram. 

É um blefe!: O leve empurrão de Zuber em Miranda no gol da Suíça, na estreia do Brasil, enlouqueceu Galvão. “Seu juiz, vai olhar! Pra que tem árbitro de vídeo? Tem que ver. Tem que olhar”, começou. “É a desmoralização do árbitro de vídeo. É a desmoralização do árbitro de vídeo”, decretou. “Eu tô dizendo... Esse negócio de árbitro de vídeo vai dar lambança na Copa do Mundo. Já ajudaram a França, agora prejudicaram  Brasil”. E mais: “Pra que existe o tal arbitro de vídeo? Eu estou dizendo isso há meses e meses. É um blefe!”

Gesto artístico: A sofrida vitória sobre a Costa Rica, com dois gols no finalzinho, deixou Galvão bem irritado, em especial com o camisa 10 da seleção. “Está muito, mas muito longe do Neymar que se esperava na Copa do Mundo”, disse. A crítica mais dura veio após o árbitro de vídeo levar à anulação de um pênalti marcado a favor da seleção: “O gesto artístico (de Neymar) tirou o pênalti do Brasil”, lamentou o narrador. Por conta destas críticas, Galvão foi atacado nas redes sociais pelos “parças” do jogador.

O craque do time: Ressabiado com a reação que causou, Galvão evitou criticar Neymar ao narrar a partida contra a Sérvia. O mesmo fez o comentarista Walter Casagrande. Mas não passou despercebida a indireta que o narrador mandou ao camisa 10 ao narrar o gol de Paulinho no primeiro tempo: “Quem meteu a bola pra ele? O craque do time! Philippe Coutinho”, festejou. No intervalo repetiu: “Jogada magistral do Coutinho, que tem sido o grande jogador do Brasil nesta Copa”.

Moscou enlouqueceu! Ao final da primeira fase, Galvão tirou uma noite de folga e caiu na farra em Moscou. No Instagram, compartilhou com seu fã-clube detalhes da balada. “O que é isso, gente? Moscou enlouqueceu! Olha, olha, olha, o bicho pegou”, escreveu, descrevendo o vídeo que compartilhou em meio a centenas de torcedores em uma festa com música eletrônica na capital russa. Galvão mostrou que é gente como a gente.

O senhor é frouxo! A partida pelas oitavas de final marcou um momento de trégua com Neymar. Isso ficou claro no segundo tempo, quando o narrador se indignou com um pisão que o atacante sofreu de Layún. Vendo as imagens e a falta de reação do árbitro italiano Gianluca Rochi, reclamou: “Imagem mais clara que essa não existe”. E, como o italiano não deu cartão amarelo ao jogador mexicano, o narrador gritou: “Quer saber uma coisa? Seu juiz, o senhor é frouxo!”

Pi-po-cou!!! Galvão mostrou resignação durante a transmissão de Brasil e Bélgica. Reconheceu as qualidades do adversário e não elegeu nenhum culpado pela derrota. Foi uma narração surpreendentemente sóbria. Em apenas um momento do jogo, o narrador perdeu a cabeça. Na dúvida se houve um pênalti a favor do Brasil, ficou ansioso se haveria consulta ao árbitro de vídeo. “Vai olhar ou não vai?”, perguntou, como se estivesse falando com o próprio árbitro, o sérvio Mirolad Mazic. “Tá demorando demais!”, reclamou. E, como não houve marcação, gritou: “Pi-po-cou!!!”.

Mauricio Stycer