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Renato Mauricio Prado

Nos pés de Neymar

Neymar tenta dominar a bola no amistoso da seleção brasileira contra a Áustria - AFP PHOTO / JOE KLAMAR
Neymar tenta dominar a bola no amistoso da seleção brasileira contra a Áustria Imagem: AFP PHOTO / JOE KLAMAR

14/06/2018 04h00

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A seleção brasileira está pronta e as perspectivas são boas. Mas ainda há um ponto que me preocupa na equipe de Tite: como se portará Neymar, em termos coletivos. Não é segredo para ninguém, a preocupação do nosso camisa 10 em ser eleito o craque da competição e, se possível, também o artilheiro. Tudo para turbinar suas chances (no momento, diminutas) de disputar com Lionel Messi, Cristiano Ronaldo e Mohamed Salah o título de melhor jogador do mundo na temporada.

No primeiro tempo do último amistoso antes da estreia, vitória de 3 a 0, sobre a Áustria, a TV flagrou Neymar dizendo mais de uma vez para Phillippe Coutinho e Gabriel Jesus tocaram a bola pra ele. E, nos primeiros 45 minutos, sua obsessão em dar dribles de efeito e tentar arrancadas improváveis prejudicou o seu desempenho e o do time brasileiro.

Após o intervalo, principalmente depois de seu belíssimo gol, o panorama mudou. Como aliviado por já ter balançado as redes, após aplicar um drible desmoralizante no zagueiro e tocado a bola por entre as penas do goleiro, Neymar passou a se preocupar mais em jogar coletivamente e o passe de calcanhar que deu para Firmino, dentro da área, foi antológico e só não resultou em gol porque o arqueiro austríaco fez grande defesa.

Vejo Neymar em campo e me lembro de Iziane na quadra. Ela foi, depois da geração de Paula e Hortência (e Janete, logo a seguir) a maior estrela do nosso basquete feminino. Um talento raro, que a levou a brilhar também na WNBA, nos Estados Unidos. Mas foram incontáveis seus problemas com os treinadores da seleção porque jogava pra si. Instruída pelo empresário, tinha como principal objetivo marcar o maior número de pontos a cada jogo. Bola na mão dela, era arremesso na certa. Para o bem e para o mal.

É o que temo de Neymar nesse Mundial na Rússia. Como bem definiu Casagrande, recentemente, a estrela maior do Brasil, só tende a passar a bola para um companheiro mais bem colocado quando sente que ele próprio não terá mais chances de fazer o gol. E isso não é bom. Minha esperança é que Tite consiga convencê-lo a escolher sempre o que for melhor para o time. Se o fizer, creio que podemos sonhar com o título, em igualdade de condições com a Alemanha, a Espanha e a França.

A Argentina? Só se Messi fizer em 2018 o que Maradona fez em 1986. Tal como naquela Copa, o time argentino é fraco. Mas seus camisas 10...

Renato Mauricio Prado