Quem eram os jogadores que atravessaram o oceano de navio duas vezes, há pouco menos de um século, para garantir que o Brasil fosse o único país a se fazer presente em todas as Copas do Mundo? Quem eles enfrentaram? Quais eram os astros do futebol nas Copas de 1930, 34, 38 e 50, antes mesmo que a expressão “astros do futebol” existisse?

Um grupo de historiadores resolveu contar em figurinhas – febre do momento – como foram aqueles Mundiais. “Há nove anos a gente vem trabalhando para documentar fidedignamente as Copas do Mundo. Os álbuns tem 976 figurinhas, são três álbuns diferentes e ainda vamos lançar o de 1950. Cada algum tem um texto sobre a Copa, a participação do Brasil e todas as fichas dos jogos efetuados, com figurinhas em papel fotográfico autocolante”, conta Heriberto Ivan Machado, um dos idealizadores do projeto.

Ele, ao lado de Rogério Michailev, Luiz Fernando Evaristo e Armando Kolbe Junior, deram a “volta ao mundo” remontar àqueles tempos, buscando detalhes de seleções como a do Egito que jogou em 1934. “Nós encontramos imagens da Biblioteca de Alexandria. Tem o cara com um barrete e um terno com o distintivo do Egito. Eles foram muito gentis, a gente conseguiu as imagens. Identificamos os jogadores das Índias Orientais, a Indonésia hoje, de 1938. Achei um site chinês com aqueles caracteres todos e aí tinha uma foto do goleiro. E dentro do site tinham oito páginas com fotos dos jornais, com legenda. Identifiquei todo mundo”, se divertiu Machado.

Os historiadores procuraram as confederações nacionais em busca de ajuda, mas não obtiveram nenhuma resposta. “Escrevemos para Deus e o Mundo e ninguém respondeu. Conseguimos as imagens, falamos com alguns familiares”, contou o historiador, explicando que o arquivo consolidado de imagens é praticamente inexistente, uma vez que as confederações raramente têm registros daquele tempo. Claro, alguns poucos jogadores não puderam ser identificados. “Fotos que são muito pixeladas, que não tem como fazer figurinhas, a gente fez desenhos, mas não chega a 1% do todo”.

Os historiadores vendem os álbuns já com a coleção de figurinhas fechada. Cada álbum é vendido separadamente e pode ser personalizado na montagem das páginas, colocando as seleções por ordem de grupos ou alfabética. Heriberto explicou que não há problemas com direitos autorais, uma vez que já são mais de 70 anos dos fatos, que passou a ser de domínio público. Agora, eles trabalham na montagem do álbum de 1950. Cada coleção custa R$ 250 e pode ser comprada via e-mail (machado50h@gmail.com) com o próprio Heriberto, que envia por correio aos colecionadores, cobrando ainda o custo do envio.