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Copa 2018

Meia cortado para dar vaga a Guerrero no Peru é parente do atacante do Fla

Reprodução/Instagram
Imagem: Reprodução/Instagram

Ana Carolina Silva e Vanderson Pimentel

Do UOL, em São Paulo

05/06/2018 04h00

Se você torceu para que Paolo Guerrero pudesse jogar a Copa do Mundo, é possível que esteja mais satisfeito com a resolução do caso que a família do próprio jogador. Os peruanos estão alegres com a decisão da Justiça suíça, mas uma parte da família do atacante está dividida entre felicidade e frustração.

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Depois da vitória por 3 a 0 sobre a Arábia Saudita, o meia Sergio Peña foi o último nome cortado por Ricardo Gareca para dar lugar ao capitão da seleção. A dramaticidade dos últimos dias em relação à pena de Guerrero fez com que o técnico argentino optasse por deixar fora justamente o sobrinho de segundo grau do atacante do Flamengo.

O meia de 22 anos é filho de Claudia Flores, prima de Guerrero. Revelado pelo Alianza Lima, mesmo time em que o tio atuou nas categorias de base, Peña estreou no futebol profissional com apenas 16 anos, em 2012. Vendido ao Granada dois anos depois, o jovem jogador foi emprestado ao próprio Alianza e ao Universidad de San Martín de Porres, antes de voltar ao Granada em 2017.

Ano promissor

A frequência de jogos pelo Granada na temporada 2017/2018 mostra que Peña tem a aprovação do técnico José Luis Oltra: dentre as 38 partidas da equipe na Liga Adelante, a segunda divisão espanhola, o meia jogou 19 – foram 14 como titular.

Um jogo específico marcou o ano do peruano para o bem e para o mal: no dia 3 de fevereiro, fez o gol da vitória por 2 a 1 sobre o Tenerife em casa, no Estádio Nuevo Los Cármenes. No entanto, quando se encaminhava para uma substituição aos 38 do segundo tempo, com a torcida cantando seu nome, Peña demorou para sair, recebeu o segundo amarelo e foi expulso.

Apesar de ter ido do céu ao inferno em 90 minutos, a atuação rendeu elogios nos jornais espanhóis, que foram devidamente reproduzidos pela imprensa peruana. Na ocasião, o As o tratou como “titular indiscutível para Oltra” e ainda assegurou que o atleta disputaria o Mundial pelo Peru.

“A melhor notícia dos últimos jogos do Granada se chama Sergio Peña, já que o meia peruano se converteu em um dos melhores jogadores do time. Em cada passe, domínio e cada chute ele mostra que é diferente, com uma classe inalcançável para a maioria”, continuou o jornal de Madri.

Camisa 10 da seleção nas categorias de base, Peña fez sua estreia pela seleção no início de 2017, durante as Eliminatórias. Na ocasião, o jogador chegou a postar uma foto ao lado do tio. "Um sonho cumprido. Grande exemplo de pessoa e de profissional. Ídolo. A família sempre acima", escreveu, em seu Instagram.

Reserva em cinco dos seis jogos em que atuou com a camisa do Peru, o meia teve atuações discretas. A dúvida de Gareca era entre levar Peña ou Wilder Cartagena, volante do Veracruz. A decisão ficou mais clara justamente no amistoso contra a Arábia Saudita, em que o jogador do Granada perdeu uma chance clara de gol.

Decepção e amor familiar

"Estou vivendo o momento mais difícil da minha carreira e sentir que não fiz o suficiente para poder estar no melhor torneio do mundo e representar o meu país da melhor maneira, de que amanhã despertarei com mais forças que nunca e seguirei com o que mais amo da melhor maneira. Quero agradecer a todo o Peru, que me apoiou enquanto participei com a seleção [...]. Sei que terei minha revanche. Vamos Peru!", escreveu Peña após ser cortado.

Poucas horas após a divulgação da lista, o tio postou uma foto ao lado de Peña e deu todo o suporte possível ao sobrinho. "Não há tempo para que fique triste. Tome isto como uma revanche. Mire positivamente e trace seus objetivos pessoais no futebol e concentre-se onde quer que esteja. O futebol dá muitas voltas. Estou seguro que você vai voltar. Sabemos do talento e da qualidade que você tem. Futebol é assim, cheio de alegrias e tristezas”, escreveu Guerrero. “Estaremos sempre te apoiando. Te amo muito", completou.

Procurada pelo UOL Esporte, a mãe de Sergio Peña optou por não se aprofundar no assunto familiar. Segundo Claudia, a saída do meio-campista para a entrada de Guerrero foi apenas uma opção técnica da comissão peruana. "A nossa família e os vínculos continuam iguais", afirmou.

Apesar da decepção por estar fora da lista dos 23 jogadores que representarão o Peru numa Copa após 36 anos, Peña ainda terá tempo para se recuperar. Jovem, o atleta mostrou estar disposto a buscar sua vaga nos próximos quatro anos. Para os jogos contra Austrália, França e Dinamarca restou ao meia, porém, ser mais um a torcer pelo tio Guerrero, que "tirou" sua vaga do Mundial, e seus companheiros de seleção.

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