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Copa 2018

Glossário tático: de A a Z, 25 termos que você vai ouvir na Copa do Mundo

Tite orienta a seleção brasileira durante amistoso contra a Austrália - Pedro Martins/MoWa Press/Arte UOL
Tite orienta a seleção brasileira durante amistoso contra a Austrália Imagem: Pedro Martins/MoWa Press/Arte UOL

Do UOL, em São Paulo

25/04/2018 10h30

Nos últimos anos, o aumento da importância de profissionais ligados à análise de desempenho em comissões técnicas brasileiras e como comentaristas de futebol no país fez com que termos técnicos invadissem o vocabulário de quem acompanha a modalidade de maneira mais assídua. Deste modo, entender uma coletiva de Tite, técnico da seleção brasileira, ou assistir a programas de televisão especializados pode ter ficado um pouco mais difícil para quem não acompanha a tendência. Por isso, o UOL Esporte preparou um glossário com 25 palavras que você provavelmente vai ler e/ou ouvir durante a cobertura da Copa do Mundo de 2018. Confira a seguir:

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    Amplitude

    É um conceito também conhecido como "jogar aberto": a distância entre os jogadores que estão mais abertos na largura do campo, ou seja, de uma linha lateral à outra linha lateral. Atacantes de lado podem dar amplitude, assim como laterais e meias, e a estratégia pode ser aplicada tanto na defesa quanto no ataque. O objetivo da amplitude é facilitar a troca de passes porque cria espaços vazios para o time avançar pelo meio, obrigando os jogadores da defesa adversária a se deslocarem para marcar.

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    Balanço

    Ele pode ser defensivo ou ofensivo. No primeiro caso, é o modo como se inicia o posicionamento da defesa quando o adversário está com a bola: se o lateral que está defendendo sai para dar um combate ao adversário que tem a bola e está atacando no seu setor, o lateral oposto precisa fechar com os zagueiros. Quando o adversário vira o jogo, o lateral que estava alinhado com os zagueiros sai para tentar roubar a bola e o outro fecha com a linha de zaga. Então, o balanço defensivo é um encaixe de marcação para o time se defender com mais segurança. Já o balanço ofensivo fala sobre a organização dos jogadores de ataque, mas quando o próprio time está sofrendo um ataque. São jogadores que estão à frente da linha da bola, mas recuados porque precisam tentar evitar que o adversário troque passes naquele setor. Ao mesmo tempo, estas peças precisam estar preparadas para mudar de função assim que houver chance de recuperar a bola, e por isso precisam estar próximos de onde está a bola.

  • Box-to-box

    Em português, significa "área a área". Essa expressão serve para caracterizar um jogador que atua no meio-campo e que tem qualidades tanto para atacar, quanto para defender, em uma função dinâmica que exige rápida mudança de comportamento. Vulgarmente, é o "camisa 8", o "volante moderno", que ocupa os espaços com inteligência, faz desarmes, disputa bola, lê o jogo rapidamente, tem qualidade de passe e chuta bem de longas distâncias. Neste vídeo, da final do Campeonato Gaúcho, Arthur parte da intermediária, invade a área e bate sem defesa. O volante do Grêmio é um dos melhores realizadores da função box-to-box no futebol nacional.

  • Compactação

    Ela pode ser defensiva ou ofensiva. No caso do time que quer evitar sofrer gols, ele estará compacto se as suas linhas de ataque, meio e defesa estiverem próximas, diminuindo o espaço entrelinhas (veja mais sobre esse conceito abaixo). A compactação defensiva diminui o espaço de jogo e dificulta que o adversário troque passes. Em outras palavras: um time que é pouco compacto precisa defender uma faixa muito maior do campo e deixa muito mais espaço para o adversário trabalhar a bola. Já a compactação ofensiva está ligada à proximidade dos jogadores quando o time ataca. A ideia é manter os homens de ataque próximos uns dos outros para que os passes saiam de forma segura - isso evita bolas esticadas, o que facilita o trabalho da marcação. A compactação também permite que o time pressione o seu adversário rapidamente caso perca a posse de bola durante o ataque. Neste vídeo, o Atlético-MG tenta pressionar o Ferroviário, em jogo da Copa do Brasil, rondando toda a área, mas o time cearense diminui os espaços e impede a ação.

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    Entrelinhas

    A explicação do conceito está no nome: o time que está atacando troca passes enquanto seus jogadores se movimentam para procurar espaços vazios na marcação adversária. Ou melhor, entre as linhas da marcação adversária. Essa movimentação no espaço entrelinhas serve para o jogador que recebe a bola tentar concluir o ataque diante de uma defesa desorganizada. Imagine um time no esquema 4-2-3-1, e o time adversário tentará conseguir buracos neste espaço entre a linha dos quatro zagueiros e a linha dos dois volantes. Em tempos de linhas próximas e compactação é cada vez mais difícil ter jogadores que explorem bem o entrelinhas.

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    Flutuação

    É uma movimentação conjunta na hora de defender, para que o time se organize rapidamente quando não está com a bola. Trata-se de uma orientação em largura (de uma lateral à outra) para a equipe se movimentar quando a bola é passada de um lado a outro no campo de jogo, enquanto o adversário tenta abrir espaços.

  • Infiltrador

    Na visão do técnico Tite, Gabriel Jesus "precisa de infiltradores" para render bem na seleção brasileira. Isso significa que o atacante do Manchester City tem mais facilidade na hora da finalização quando tem opção de trocar passes com jogadores que estão se aproximando dele. Infiltração é este movimento do jogador em direção à área do adversário ou ao gol sem ter a posse de bola, mas esperando o toque. Infiltrar é correr e se posicionar no espaço vazio do campo, e o infiltrador é o jogador que tem essa qualidade de tocar e se projetar em velocidade. Neste vídeo, Elias aparece como infiltrador, um "elemento surpresa" na área adversária.

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    Interior (ou Interno)

    É um jogador de meio-campo que não é defensivo como o volante ou criativo como o meia. Um interior pode ser um segundo volante, pode ser um terceiro homem, pode ser um meia-esquerda... Interior (ou interno) é o posicionamento de meio-campo entre o volante (o mais próximo da linha de zaga) e o meia central (o mais próximo da linha de ataque). É uma posição, e dentro dessa posição pode haver variadas funções.

  • Jogo apoiado

    Tite fala disso toda hora. É um mantra do futebol moderno e um conceito do comandante da seleção. A ideia é que o jogador que tem a posse de bola sempre tenha alguma opção para jogar, com companheiros próximos para trocar passes e o objetivo de avançar no campo de defesa do adversário. Então, um jogo apoiado exige posse de bola e troca de passes em espaços curtos, basicamente. É um conceito muito trabalhado em treinamentos, em que os times abrem mão das bolas longas para ter jogadas mais construídas. O gol de Rodriguinho contra o Fluminense é exemplo do jogo apoiado do Corinthians, com aproximação, abertura de espaços e troca de passes.

  • Jogo reativo

    Não é retranca. Basicamente, é uma estratégia em que o time se baseia nos movimentos do adversário e apresenta alguns comportamentos justamente em função dos acontecimentos da partida. Há a tentativa de forçar erros do adversário e resolver os jogos em contra-ataques. Está longe de ser um estilo vistoso, mas valoriza características como a pressão para recuperar a bola, a intensidade e inteligência sem a posse de bola e a ocupação de espaços. Muitas vezes, a principal característica de um time é impedir que o adversário faça jogadas. O Corinthians campeão brasileiro de 2017 é um bom exemplo de time reativo. Neste vídeo, o Atlético-MG estava atacando, mas o Grêmio recuperou a posse de bola, reagiu rapidamente e marcou, com Pedro Rocha.

  • Linha alta e linha baixa

    A linha defensiva da equipe, chamada por alguns especialistas de "linha de confronto", é onde o time que se defende começa a dar pressão no adversário para recuperar a bola. Quem joga com linha alta começa a defender "mais cedo", ou seja, pressiona o adversário em sua saída de bola, quase sempre no campo de defesa. Por outro lado, quem joga com linha baixa começa de fato a se defender próximo ao meio-campo. Você dá mais espaço aos atacantes adversários jogando com linha baixa, mas consegue se organizar e ser mais sólido. Os termos "pressão alta" e "pressão baixa" também têm a ver com isso.

  • Linha de passe

    É um filme e um programa de TV. Mas não só isso. Basicamente, o conceito define a troca de passes entre jogadores de um time sem que o adversário roube a bola. Existem linhas de passe seguras (geralmente quando os jogadores estão próximos uns dos outros) e linhas de passe inseguras (em bolas esticadas, por exemplo, é mais fácil a interceptação do adversário acontecer). Um jogador que abre linhas de passe é um jogador que se movimenta no espaço vazio para facilitar a criação de seu time.

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    Linha de 5

    Antes do jogo contra a Rússia, foi comum ouvir Tite dizer que o jogo era importante para testar o ataque da seleção brasileira contra uma linha de 5. O termo diz respeito à quantidade de jogadores que uma seleção escala na sua primeira linha, composta por laterais ou zagueiros. Assim, times que jogam no 4-4-2, no 4-2-3-1 ou no 4-1-4-1 atuam com linha de quatro, enquanto equipes que atuam no 5-3-2 ou no 5-4-1 são montadas com linha de cinco. Quem usa linha de cinco permite que os laterais enfrentem atacantes adversários que joguem pelo lado sem que espaços sejam abertos dentro da área graças à presença de um defensor extra. Entre os adversários do Brasil na primeira fase da Copa do Mundo, a Costa Rica usa linha de 5. Por isso a preocupação de Tite com o tema.

  • Perde e pressiona (ou Pressing)

    Quando uma equipe perde a posse de bola, é possível reagir de diferentes maneiras. Uma delas é retomar rapidamente o posicionamento defensivo, tentando ao máximo evitar contra-ataques. Outra é tentar apertar o adversário para tentar recuperar a bola no ato, aproveitando-se que seu posicionamento ofensivo ainda não está estabelecido. Este último comportamento é conhecido como perde e pressiona - ou, como Tite gosta de dizer, "pressing". O vídeo acima mostra lance do duelo entre Sport e Atlético-PR válido pelo Campeonato Brasileiro de 2015. Em ação pela equipe pernambucana, Hernane perde a bola, mas continua o movimento de progressão para pressionar o zagueiro adversário instantes depois. Como resultado, recupera a posse e finaliza, quase conseguindo marcar por meio do comportamento.

  • Pivote

    Termo bastante específico, pivote diz respeito a uma função tática que pode ser desempenhada por um meio-campista. Refere-se ao jogador mais defensivo do meio-campo de uma equipe, geralmente chamado de primeiro volante. O pivote, no entanto, atua de maneira mais posicional, plantado à frente dos zagueiros, protegendo-os em posses de bola defensivas e iniciando posses de bola ofensivas. Há primeiros volantes que podem jogar de maneira mais móvel, revezando-se com outros meio-campistas em subidas ao ataque. Em outras palavras, todo pivote é um primeiro volante, mas nem todo primeiro volante é um pivote. No vídeo acima, é possível ver o trabalho que Sergio Busquets, referência mundial na função de pivote, exerce durante jogo do Barcelona contra o Valencia.

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    Primeira e segunda bolas

    Diferentemente do que o termo leva a acreditar, primeira e segunda bola não têm nada a ver com a ordem das bolas que os gandulas jogam para dentro de campo, e sim de um conceito tático. Quando um goleiro ou zagueiro arrisca ou lançamento longo, geralmente um atacante e um defensor disputam a bola em um duelo aéreo. Essa é a "primeira bola", que será o ponto de princípio de uma posse para algum dos dois times. A disputa aérea costuma gerar um rebote, e o time que estiver melhor posicionado fica com ele. Esse rebote é a segunda bola, importante especialmente para uma equipe que usa bastante lançamentos longos.

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    Profundidade

    Assim como amplitude, profundidade é um termo que tem a ver com as medidas de um campo de futebol. Esta tem a ver com o "comprimento", que vai de um gol ao outro, paralelamente às linhas laterais. Um time que consegue dar profundidade consegue levar a zaga adversária em direção ao gol que defende, o que tende a abrir espaço para meio-campistas na entrada da área, por exemplo. O Palmeiras de 2018 ajuda a explicar o termo de maneira prática. O atacante Dudu, destro, costumava jogar pela esquerda. Com isso, driblava de maneira mais natural em direção ao pé bom, o que gerava deslocamentos em direção ao centro do campo. O técnico Roger Machado mudou seu posicionamento e passou a escalá-lo pela direita. Assim, quando dribla, o faz em direção à linha de fundo, dando mais profundidade ao time.

  • Propor o jogo

    Existem várias maneiras de se competir em um jogo do futebol. Existem equipes que adotam a postura de esperar o adversário para jogar em cima de seus erros. Há, por outro lado, times que tomam iniciativa. São esses que propõem o jogo, geralmente com trocas de passes em busca de espaços. O Barcelona de Pep Guardiola é uma das maiores exemplos do caso, assim como o Napoli de Maurizio Sarri. Acima, é possível ver gol do Grêmio, referência ao propor o jogo no Brasil, após longa posse de bola.

  • Ritmista (ou Regista)

    É comum ouvir Tite usar o termo "ritmista" para descrever alguns jogadores. Há, também, quem use o termo "regista" para o mesmo objetivo. São duas maneiras de se referir àqueles atletas que normalmente jogam centralizados e pensam o jogo, ditam o ritmo da equipe e a regem como um maestro. Esta é a origem dos termos. No vídeo acima, é possível ver Jadson, jogador costumeiramente chamado de ritmista por Tite, ditando o ritmo do Corinthians e medindo o momento exato de tentar passes para dentro da área.

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    Superioridade

    É comum ouvir técnicos e/ou comentaristas dizendo que determinado jogador se movimentou de determinada forma para gerar superioridade no quadrante. Trata-se de superioridade numérica, que tem como objetivo fazer o time progredir por meio de troca de passes e tabelas. Se em um determinado setor, por exemplo, um lateral, um meia e um atacante duelarem com três defensores adversários, a aproximação de um quarto jogador do time que ataca pode gerar superioridade. Com isso, um dos quatro teria a possibilidade de receber a bola livre e progredir com ela.

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    Terço final

    Uma equipe pode dividir o campo em três terços: o primeiro, que fica mais próximo ao gol que está defendendo, o segundo, que fica na região central, e o final, que fica mais próximo do gol que a equipe está atacando. Este termo costuma ser utilizado por atacantes, que dizem que arriscam mais dribles no terço final por se tratar de uma região em que perder a posse de bola é naturalmente menos perigoso. Também costuma ser dito por técnicos em entrevistas coletivas. Pep Guardiola, treinador do Manchester City, por exemplo, costuma dizer que monta esquemas táticos que levem seus jogadores ao terço final do campo. A partir dali, seus comandados ganham liberdade para improvisar e se movimentar livremente em busca do gol.

  • Transição

    Hoje em dia, há quem diga que o jogo de futebol se divide em cinco fases. Uma delas é o momento ofensivo, que se dá quando o time possui a posse de bola. A segunda é o momento defensivo, que se dá quando o time adversário tem a bola. Outras duas são transições entre os dois momentos: a transição ofensiva, que é o resumo dos comportamentos de um time que acaba de recuperar a bola, e a transição defensiva, que é o resumo dos comportamentos de um time que acaba de perder a bola. No vídeo acima, é possível ver a transição ofensiva do Botafogo e a transição ofensiva do Palmeiras. A quinta é última fase do futebol seria quando a bola está parada, como em cobranças de faltas e escanteios.

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    Triangulação

    Mais uma palavra que faz parte do vocabulário de Tite, triangulação significa a aproximação de três jogadores em um setor para que dali saiam passes e tabelas que ajudem a equipe a progredir. Durante as Eliminatórias, por exemplo, a seleção brasileira atuou com Marcelo como lateral-esquerdo e com Neymar como atacante aberto pelo lado. Renato Augusto, que jogava centralizado, encostava nos dois para triangular. O meio pode ser dito com Paulinho, que encostava em Daniel Alves, lateral-direito, e Philippe Coutinho, meia que atuava aberto pelo lado.

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    Winger (ou Externo)

    A maioria dos esquemas táticos modernos são montados para tentar utilizar os lados do campo, fazendo com que as defesas adversárias tenham uma área maior para cobrir e abram, ocasionalmente, mais espaços ao serem atacadas. Os jogadores de ataque responsáveis por explorar as laterais são chamados de winger ou de externos. Podem ser meio-campistas de origem, que ajudam a armar a equipe a partir do lado, ou atacantes, que partem para cima dos laterais adversários ou ataquem a área após cruzamentos do lado oposto. Têm semelhanças com o antigo "ponta", mas também têm maiores obrigações defensivas. Por isso a criação de novos termos para os jogadores que atuam na posição.

  • Zona de pressão

    Um time de futebol pode se defender de diferentes maneiras, fazendo-se valer de diferentes estratégias. É importante, entre outras coisas, determinar quais serão as zonas de pressão; em outras palavras, decidir em quais partes do campo os jogadores colocarão mais pressão no adversário na hora de roubar a bola. É possível, por exemplo, se planejar para fazer uma pressão baixa, o que significa esperar o oponente entrar no campo de ataque para pressioná-lo. Também é possível fazer uma pressão alta, como o Flamengo faz no vídeo acima, pressionando os jogadores do Corinthians no campo de ataque e conseguindo uma rápida finalização após roubada de bola.

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