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Copa 2018

Seleção cria barreira com torcida e só se abre ao público por força da Fifa

Neymar e Tite atendem os poucos torcedores que tiveram chance de ver a seleção de perto em um treino, ainda na Granja Comary - Pedro Martins/Mowa Press
Neymar e Tite atendem os poucos torcedores que tiveram chance de ver a seleção de perto em um treino, ainda na Granja Comary Imagem: Pedro Martins/Mowa Press

Danilo Lavieri, Dassler Marques, João Henrique Marques Pedro Ivo Almeida e Ricardo Perrone

Do UOL, em Sochi (Rússia)

11/06/2018 22h07

Após a boa vitória sobre a Áustria no último domingo (10) e uma folga geral na segunda-feira (11), a seleção brasileira volta a treinar nesta terça. Já em Sochi, na Rússia, a atividade terá uma dinâmica diferente de todas as que aconteceram até a agora, na preparação para a Copa do Mundo. Pela primeira vez desde que o grupo se reuniu na Granja Comary, em 20 de maio, o treinamento será aberto ao público.

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Marcado para o centro de treinamento localizado exatamente ao lado do hotel que serve de concentração para a delegação, o evento contará com a participação de moradores locais e de alguns torcedores brasileiros que moram na região de Krasnodar, onde fica Sochi.

Será o primeiro contato mais direto entre uma seleção distante de seu público com os fãs. Nas três primeiras semanas de treinamento do time de Tite, poucos felizardos tiveram a chance de manter um contato mínimo com Neymar e cia.

E isso não ocorrerá por uma decisão da CBF. O rompimento da barreira entre seleção e torcida só irá acontecer por uma determinação da Fifa. O protocolo da Copa do Mundo exige que cada time faça ao menos um treino aberto antes da estreia no Mundial, com data e local definidos pela entidade máxima que controla o futebol.

Em Teresópolis, onde a equipe ficou por seis dias, apenas patrocinadores e cerca de cem moradores do condomínio onde fica a Granja Comary se aproximaram dos atletas.

No último dia de treino aberto no local, uma verdadeira confusão tomou conta do CT na serra fluminense. Crianças chorando, invasões e gritos de “7 a 1” deram o tom da revolta do torcedor que não conseguia chegar perto dos ídolos.

Em Londres, o isolamento foi total no CT do Tottenham, que não dava nenhum acesso para torcida. Em Viena, no último fim de semana, onde houve uma maior aglomeração de admiradores na porta do hotel da delegação, o ônibus que levava jogadores e comissão técnica “fugiu” do povo. O grupo entrou no local por uma entrada alternativa, frustrando algumas centenas de pessoas.

Na chegada à Sochi, novo planejamento de segurança para evitar a torcida. O grupo não teve nenhum contato com o público do momento que desceu do avião até a chegada ao hotel. Somente uma pequena recepção dos recepcionistas e garçons do local marcaram a noite do desembarque na cidade.

O contato desta terça será algo raro. Ainda que a Fifa permita outros treinos abertos, a interação entre time e torcida não deverá ocorrer mais durante a passagem da seleção brasileira pela Rússia. Buscando cada vez mais privacidade, a comissão técnica do Brasil não prevê outras atividades com presença de público.

Campanha com torcida

Seleção treinando com arquibancadas vazias - Lucas Figueiredo/CBF - Lucas Figueiredo/CBF
Seleção treina diante de arquibancadas vazias em Viena: rotina na preparação para a Copa do Mundo 2018
Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

As atitudes acabam se opondo à ideia defendida pelo marketing da CBF. Uma campanha lançada ainda em 2017, após a confirmação da classificação para a Copa, exaltava a ligação entre os jogadores e o povo: “Torcida e seleção. Gigantes por natureza”. Tal sintonia, no entanto, só poderá ser verificada nos estádios. E não exatamente por brasileiros, minorias nos jogos.

Nem mesmo a ideia de realizar um jogo no Brasil antes do embarque para a Europa foi levada adiante. A “partida de despedida”, como vinha sendo chamada, ficou só no campo da ideia, uma vez que a comissão técnica optou por poupar o elenco nos primeiros dias de preparação.

“Claro que gostaríamos de estar perto do torcedor, mas avaliamos com a comissão e optamos pelos jogos apenas na Europa. Seria melhor do ponto de vista da preparação física”, defendeu Edu Gaspar, ao comentar o caso ainda no início da jornada pré-Copa.

Após o treino desta terça, o Brasil ainda terá mais quatro sessões de preparação até a estreia, no domingo (17). Na quarta e na quinta, a imprensa poderá acompanhar parcialmente. Na sexta, a ideia é que a atividade seja fechada por completo. No sábado, véspera do duelo contra a Suíça e já em Rostov, a Fifa orienta que ao menos 15 minutos possam ser registrados por câmeras e repórteres.

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