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Lateral da Rússia, Mário Fernandes diz que "saía e bebia muito" no Brasil

Marcel Rizzo

Do UOL, em Moscou (Rússia)

14/06/2018 16h25

O primeiro brasileiro a entrar em campo na Copa do Mundo da Rússia não foi Neymar ou Philippe Coutinho. Mário Fernandes tem 27 e nasceu em São Caetano, na região metropolitana de São Paulo. Naturalizado russo desde 2016, estreou em mundiais nesta quinta-feira com a goleada por 5 a 0 dos donos da casa sobre a Arábia Saudita. 

Para quem não conhece, ele é lateral pelo lado direito. Sim, a mesma posição de Daniel Alves e que é a maior carência do Brasil que está disputando o torneio. Não é um absurdo pensar que ele teria chance no time de Tite. A recusa de uma convocação em 2011, porém, o tirou para sempre do time da CBF. Algo que ele admitiu, agora, ter se arrependido.

"Não que eu quisesse estar lá [na seleção brasileira], queria estar aqui, na Rússia, que me acolheu muito bem. Mas me arrependo de não ter me apresentado naquele dia. Hoje teria feito diferente", disse Fernandes após a vitória russa.

O motivo nunca foi explicado, e ele continua sem explicar. Fala só em problemas particulares. Mas o lateral, então no Grêmio, não atendeu o chamado do técnico Mano Menezes para um jogo de torneio amistoso contra a Argentina. Na partida anterior, contra os mesmos argentinos, ele se apresentou, mas ficou no banco e não foi utilizado. "Isso não tem relação. O que acontece é que agora sou um cara que está amadurecido, pode perguntar para quem você quiser que eu não faço aqui na Rússia o que fazia antigamente".

Mas o que Mário Fernandes fazia antigamente e de que também se arrepende? "Todo mundo sabe que no meu tempo de Porto Alegre eu saía muito, bebia. Hoje não faço mais. Aprendi muito, estou mais maduro. O futebol cresce com isso também. Por isso digo que, se voltasse no tempo, teria me apresentado ao Brasil".

Ele não acha que teria vaga, por exemplo, na seleção de Tite para a Copa de 2018. O Brasil perdeu o titular, Daniel Alves, machucado pouco antes da convocação final, e tem no elenco Danilo e Fagner, que, como Mário, estreiam em Copas. "São todos grandes jogadores. Estou aqui na Rússia, eles lá. Agradeço por ter sido bem acolhido aqui, conseguimos excelente vitória em casa", afirmou.

Apesar de morar há seis anos em Moscou, onde joga no CSKA desde que foi vendido pelo Grêmio, não fala a língua local. "É muito difícil", afirmou. "Mas, apesar de não entender, foi demais ver a torcida hoje apoiando, gritando".

Mário não acha que vai morar o resto da vida na Rússia, acha que volta ao Brasil. E, se puder encerrar a carreira por lá, já escolheu seu time: o São Caetano, da cidade onde nasceu e onde jogou na base. "Por enquanto, não penso em voltar ao Brasil. Mas quem sabe dá certo".

A única coisa que ele tem certeza é que nunca vai revelar o real motivo por não ter se apresentado à seleção brasileira naquele 2011. Talvez, se tivesse, sua estreia em Copas do Mundo não teria sido nesta quinta, mas no domingo, contra a Suíça.

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