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Copa 2018

Seleção curte anonimato na praia e convive com show e churrasco de vizinhos

Danilo Lavieri, Dassler Marques, Pedro Ivo Almeida e Ricardo Perrone

Do UOL, em Sochi

12/06/2018 04h00

No primeiro dia na Rússia, os jogadores da seleção brasileira desfrutaram de uma folga com direito a praia privativa praticamente sem serem incomodados por fãs. No fim do dia de descanso, porém, ganharam vizinhos barulhentos movidos a show musical e churrasco a poucos metros de seus aposentos.

Os cenários distintos refletem o ambiente diversificado que os comandados de Tite encararam no começo de suas estadas no Swissôtel Resort, em Sochi, balneário frequentado por russos endinheirados.

A maioria dos atletas aproveitou boa parte da folga na praia exclusiva do hotel. Ao local de mar calmo só tem acesso quem passar o mesmo cartão que abre as portas dos quartos para destrancar um portão.

Quase todos os hóspedes pareciam ignorar a presença de frequentadores tão famosos. Isso apesar de o resort fazer questão de divulgar a hospedagem de uma das equipes favoritas ao título da Copa da Rússia. Já do lado de fora, uma grande placa anuncia o local como casa da seleção brasileira.

Dentro, bexigas com as cores da seleção e um painel com uma bola de futebol verde e amarela também lembram os hóspedes famosos. A seleção ainda estampa o material publicitário dentro dos quartos.

“Neste prédio ao lado está o time de futebol do Brasil. Eu nem vejo os jogadores, eles ficam protegidos o tempo todo”, diz Sergey, simpático funcionário ao apresentar o hotel para novos visitantes. Um rápido giro pelo resort, no entanto, mostra que o solícito senhor se referia apenas à ala em que ficam os quartos dos atletas.

Churrasco a céu aberto alimenta vizinhos da seleção brasileira em Sochi - Ricardo Perrone/UOL - Ricardo Perrone/UOL
Churrasco a céu aberto alimenta vizinhos da seleção brasileira em Sochi
Imagem: Ricardo Perrone/UOL

Logo de cara é possível ver Cássio com seus longos cabelos molhados voltando da praia. Já perto do mar, um grupo de jogadores se reúne numa das diversas cabanas que ficam antes das pedras próximas à água. Thiago Silva, Marquinhos, Renato Augusto, Casemiro, Neymar e Filipe Luís estão entre eles.

Dois seguranças sentados perto das cabanas vigiam a área. Nem precisavam estar lá. Ninguém tenta se aproximar ou demonstra curiosidade. Na verdade, quase ninguém. Uma jovem loira observa o grupo à distância.

Praticamente só se ouve russo entre os banhistas que tomam sol ou bebericam na tarde em que o termômetro instalado lá pelo hotel marca 30 graus. A temperatura da água do mar está em 22 graus e a da piscina em 28 graus.

Quem fala português só entende alguma coisa quando no meio da conversa entre os salva-vidas o nome do camisa dez da seleção é falado. “Neymar, Neymar”, também diz um menino que corre com amiguinhos por uma das áreas do hotel ao ver o craque numa das poucas quebras do surpreendente anonimato das estrelas brasileiras.

Depois da praia, alguns aproveitaram para sair. Foi o caso da dupla de corintianos formada por Cássio e Fagner. O cenário no saguão é multifacetado. Desfilam jogadores, membros da comissão técnica, jornalistas, dirigentes, homens, mulheres, crianças e, vez por outra, uma hóspede de roupão.

Passa um jogador e deixa seu perfume pelo corredor. Em seguida, a fragrância se mistura à de uma hóspede perfumada que transita com seus filhos na sequência. E nada de silêncio. São comuns correria, gritaria e choro de crianças no lobby.

Mais de 20h e ainda não escureceu completamente. O clima agora é festivo. Enquanto poucos hóspedes ainda aproveitam a piscina, um vibrante cantor faz seu show tendo a sacada dos quartos da seleção brasileira como moldura.

Para compor o ambiente há uma boa dose de fumaça. Ela sai de uma churrasqueira usada ao ar livre para matar a fome dos turistas. Enquanto isso, a poucos metros dali, membros da delegação brasileira que estão no hotel jantam num salão vigiado por dois seguranças russos com cara de poucos amigos.

A festança não vai longe. Por volta das 22h o show já tinha acabado. O saguão do hotel começa a se transformar. Um bar serve vodca e outras bebidas. As crianças já não estão por ali. Nem sinal dos atletas brasileiros. Além de não se misturarem aos visitantes, eles têm compromisso na manhã seguinte. É o dia do primeiro treino na terra da Copa.

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