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Argentina na Copa terá a cara do campeão da Sul-Americana

Jorge Sampaoli falou na véspera da estreia da Argentina - REUTERS/Maxim Shemetov
Jorge Sampaoli falou na véspera da estreia da Argentina Imagem: REUTERS/Maxim Shemetov

Marcel Rizzo

Do UOL, em Moscou (Rússia)

15/06/2018 16h32

Jorge Sampaoli assumiu a Argentina há pouco mais de um ano. E, na véspera da estreia na Copa do Mundo, contra a Islândia, 10h de Brasília desta sexta (16), ainda falava sobre a busca de uma identidade para a seleção.

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Uma equipe que depende, claro, muito de Lionel Messi, seu craque. E que fez Sampaoli , há algumas semanas, dar uma de suas frases preferidas pelos argentinos no pré-Copa: de que pelo pouco tempo que teve para trabalhar, esse time era do camisa 10, não dele.

Mas nada que o impeça de tentar achar uma formação ideal que encaixe Messi e a alma argentina que todos querem. E sua inspiração veio de uma equipe que não é exatamente o modelo que eu ou você escolheríamos para um evento tão grande quanto a Copa do Mundo: o Independiente.

Para enfrentar a Islândia, o lateral-esquerdo Nicolás Tagliafico, vendido ao Ajax no ano passado, e o meia-atacante Maximiliano Meza serão titulares. Se você lembrar que o time terminou em sexto o último Campeonato Argentino, atrás de Boca Juniors e San Lorenzo, e que, na Libertadores, apesar de classificado, terminou em segundo o seu grupo, é preciso questionar: o que esse time tem para chamar tanto a atenção de Sampaoli.

Independiente na final da Copa Sul-Americana de 2017 - Thiago Ribeiro/AGIF - Thiago Ribeiro/AGIF
Independiente na final da Copa Sul-Americana de 2017
Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF

E a resposta está em um título de 2017 de um torneio secundário, mas que muitos brasileiros devem lembrar: a Copa Sul-Americana, em que o Independiente bateu na final o Flamengo. "Tem muito a ver com a atitude valente dessa equipe do Independiente. Eu vi, analisei a equipe, Max [Meza], Taglia, e desfrutei. Uma equipe que não tinha nenhum medo de pressão e sabia jogar em cada campo com a grandeza que tem", disse Sampaoli.

Este é o ponto que explica, muito, o uso de dois jogadores de um time que não é sensação nem na Argentina: aguentar a pressão.

Isolados

Por que a paz e quase unanimidade que cercam Tite e a seleção brasileira são o oposto do vivido por Jorge Sampaoli e Argentina. Resultados ruins (como a goleada por 6 a 1 pra Espanha, em março), Messi, como sempre, pressionado para jogar bem na seleção e mudanças na convocação por lesões (Romero e Lanzini cortados) levaram os argentinos a bolar uma estratégia para isolar seus atletas da tensão pré-Mundial.

"A palavra pressão é algo recorrente nesse nosso tempo. A Argentina tem que jogar, entender a pressão, sair de qualquer pressão, porque tem a possibilidade de ter um rendimento alto", afirmou.

Com base em uma cidade a 40 km de Moscou, Bronnitsy, a Argentina optou por um centro de treinamento em que hospedagem e hotel estão no mesmo espaço, diferentemente de outras seleções, como Alemanha e França, por exemplo, que precisam se deslocar. E gostaram tanto do lugar que já avisaram à Fifa que não farão nenhum dos tradicionais reconhecimentos dos estádios na véspera das partidas.

Nesta sexta (15), um dia antes da estreia contra a Islândia, no Spartak Stadium, às 10h de Brasília de sábado (16), só dois argentinos foram ao campo: Sampaoli e o lateral Tagliafico. A entrevista oficial no palco do confronto é uma exigência da Fifa, mas o treino, não. Por isso que, pela manhã, os argentinos trabalharam mesmo em Bronnitsy, com apenas os primeiros 15 minutos abertos à imprensa.

Desde que chegaram à Rússia, dia 9 de junho, somente três jogadores deram entrevista, incluindo Tagliafico. No centro de treinamento, apenas Guzmán e Caballero falaram até agora. Os dois são goleiros. Uma estratégia parecida com a usada pelos argentinos em 2014, na Copa do Brasil, quando mandava o terceiro goleiro às entrevistas coletivas pré-jogo para evitar multas. Mesmo assim, acabou tendo que pagar R$ 750 mil por, em três partidas, ter ignorado essa exigência.

Messi, como sempre, está protegido. Não dá entrevistas, não aparece perto de torcedores para dar autógrafos, ou seja, o assédio é zero. Para se aproximar um pouco mais dos torcedores argentinos, que muitas vezes o acusam de ser mais espanhol do que argentino, por ter ido ainda garoto ao Barcelona, ele decidiu escrever a um jornal de seu país alguns textos durante a Copa. Tudo por apoio.

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