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Medo da Rússia? EUA são maior comprador estrangeiro de ingressos para Copa

Torcedores apoiam seleção dos Estados Unidos em partida contra Trindade e Tobago - Ashley Allen/Getty Images
Torcedores apoiam seleção dos Estados Unidos em partida contra Trindade e Tobago Imagem: Ashley Allen/Getty Images

Daniel Lisboa

Colaboração para o UOL, em São Paulo

13/04/2018 04h00Atualizada em 14/04/2018 22h51

Aparentemente, os torcedores americanos não estão muito preocupados com os supostos riscos de viajar à Rússia. De acordo com o último levantamento divulgado pela FIFA, são eles quem mais compraram ingressos para a Copa do Mundo depois dos donos da casa: foram 16.462 até o início de abril. 

Os argentinos vêm em segundo lugar, com 15.006, seguidos da Colômbia (14.755), México (14.372), Brasil (9.962), Peru (9.766), China (6.598) e Alemanha (5.974). 

Os dados são curiosos pelo fato de os Estados Unidos não estarem classificados para a competição e, principalmente, pelo acirramento das tensões diplomáticas entre a Rússia e o Ocidente. A situação recrudesceu com o ataque realizado, nesta sexta (13), por americanos, britânicos e franceses contra instalações sírias na capital Damasco e na cidade de Homs.

Tal ação pode resultar em drásticas consequências, uma vez que a Rússia é aliada do ditador sírio Bashar al-Assad. Nos últimos dias, tem sido recorrentes declarações de especialistas e políticos dizendo que a relação entre russos e ocidentais é a mais delicada desde a Guerra Fria, se não estiver pior.

Em novembro do ano passado, o presidente russo Vladimir Putin disse, durante uma conferência de militares em Sochi, que a indústria local deveria estar preparada para possíveis esforços de guerra. 

Em mais um capítulo dessa novela, um membro sênior do governo americano, que não quis ser identificado, teria dito esta semana ao jornal britânico Daily Telegraph que torcedores americanos e britânicos devem pensar "duas vezes" antes de embarcarem para o Mundial.

O principal motivo seria a reduzida capacidade dos consulados em fornecer assistência depois da expulsão de diplomatas de 23 países na última semana de março. Entre eles, 60 diplomatas americanos e 23 britânicos foram obrigados a deixar a Rússia.

"Não teremos a mesma capacidade de proteger nossos cidadãos ou mesmo lidar com as tarefas consulares rotineiras", teria afirmado a fonte do veículo britânico.

Em janeiro, o Departamento de Estado americano já havia dito formalmente para seus cidadãos evitarem a Rússia. A sede da próxima Copa do Mundo entrou na categoria 3 no índice de periculosidade. Está junto de países como Burundi, Haiti e Paquistão. Ou seja, teoricamente é menos perigosa apenas que os países listados na categoria 4. Para estes, o conselho é claro: não viaje. Estão nela Afeganistão, Sudão do Sul e, claro, Coreia do Norte. 

No caso da Rússia, a sugestão é a de “reconsiderar a viagem” por conta do risco de “terrorismo” e “assédio”. Para algumas regiões específicas, porém, a dica é simplesmente não fazer a viagem: o norte do Cáucaso e a Criméia seriam lugares onde definitivamente um americano não deve colocar os pés.

A embaixada russa nos Estados Unidos não deixou barato. Em comunicado publicado segunda (09) no Facebook, disse, com certa ironia, que “não considera” os avisos americanos e britânicos como uma “preocupação excessiva com a segurança de seus cidadãos”. Para a embaixada, trata-se, na realidade, de “preocupação com o grande número de americanos e ingleses que irão desfrutar da Rússia, suas cidades e seu povo”.

“Com certeza há uma ameaça. A ameaça de uma parte significativa da população ocidental parar de acreditar na propaganda diária anti-Rússia”, completou a embaixada.

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