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Brasil volta a ter "quadrado mágico". E com ele, o dilema da ofensividade

Quarteto ofensivo com o reforço de Paulinho, o volante que joga como "pivô" - Pedro Martins / MoWA Press
Quarteto ofensivo com o reforço de Paulinho, o volante que joga como "pivô"
Imagem: Pedro Martins / MoWA Press

Danilo Lavieri, Dassler Marques, João Henrique Marques, Pedro Ivo Almeida e Ricardo Perrone

Do UOL, em Sochi (Rússia)

13/06/2018 21h00

Doze anos depois de viver a esperança de um quadrado mágico campeão da Copa do Mundo, o Brasil de Tite volta a depositar as suas fichas em um time com quatro jogadores muito ofensivos. Se, em 2006 Parreira escalou uma seleção com Kaká, Ronaldinho, Ronaldo e Adriano, em 2018 Tite escolheu uma linha de frente com Philippe Coutinho, Willian, Neymar e Gabriel Jesus, escalação confirmada nesta quarta. A opção do comandante reedita o mesmo dilema da época: será que o time é firme defensivamente?

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Existe uma grande diferença entre as duas equipes, muito por conta da evolução tática do futebol. Há mais de uma década, era comum que a responsabilidade de marcação ficasse muito mais com os dois volantes, com os meias responsáveis apenas por um primeiro combate. Hoje, com Tite, Gabriel Jesus tem muito mais responsabilidade defensiva que tinham os camisas 9 daquela época, e isso se estende aos seus companheiros.

Durante os treinos, o técnico sempre repete a importância que tem a volta de Willian, Neymar e Philippe Coutinho. Os dois primeiros acompanham a primeira saída do adversário pelas pontas e protegem os laterais, enquanto o terceiro tem a responsabilidade de “fechar pelo meio”, como diz o jargão do futebol, alinhado a Paulinho no sistema 4-1-4-1. 

Também pelo trabalho de todos, é possível que o Brasil de Tite tenha um volante muito mais ofensivo na sua formação. Paulinho é chamado de “pivô” pelos companheiros, de tanto que aparece na área. Com sete gols, ele é o terceiro artilheiro da nova era da verde e amarela, só atrás de Jesus e Neymar. Em 2006, ainda que aparecesse no ataque, Zé Roberto ficava muito mais preso, atrás do “quadrado mágico”.

Pelo menos por enquanto, tem dado certo. O Brasil com o atual treinador tem 21 jogos, com 17 vitórias, três empates e só uma derrota, com apenas cinco gols sofridos.

Outra diferença entre os dois quartetos fica por conta da mobilidade. Para a Copa da Rússia, a escalação apresenta muito mais velocidade e capacidade de revezamento entre eles nas respectivas posições. Willian, por exemplo, pode jogar pelos dois lados. Neymar sempre atua pela esquerda, mas, em determinado momento do jogo, pode trocar de ala. Também há um revezamento com Gabriel Jesus, que eventualmente retorna pelos lados para dar respiro ao principal nome do Brasil.

Em 2006, foi justamente a mobilidade que fez o Brasil abandonar o quadrado mágico justamente na hora H. Nas quartas de final contra a França, Parreira tirou Adriano e colocou Juninho Pernambucano, avançando Ronaldinho Gaúcho, que ficava mais próximo à função que exercia no Barcelona naquela época. Emerson, mais estático, foi substituído por Gilberto Silva. Não adiantou nada.

Em 2018, Tite tem a opção de fechar mais a sua equipe com a entrada de Fernandinho. Com a troca, apesar de ganhar bastante na segurança defensiva, perde muito na criação. Não à toa, testou o esquema por 45 minutos contra a Croácia, mas não aprovou.

Ainda assim, o técnico tem receio de manter o seu 4-1-4-1, especialmente nos jogos de mata-mata, contra equipes mais fortes. No amistoso de março contra a Alemanha, por exemplo, também optou por Fernandinho. Na ocasião, diz que seu time “soube sofrer”, como gosta de dizer, e ganhou com um gol de Gabriel Jesus. Os meias Renato Augusto e Fred são alternativas trabalhadas para, durante o Mundial, darem maior equilíbrio ao time, se necessário.