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Copa 2018

CBF é tratada como traidora na Conmebol por voto no Marrocos

Coronel Nunes durante tour de imprensa na Granja Comary em maio - Mauro Pimentel/AFP
Coronel Nunes durante tour de imprensa na Granja Comary em maio Imagem: Mauro Pimentel/AFP

Rodrigo Mattos

Do UOL, em Moscou

13/06/2018 16h57

A CBF passou a ser tratada como traidora dentro da Conmebol após o presidente da confederação nacional, Coronel Nunes, votar no Marrocos na escolha da sede do Mundial-2026. A decisão também pegou mal entre outros membros da entidade brasileira e com os integrantes da candidatura dos EUA, México e Canadá. Há a possibilidade de esse voto afetar as relações para organização da Copa América, tanto a de 2019 como das edições seguintes.

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Todas as federações nacionais da Conmebol tinham fechado a decisão de votar na candidatura tríplice da América do Norte. Essa opção foi declarada em reunião no início do ano e reforçada em encontro no Conselho da Conmebol na segunda-feira.

No entanto, durante a votação, a CBF foi a única das dez federações nacionais da América do Sul que votou no Marrocos. O Coronel Nunes foi o responsável pelo voto, embora estivesse acompanhado de dois presidentes de federações.

Logo após a votação, ele manifestou simpatia com o Marrocos, mas quis ressaltar que o voto era secreto. Não era. Imediatamente após a divulgação do voto, começou a revolta de cartolas sul-americanos, da América do Norte e até da CBF.

O presidente da Conmebol, Alejandro Dominguez, cobrou diretamente o representante brasileiro na entidade, Fernando Sarney. Foi usada a palavra traição na conversa. Outros dirigentes da cúpula da confederação também usaram palavras duras. Sarney, no entanto, foi pego tão de surpresa quanto os outros dirigentes da Conmebol e teve que explicar um voto do qual discordava.

Questionado por jornalistas brasileiros, Dominguez demonstrava clara irritação, mas não quis falar sobre o assunto. "De mim vocês não vão tirar uma palavra", disse, se esquivando. Outros dois dirigentes sul-americanos procurados demonstraram surpresa e descrença na CBF.

Confrontado, o Coronel Nunes inicialmente alegou que tinha se atrapalhado e votado errado. Posteriormente, admitiu que apoiou o Marrocos por vontade própria porque é um país que nunca recebeu uma edição de Copa. Pelo menos foi o que afirmou aos seus pares. Repetiu assim o discurso feito a jornalistas em entrevista.

Outro prejudicado foi o futuro presidente da CBF, Rogério Caboclo, que foi aos encontros da Fifa para se articular e conquistar espaço. Acabou entrando no meio de um tiroteio com a CBF como alvo. Lembre-se que foi o ex-presidente da CBF Marco Polo Del Nero, padrinho da eleição de Caboclo, quem quis colocar Nunes como presidente em seus afastamentos por corrupção.

Além da Conmebol, o chefe da candidatura dos EUA, México e Canadá também foi cobrar dirigentes da CBF. Quis saber porque a entidade não cumpriu com sua palavra.

A Conmebol articula uma Copa América conjunta com EUA, México e Canadá a partir de 2020. As negociações tinham esfriado após um desacordo, mas estavam andando. Agora, tendem a estagnar.

Mais um efeito deve ser sentido na organização da Copa América-2019. Conmebol e CBF têm de se articular para estruturar o torneio e decidir sedes. A relação entre as partes deve se complicar. Outro ponto importante para se manter próximo da Conmebol são decisões sobre a Libertadores e os interesses dos clubes.

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